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Relembrando: primeiras escolas e professoras, a palmatória…


Estamos publicando capítulos do livro AMORINÓPOLIS NA METADE DO SÉCULO PASSADO. Aqui, mais textos, hoje sobre as primeiras escolas, primeiras professoras, o uso da plamatória, etc… Leia e reviva…

 
AS ESCOLAS DOS ANOS CINQUENTA
No Campo Limpo do início dos anos cinquenta, no século passado, escola para as crianças já era uma preocupação, até porque, se não houvesse, não atrairia ninguém para a região. E os próprios colonos se encarregavam de cobrar esse benefício das autoridades. Então, quando fomos para lá em cinquenta e cinco, já havia o grupo escolar da Santa Marta e havia, também, o grupo escolar estadual da cidade, que funcionava em casas alugadas. Quando chegamos, funcionava na praça, mais ou menos onde é o correio hoje. Depois, foi para um antigo armazém de guardar cereais do seu Manoel Alves, na avenida da igreja católica, entre as ruas do Hotel Junqueira e da atual casa da Margarida do Tito. Em seguida foi lá para cima, para a saída de Rio Verde, perto de onde é o hospital hoje. Depois foi não sei para onde. Depois… Depois… Até que, mais ou menos em cinquenta e seis-cinquenta e sete, construíram o prédio próprio do grupo escolar, lá para os lados da saída para Rio Verde, onde existe até hoje.
Estudei em todos esses locais onde funcionou o grupo escolar, até 1959. Convivi com a lousa e com as canetas de tinteiro, aquele modelo que a gente deixava um vidro de tinta na parte da frente da carteira e ia molhando a pena e escrevendo. Só depois é que tivemos acesso às canetas-tinteiro, aquelas em que se enchia um reservatório de borracha que ela possuía, aspirando a tinta de um vidro e que dava para escrever o dia inteiro. A carteira tinha, sempre, um buraco na parte da frente do tampo, reservado para colocar o vidro de tinta, para ele não cair. O mais comum, mesmo, era escrevera a lápis. Cortei o dedo várias vezes com gillete, quando ia apontá-los. Convivi com a pedra da licença, que a gente tinha que carregar quando queria ir à casinha. Se a pedra não estivesse sobre a mesa da professora, era porque a privada de buraco estava sendo usada e havia necessidade de aguardar. Levei boas bolachadas de palmatória nas escolas particulares. Fui aluno da dona Crioula do Tonca, da dona Lélia, da Wilma sobrinha da dona Lélia, da dona Tita e do seu Paulistinha. Em 1960 saí para estudar fora, com apenas nove anos de idade, mas sempre voltei nas férias, para viver a vida da cidade que me adotou e para conviver com os amigos. 
 
Havia três professoras que lecionavam na rede pública estadual que atendia a cidade: Dona Lélia, Dona Crioula e tia Marizinha. Todos nós, que estudamos em Campo Limpo na década de cinquenta do século passado, fomos, necessariamente, alunos de uma dessas três professoras ou, muitas vezes, até das três. A de melhor formação era a dona Lélia – ou Aurélia Neviles de Souza que, por isso, era responsável pelas turmas mais adiantadas, que eram as de terceiro e quarto anos primários. Dona Lélia era baiana da região de Lençóis, vindo parar ali porque a família, junto com vários conterrâneos, havia se deslocado para a região de Iporá, atraída pelos garimpos de diamantes, uma tradição na terra deles. Os baianos eram ligados ao Israel de Amorim, que arranjou uma nomeação para ela em Campo Limpo e por ali ela ficou até morrer. Era católica praticante e muito próxima da organização da igreja, sendo responsável por cuidar da mesma e mantê-la sempre limpa e com flores. A chave ficava com ela. Até construiu uma casa ao lado da igreja, nos anos sessenta. Olha, tenho o maior orgulho de ter sido aluno dela. Tinha, também, a dona Crioula, de nome completo Antônia Costa, filha do Tonca. Ela foi minha primeira professora em Campo Limpo. Foi com ela que aprendi a ler e escrever. Era uma figura magra, alta, extremamente gentil, humilde e educada e nunca se casou. E, para completar o trio que lecionava na cidade, a tia Marizinha, que era irmã de meu pai e esposa do tio Miguel Máximo Fernandes, um cearense gordo e muito engraçado. Não cheguei a ser aluno de tia Marizinha, mas foi como se tivesse sido, porque ela acompanhava meu comportamento na escola e, qualquer vacilo, caía direto nos ouvidos de meus pais. À tarde o coro era certo. As três professoras e a Wilma, sobrinha de Dona Lélia, que também lecionou em Amorinópolis, sustentaram aquela escola por muitos anos, preparando centenas de crianças para enfrentar a vida. E a maioria deu certo, graças a Deus e a elas. 
 
