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Balanço final de temporada de chuvas mostra situação preocupante

O curso de Geografia da UEG – Unidade de Iporá, por meio do Laboratório de Climatologia, coordenado pelos professores Me. Washington S. Alves e Me. Valdir Specian, juntamente com seus monitores José Helder Ferreira e Fernanda Sousa S. Cardoso informam a sociedade de Iporá e região sobre distribuição dos volumes mensais de chuva neste período chuvoso de 2020/2021. 

Os acumulados mensais de chuva registrados em setembro/20 (início do período chuvoso) até janeiro/21 ficaram abaixo do limite mínimo previsto para a região, ou seja, choveu abaixo do que era esperado para a região. Cabe ressaltar que os limites máximos e mínimos de cada mês foi gerado estatisticamente, levando em consideração uma série histórica de 45 anos, entre 1975 e 2019. No mês de abril também foi registrado volume de chuva abaixo do mínimo previsto para a região. 

Na Figura 1 é possível identificar a variação dos totais mensais de chuva, ocorridos entre os meses setembro/20 e maio/21. A linha preta pontilhada representa a média histórica de chuva em cada mês, a linha azul representa o limite superior e a linha vermelha o limite inferior. As colunas azuis são os totais de chuva registrados em cada mês, desde setembro de 2020 até maio de 2021, referente as estações da primavera (set-out-nov), verão (dez-jan-fev) e outono (mar-abr-mai). Essas estações do ano abarcam o início e o fim do período chuvoso na região. 

Os limites, representados pelas linhas azul e vermelha, servem para demonstrar a faixa, considerada normal, para oscilação dos volumes mensais de chuva de cada mês, ou seja, demonstram até que ponto valores acima ou abaixo da média são considerados como normais. Nesse sentido, quando os valores de chuva ultrapassam o limite superior (linha azul) significa que ocorreu um volume de chuva elevado acima do normal e quando os valores são abaixo do limite inferior (linha vermelha), indica que choveu pouco, abaixo do normal, conforme é possível ser identificado na Figura 1. 

As previsões apontavam para um período chuvoso abaixo do normal. O Instituto Nacional de Meteorologia enfatizou que teríamos volumes de chuva na ordem de 45% a 60% abaixo do normal para os meses de setembro, dezembro de 2020 e janeiro de 2021. Para o mês de outubro era previsto um volume de chuva de 50% a 60% acima do normal e em novembro entre 35% a 40% abaixo do normal.

Os totais mensais de chuva, registrados na estação meteorológica da UEG de Iporá, demonstraram que no mês de setembro/20 choveu -7,6 mm. Esse volume de chuva ficou 70,43% abaixo do limite mínimo (25,7 mm) aceito como normal para a região. Isso correspondeu a um déficit de -18,1 mm de chuva, ou seja,à 18,1 litros de água a menos em cada m² da superfície. Nos meses de dezembro e janeiro houve reduções na ordem de 41,4% e 25,8%, um pouco abaixo do que era previsto pelo INMET. Em outubro era previsto um com volumes de chuva acima da média, porém o total de chuva ficou 26,1% abaixo do limite mínimo. Como era previsto, em novembro houve redução de 14,8% em relação ao limite mínimo. Na Tabela 1 está uma síntese dos valores de cada mês.

Em dezembro de 2020 foi registrado o menor volume de chuva dos últimos 45 anos, 140,1 mm. Anteriormente o menor valor havia sido registrado no ano de 1985 (145,6 mm de chuva). 

Durante os meses de fevereiro e março de 2021 o volume de chuva foi dentro da normalidade, no entanto, é importante frisar que o volume registrado nesses meses não compensa a falta de chuva que ocorreu nos meses antecessores. 

O cenário previsto pelo INMET consistia numa redução entre 40% a 60% do volume de chuva esperado para os meses de fevereiro/21 e abril/21. Para março/21 havia a previsão de chuva entre 45% e 60% acima do normal, conforme a Figura 2.

