O livro Peneiras e Bateias, de Cairo Castro, relembra figuras memoráveis da sociedade iporaense. No capítulo de hoje ele recorda do “Seu Jove”
Seu Jove, Baiano de poucas baianadas, que muitos goianos o invejam.
Nos primeiros de abril de 1939, quando ainda Iporá era brenha espessa, nem sequer imaginavam os habitantes o que seria hoje essa majestosa cidade, a ela aportou ilustre família que, felizmente até agora habita esse esplêndido rincão pátrio.
Chegada de patrimônio conhecido por São Desidério, no município de Barreiras, Estado da Bahia, a prole de Joventino José de Souza encontrou encosto final na remota Itajubá.
Os ares de evolução já soprava as primitivas brisas de crescimento. A meiguice do ambiente, as belezas naturais, a possança de iminente fartura , tudo isso e mais a conquista do diamante puro serviram de suma justificativa para que seu Jove fincasse residência em tão nobilíssima região agreste, praticamente desabrida.
Seu Jove e sua distinta esposa, com pouco, antevendo o aprimoramento da urbe, abriram empório para comercialização de secos e molhados. Nessa época, comércio débil, fraca vendagem, região carente de hotel, resolveram e montaram pensão familiar. Viajantes, andarilhos, uma porção de fregueses.
Joventino José de Souza é cidadão manso de letra, conhecimentos escolares jamais lhe chegaram ao raciocínio mal e mal os conhece para o gasto, consumo próprio, é o bastante. Porém com respeito, dedicação e humildade soube criar grande família, filhos, netos, genros e noras, todos estimam o tronco velho e dele tomam bênção no mais sublime ato de respeito e consideração.
Seu Jove viu Iporá crescer, avolumar-se, tomar feição de centro desenvolvido. Ainda hoje, ,com mãos trêmulas, dorso derreado pelos janeiros vividos, mas de voz contundente, olhar persuasivo, é homem de levantar bem cedinho, nunca o sol o pegou na cama.
Narra o passado da cidade, as célebres brigas, desavenças por mandos e ordens não cumpridas, as grandes peiticas, os acessos de intrigas, com intrepidez e força de conhecimento, talvez até de participação, quem sabe!
Seu Jove é pessoa que sabe dizer das coisas pretéritas, dos feitos históricos. Até há pouco tempo, apreciava notável carraspana, adepto de boa cachaça, um senhor conhaque, cerveja geladinha. Presentemente, só fica na saudade, recordação de bons tempos êta vida mais filha da puta! Trem danado de bom, oxente.!
Possui filho que milita na política em Iporá, Adolfo José de Souza, já foi vereador de muita projeção, representante de enorme parcela da comunidade iporaense.
Joventino José de Souza, hoje bem idoso, cansado, muito vivido, passa seus tediosos dias atrás de um pequeno balcão de armazém. Não precisa de tal quefazer, mas é do costume, constância de muitos anos, agora é tarde para recuo.
A ele Iporá é agradecida, muito grata. Seu Jove cumpriu e cumpre, a contento, sua exemplar vivência nesse abençoado torrão goiano.