Por falar em tia Marizinha, seu esposo, o tio Miguel, era uma figura fantástica, fora de série. Era um cearense que trazia uma experiência de vida interessantíssima. Para começar, havia sido coroinha do Padre Cícero do Juazeiro, no início do século. Naquela mesma região, em uma de suas viagens em lombo de jumento, foi aprisionado pelo bando de Lampião, conseguindo fugir num vacilo do vigia. Não sei como veio parar aqui em Goiás, mas foi primeiro para os garimpos de diamante da região de Baliza, onde se casou com minha tia. Foi dentista ambulante pelos garimpos do Araguaia e dos rios Claro e Pilões e, depois, por fazendas da região do Iporá antigo, quando essa cidade ainda se chamava Itajubá. Levava todo o equipamento em lombo de burro, inclusive a broca de obturação, que era tocada a pedal. Era uma figura engraçadíssima. A gente vivia rindo o tempo todo, quando estava perto dele. Além disto, tinha uma habilidade manual fantástica, aproveitando os caixotes que vinham com mercadorias, para transformá-los em portas, móveis ou algum objeto útil. Se fosse para improvisar alguma coisa, era com ele mesmo. 
 
Naquele tempo, vidros e garrafas vazios eram todos reaproveitados, mas, muitas vezes, a rolha escapulia para dentro deles, impossibilitando seu reaproveitamento. Então, tio Miguel fabricava um apetrecho de arame que capturava a rolha lá dentro do recipiente e, ao ser puxado para cima, prendia-a com firmeza através de umas garras, o que permitia sacá-la. Fazia espanador também. Vez por outra alguém abatia uma ema no chapadão e tio Miguel, então, separava as penas por tamanho, preparava um cabo especial e ia amarrando essas penas com uma técnica que nunca vi ninguém fazer igual. Não dá nem para explicar como era, mas ficava tão bem feito que podia acabar até o cabo do espanador, mas o amarrilho não perdia a forma nem a eficiência. Era cordão trançado com algodão da região, passado em cera de abelha Europa, mas daquelas abelhas Europa de antigamente, sem cruzamento com as africanas. Era, também, mestre em fazer portas de tábuas de caixotes, principalmente portas de privadas. E era marca registrada sua, também, umas espécies de cortinas de pano fixadas em uma armação de madeira, que cobriam a metade inferior das janelas. Quando havia necessidade, a cortina era movida para cima, entre duas ripinhas, permitindo que a parte inferior da janela pudesse ventilar. O objetivo principal dessa cortina era impedir a visão de fora para dentro, mantendo a claridade do cômodo. 
 
Meu pai tinha uma consideração especial para com tio Miguel e tia Marizinha. Acho até que foi para ficar perto deles que resolveu se mudar de Bom Jardim para Campo Limpo. Tudo isso não tem nada a ver com as escolas da metade do século passado, mas peguei o gancho quando falava sobre a tia Marizinha e acabei falando um pouco sobre o marido dela.
 
Voltando a falar sobre escolas, antes mesmo da primeira escola em Campo Limpo, já havia outra, inclusive com prédio próprio. Era a escola rural da Santa Marta, a mais famosa daquela época, que atendia a uma das comunidades pioneiras na colonização da região. Lecionava por lá o professor Joaquim Vó, de nome verdadeiro Joaquim Pedro Marinho, casado com a dona Olda, sobrinha de dona Lélia, que tinha, no máximo, um metro e meio de altura, mas de um coração e de uma fibra muitas vezes maiores que ela. Moravam lá na escola rural mesmo. A turma da escola da Santa Marta não se misturava muito com os alunos do Campo Limpo. Eles se achavam melhores e nós os achávamos meio caretas. Hoje, pensando bem, parece que as duas coisas eram verdadeiras. Mas, nas paradas de Sete de Setembro, nós os desbancávamos, com os desfiles que dona Lélia organizava. Tínhamos até tambor, e eles não tinham. Lembro-me de que estudavam lá na Santa Marta os filhos da dona Ilídia do seu Pedro Crispim: o Antônio, a Jerônima, o Abel, o Alair e mais outros. Também estudava por lá um sujeito muito esforçado e dedicado, de nome Dinamérico, que terminou sendo professor em Amorinópolis. Ele casou-se, depois, com uma neta do seu Vitalino, filha do Agenor Tosta.
A escola de dona Lélia podia não ter o melhor ensino do mundo, embora eu duvide que perdesse para muitas outras, mas era um exemplo de civilidade, de amor e respeito ao país, itens fundamentais na formação de um cidadão. Aprendíamos e cantávamos todos os hinos em homenagem à pátria, desde o Hino Nacional, passando pelo Hino à Bandeira, o Cisne Branco, o Hino da Independência e vários outros. Ela nos ensinava que a pátria era o nosso maior orgulho. Comemorávamos com festas todas as datas importantes, desde as datas cívicas até outras, tipo o dia das mães, dia da primavera, aniversário da cidade. O dia da primavera era comemorado com um piquenique na chácara de seu Alcides Soares de Melo, ali na saída para o Caiapó. Que diferença dos tempos de hoje… Encoste a grande maioria dos professores de hoje num canto e peça a eles para cantar, pelo menos, o Hino Nacional. Não vou nem dizer os outros hinos, que vários deles nem devem saber que existem. Aposto que boa parte não vão dar conta nem da metade. Vão tropeçar na primeira estrofe. Parece que o Brasil já não importa mais…
 
