Ela, ainda viva e saudável, é exemplo da fé e da vivência na prática cristã. O pastor, professor, historiador e escritor Moizeis Alexandre Gomis, em seu livro QUANDO SAMAMBAIA PEGOU FOGO, discorre sobre a exemplar Isabel Rosa Pereira. Vamos à leitura:
CAPÍTULO 24
A MÃE QUE ORA E DEUS OUVE.
“Muito pode, pela sua eficácia, a oração do justo”. (Epístola de Tiago 5.16).
Isabel Rosa Pereira nasceu em 17 de setembro de 1918, no Córrego Vereda, no atual município de Guapó. Casou com Oscar Barbosa da Silva, em 31 de julho de 1937. Teve duas filhas e dez filhos. Em 1943 a família mudou para o retiro da fazenda de dona Brazula, viúva do latifundiário Joaquim Paes de Toledo (o legendário coronel Quinca Paes dos tempos da República Velha). Posteriormente Oscar Barbosa comprou terra no Córrego Jacaré e ali Isabel viveu a maior parte de sua vida, criando os filhos e cuidando da dura lida da fazenda.
Em 1955, converteu a Cristo em um culto realizado em sua casa, onde seu irmão Sinfrônio e o cantor sacro Valter Carneiro pregaram a palavra de Deus. Quando o convite foi franqueado para que entregassem suas vidas a Cristo como salvador, ela e os filhos se converteram, o esposo também “aceitou” a fé evangélica. Logo depois Isabel e o esposo foram batizados nas águas, pelo pastor Valdemar Nogueira Ramos, na congregação da Assembleia de Deus da Fazenda Bugre, onde se tornaram membros da igreja.
Contudo, seu esposo logo abandonou a fé e ainda a proibiu, durante cinco anos, de frequentar a igreja, quando então só recebia as visitas dos irmãos, e ainda a obrigava, contra a vontade, a acompanhá-lo aos bailes e festas profanas. Por fim, vendo que ela não desistia, resolveu deixá-la congregar com os filhos. Mas ele, como dependente de bebidas alcoólicas, sempre a afligia com muitas humilhações e sofrimentos morais e até físicos, quando ficava embriagado, situação que perdurou por todo o tempo em que esteve afastado da igreja. Para suportar essa aflitiva situação, Isabel recorria incessantemente à oração. Por fim, pediu a Deus para que lhe desse graça a fim de suportar o marido impenitente e fez um propósito de ficar sempre em silêncio todas as vezes que a maltratasse e que não iria mais discutir e brigar com ele. Deus, de fato, lhe ouviu a oração, pois nunca mais respondeu às afrontas do marido, o que o deixava mais furioso.
Assim, irmã Isabel suportou sua dura e sofrida missão, criando todos os filhos no temor do Senhor e suportando o marido ímpio que só veio a se reconciliar com Deus nos últimos momentos de sua existência, já no leito da morte. Hoje, já aos 93 anos de idade, ela vive em sua casa em Iporá, saudável e com a lucidez de uma pessoa jovem. Continua servindo ao Senhor com alegria e testificando com entusiasmo sobre o que o Senhor fez e ainda faz em sua vida, desfrutando do amor dos filhos e filhas: Orcedi; Orlando; João; Geraldo; Tereza; Isaías, farmacêutico; Acir, advogado da empresa pública de Correio e Telégrafos, em Goiás; Levi, pastor e, atualmente, um dos vices-presidentes do Campo da Assembleia de Deus da Vila Nova, em Goiânia; José e Valdereza; (Osmar, morreu ainda jovem, ofendido de cobra). Além dessas atividades já mencionadas, todos os demais filhos e filhas têm sido abençoados como fazendeiros e em outras profissões e sempre serviram e servem ao Senhor com fidelidade. O mais velho, Orcino, faleceu em 2010, por morte natural inesperada e sem sofrimento: após conversar com a esposa, sentou-se na varanda de sua casa enquanto dava uma cochilada, partiu para estar com o Senhor.
Quando a esposa falou com ele e não teve resposta, percebeu logo que já não pertencia mais a este mundo. Morreu a morte do justo, como a descreve o Salmo 116.15: “Preciosa é aos olhos do Senhor, a morte dos seus santos”. Pois morte “preciosa” aqui se refere à morte em que o servo de Deus não padece penúrias no leito de dor, sofrimentos estes que ocorrem em razão do crente não ter um coração quebrantado e ainda necessitar de fazer alguns concertos em questões que não foram espiritualmente bem resolvidas nos relacionamentos com as pessoas com quem conviveu. Daí, o Senhor permite o sofrimento, para que haja concerto, perdão e reconciliação e mesmo a salvação, se estiver desviado da fé, “para não serem condenados com o mundo”.
Mulher que fez da oração seu ministério – como ela mesma diz: “pois é o que eu sei fazer” –, aprendeu o segredo de orar e obter respostas. Sempre creu no Senhor que ele não lhe dera filhos para a perdição e para que vivessem no mundo servindo ao pecado. Por isso, orou para que todos servissem ao Senhor. E Deus ouviu suas orações, sendo que pode dizer: “eu e minha casa servimos ao Senhor”. Em sua caminhada de fé no Senhor, nunca se desesperou nos momentos difíceis da vida. Mesmo quando seu filho primogênito, Orcino, a quem ela era mais apegada, morreu, não entrou em desespero, nem demonstrou qualquer atitude de escândalo ou descontrole emocional. Quando, na hora do almoço, foi informada da sua morte, com lágrimas de grande dor e sofrimento como mãe, disse, com tranquilidade, para os familiares e amigos reunidos em sua casa, segundo testemunho de pessoas que estavam presentes: “Se ele estivesse mal no hospital, a gente devia se preocupar, mas como o Senhor já levou ele, vamos almoçar, depois a gente vai lá para onde ele está”. Ao chegar ao velório sentou-se ao lado do caixão e, em voz baixa, agradeceu a Deus dizendo: “Eu te agradeço, Senhor, por tudo o que está fazendo…”. E sempre balbuciava: “Aleluia!”. No momento da celebração do culto fúnebre, mais uma vez surpreendeu os presentes quando, juntamente com os irmãos, com voz suave e embargada, louvou ao Senhor com o hino 48 da Harpa Cristã:
“Quando enfim, chegar o dia
Do triunfar do meu rei,
Quando enfim chegar o dia,
Pela graça de Jesus eu lá estarei!”.
Postura esta de maturidade cristã incomum, que deixou as pessoas profundamente impressionadas por causa de sua confiança inabalável em Deus. Exemplo de vida que serve de inspiração para que as mães busquem a proteção de seus filhos, através da oração, a fim de que sejam guardados do mundo para só servirem ao Senhor.