A nosso pedido, ele escreveu uma mensagem sobre expectativa para o Ano Novo. Segue:
Minha avó costuma dizer que não foi ela quem mudou para a cidade, mas a cidade que chegou até onde ela estava, aqui na Vila Brasília. De lá pra cá muita coisa se modificou, Iporá cresceu, gestores se alternaram no comando da máquina pública, pandemias passaram, ilustres conterrâneos nos deixaram, outros pra cá retornaram. Contudo, entra ano e sai ano, algo segue constante desde Itajubá, a despolitização da sociedade iporaense.
A política é uma das principais ferramentas de transformação social, mas desde que utilizada da maneira correta. Não por acaso somos levados a crer que “política” se resume ao processo eleitoral. Passada a eleição de turno, a população “deveria” se abster do debate público pelos próximos dois anos. Essa postura é muito cômoda para quem não quer ser cobrado, e pior, colabora para que as coisas continuem como estão. Tudo é política, essas palavras são política, seu silêncio é política, o fim da creche integral é política, a taxa de iluminação que você paga é política, e também a taxa do lixo que pagaremos em breve. Precisamos nos conscientizar disso.
Por outro lado, e não raras vezes, quando o iporaense enfim entende que precisa reivindicar, o faz em forma de “favor pessoal” e não como demanda comum. Precisamos compreender que atendendo-se ao coletivo consequentemente alcança-se o individual. Ora, se os equipamentos do Hospital Municipal e da UPA forem aprimorados, eu, cidadão, não precisarei recorrer a “favor” do executivo ou legislativo para conseguir uma vaga em casa de apoio em Goiânia. Se as escolas e universidades públicas forem melhor estruturadas e os profissionais valorizados, não precisarei pagar ensino privado para meu filho(a). Se o serviço de iluminação pública funcionar na cidade toda, não precisarei recorrer à liderança política por uma simples troca de lâmpada.
Importante também dizer: Deixemos os heróis com suas capas tremulantes para as telas de cinema e quadrinhos da Marvel. Política é uma construção coletiva e gradativa. Não existe salvador da pátria que virá em 72 horas e resolverá todos os nossos problemas. Por exemplo, sim, o Lago Pôr do Sol está totalmente assoreado e sujo pela ausência de uma política pública de fato preocupada com o meio ambiente, mas se lá tornou-se um bueiro a seu aberto é também porque sujamos nossas ruas com lixo descartado incorretamente.
Para 2023 desejo uma Iporá com uma população menos conformista e mais politicamente engajada, menos telespectadora e mais protagonista de sua própria história. Ciente de que a política é feita no nosso dia a dia e de que não precisamos ocupar cargo público algum para fazê-lo. Dessa forma, além de Novo, o ano que se avizinha certamente também será mais Feliz.
Olavo Lima
Advogado e Servidor Público da Educação
