Segunda-feira é um dia da semana que o Oeste Goiano dedica espaço para a literatura. Estamos sempre publicando neste dia capítulos de livros de gente nossa. Acabamos de publicar o livro NOVES FORA: NADA, de Carlos William.
A partir de agora, adentramos em uma nova obra. Publicaremos “OS CARAPINAS DO SRI LANKA”, um livro de minicontos do iporaense Edival Lourenço. No dia de hoje, mostramos a apresentação da obra. Nas segundas feiras seguintes, em cada uma delas, um miniconto.
Minicontos
Edival Lourenço
Nota
Esta coletânea de minicontos foi produzida obedecendo a alguns parâmetros desafiadores previamente estabelecidos. O propósito foi contar uma história, valendo-se de um texto de reduzidas proporções físicas, que ficasse em torno de 450 caracteres, já incluso o título, descontados os espaços em branco. Ou seja, não poderia ultrapassar a 459, nem ficar abaixo de 441. Na contramão das últimas tendências literárias, em que se toma o sentido de liberdade como a não fixação de regras, recorreu-se à tradição das fórmulas mais ou menos fixas de composição, tais como o gazel, a quadra, o haicai, o soneto, a tragédia em três atos, dentre tantas outras, legadas pelos antigos. Quando se tomava o sentido de liberdade como a regra que se quer escolher e seguir.
Outro propósito foi contar uma história com boutade e lirismo e com tal sonoridade, com tal fluxo, com tal ritmo e com tal densidade de fatos e idéias que viesse munir o leitor de elementos estimuladores. Como um ovo pré-textual que trouxesse os códigos para a formação do texto E o leitor, num processo de co-autoria, se encorajasse a tomar a narrativa para si, ampliando-a para os limites de sua vivência, de sua cultura, de seu compartimento mental reservado ao imaginário. Há que se admitir que, de alguma forma, estes elementos são parte dos objetivos perseguidos por qualquer peça literária. No entanto, nestes minicontos, dado o volume de referências e conotações, concentrou-se nestes aspectos de forma particularmente intensa. Pelo menos foi o que se pretendeu.
O miniconto Os carapinas do Sri Lanka é a peça-conceito, o conto-paradigma, ou o texto-manifesto da obra, por assim dizer. Num processo metalingüístico, a descrição da casa mágica, entalhada por tais carapinas, é uma metonímia usada para figurar os próprios contos, sua fórmula, seus postulados, seus enigmas e até suas limitações.
Valeu-se, vale ressaltar, de um conceito antigo (o das formas fixas) para buscar uma peça que atendesse aos anseios humanos no espaço social da pós-modernidade, onde o tempo se tornou a matéria mais escassa na composição da vida e, em decorrência, se busca quase sempre o mais com o menos. Ou seja, um contexto em que se lê pouco, mas, aquele que por ventura lê, quer haurir grandes estímulos de textos exíguos. Goiânia, maio de 2005. (Palavras do autor)
Edival Lourenço nasceu em Iporá. É Bacharel em Direito e pós-graduado em Administração de Marketing. É atual presidente da União Brasileira de Escritores-Seção Goiás, ocupa a Cadeira Nº 22 da Academia Goiana de Letras. Escreve para diversos veículos, dentre eles Revista Bula, Jornal O Popular, Jornal Opção. Já participou de dezenas de antologias regionais, nacionais e algumas internacionais. Recebeu mais de 50 premiações, dentre as quais, o Troféu Tiokô-Versão 2004, como intelectual do ano em Goiás, pela UBE-GO; Bolsa Hugo de Carvalho Ramos-versão 1992 com a obra “A Centopéia de Neon”, (adotado para os vestibulares da UFG e UCG que já se encontra na 5ª edição). Pelo romance “Naqueles Morros depois da chuva”- recebeu os troféus Jaburu e Jabuti – 2012.