No entanto, foi verificado na Figura 1 que em fevereiro o volume de chuva não ficou abaixo do limite mínimo aceitável. No mês de março o volume de chuva também foi dentro da normalidade e não confirmou a elevação prevista pelo INMET, para a região de Iporá. O mês de abril houve redução do volume de chuva que ficou -27,5% abaixo do mínimo esperado. 

Essa redução do volume de chuva tem relação direta com a ação de um fenômeno conhecido como El Niño Oscilação Sul (ENOS). Neste período de 2020/2021 ocorreu a formação de um La Niña, que por sua vez contribui para reduzir o volume de chuva na região, pois interfere diretamente na circulação atmosférica de todo o planeta. Mudando o posicionamento e atuação das células de circulação atmosférica. Borsato (2011) identificou que há uma redução da formação de Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e da atuação da Massa Tropical Continental (mTc) no centro do Brasil durante eventos de La Niña. 

Isso implica diretamente no volume de chuva na região, pois são dois sistemas responsáveis por promover chuva na região durante o período chuvoso, principalmente a ZCAS. 

Na Tabela 2 está os valores de precipitação registrados durante os meses do período chuvoso em todos os eventos de La Niña que ocorreram no período de 1975 a 2019. Está destacado na cor laranja os valores que ficaram abaixo do limite mínimo e em azul os valores que ficaram acima do limite máximo, previstos para cada mês. Os valores que foram destacados na cor branca são considerados normais, pois permaneceram dentro do intervalo entre o limite inferior e o limite superior. 

Essas informações da Tabela 2 demonstram a condição que teve maior frequência para cada mês. É possível notar que nos meses de setembro, outubro, dezembro, janeiro e março houve mais registros de volumes de chuva abaixo do normal para Iporá-GO, durante os anos de La Niña. 

Portanto, é uma condição que tende a acontecer mediante a atuação do fenômeno. Claro que poderíamos aprofundar essa discussão, mas a finalidade é trazer um panorama rápido para demonstrar que atuação da La Niña interfere no padrão das chuvas em nossa região e promove impactos para sociedade, principalmente do ponto de vista econômico e da disponibilidade de água para o consumo humano. 

Essa redução dos volumes de chuva em cada mês do período chuvoso já trouxe problemas para sociedade, pois houve relatos de que vários agricultores da região tiveram que replantar suas lavouras em função da redução das chuvas. Porém, chamamos atenção da sociedade para um possível problema futuro, a seca, a falta de água em nossos mananciais. Nesse sentido, há duas questões preocupantes: A) quando será o início do período chuvoso de 2021/2022? As chuvas iniciaram mais cedo ou não? B) como será a resposta da vazão de nossos mananciais mediante a redução do volume de chuva ocorrida no período chuvoso de 2020/2021?

Essas são questões preocupantes e dependendo de como serão as respostas poderemos ter efeitos diretos para nós sociedade. Todos já sabemos das condições ambientais das nascentes e dos principais córregos e rios de nossa região. Em grande parte dessas áreas ocorreu uma apropriação sem levar em consideração os limites naturais. Isso coloca em desequilíbrio o sistema natural do ciclo hidrológico, principalmente na fase que tange a recarga do lençol freático. Quando aliamos a isso a variação do regime de chuva podemos ter uma condição crítica. 

Já há alguns anos vemos a redução drástica do volume de água do Ribeirão Santo Antônio, que abastece a população da cidade de Iporá, também de outros ribeirões de nossa região, como é o caso do Ribeirão das Areias, que abastece a população da cidade de Arenópolis. Isso traz problemas sérios para uma sociedade. Água é fundamental para nossa vida e nossas atividades diárias. Portanto, é necessário a aplicação efetiva de ações que visão a restauração das nascentes e dos mananciais de nossa região. É necessária uma política além do discurso. É preciso que o discurso vire ações práticas, efetivas, com planejamento.

 

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