Todos nós aprendíamos numa coleção de livros denominada ‘Vamos Estudar’, que tinha desde a primeira série até a quarta. Lembro-me de uma história que havia em um deles, que falava de uma derrubada de mata para fazer lavoura, das casas dos passarinhos caindo, do fogo destruindo tudo na queimada. Até hoje meu coração fica apertado quando me lembro desta história. Mais tarde apareceu outro livro para desbancar este, que se chamava ‘Pedrinho e Seus Amigos’. Ainda guardo comigo um exemplar deste livro, com dedicatória de dona Lélia. Do ‘Vamos Estudar’, não fiquei com nenhum. Perdeu-se com o tempo. Se alguém tiver, gostaria de revê-lo.
 
Fico pensando como é a vida. Dona Lélia, pioneira de Campo Limpo, que dedicou a vida inteira a formar gerações e gerações de jovens (uma boa parte hoje com cursos superiores, doutores, frutos de uma semente plantada por ela), viveu e morreu por
Amorinópolis e não tem nem um banco de praça com seu nome nesta cidade. Sua importância nunca foi reconhecida pelo poder público. Talvez até não seja ingratidão. É bem provável que seja um lapso mesmo, semelhante ao que causou a retirada do nome de Francisco Antunes de Macedo da avenida principal da cidade, certamente porque as pessoas não mais se lembravam dele e julgaram ser um mero desconhecido. E vamos ficando um povo sem história. Ainda bem que, no caso de dona Lélia, uma colega sua de nome dona Nilza, que atuou nas escolas da cidade por longos anos, colocou o nome em uma de suas netas de Aurélia Nevilles. Um dos gestos mais lindos que já vi em toda a minha vida.
Na década de cinquenta tinha, também, algumas escolas particulares. Só me lembro das de cinquenta e cinco para frente, mas sei que houve outras antes. Quem me falou isso foi o Edson do Brasiliano um dia, exatamente no velório do Zenildo. Disse-me, inclusive, que o Zenildo também lecionou lá no começo dos anos cinquenta e que tinha havido, ainda, escolas particulares de outros professores. Não anotei no dia e, quando fui procurá-lo para rever essa historia, ele havia falecido meses atrás. Das escolas particulares de que me recordo, a mais famosa era a do seu Paulistinha, pai do Milton e de outra leva de meninos, dentre eles o Wilsinho Pintor, que morou até uns anos atrás em Amorinópolis. Na escola do seu Paulistinha, em que estudei uma época quando funcionava onde depois foi o armazém do Quintino, ainda se usava a lousa e a palmatória. A lousa era uma espécie de pedra ou cerâmica, não sei direito, encaixada em uma moldura de madeira, à moda de um espelho, que a gente usava para escrever com lápis e, principalmente, fazer contas. Escrevia, depois passava um pano, limpava a grafite e escrevia de novo. Era muito prática. Já a palmatória, apesar de prática, porque obrigava os alunos a estudar sem ter que estar gritando com eles, não deixou boas recordações. Lembro-me de que o seu Paulistinha colocava um aluno para sabatinar o outro e aquele que não respondesse certo, levava uma palmatoriada do adversário. E ardia pra danar. Devo ter levado umas boas, mas me lembro que dei muita cacetada em gente grande também. O Édson do Brasiliano e o Rubens do seu Neném Mumbuca eram meus fregueses.
 
A escola de dona Tita era famosa também. Funcionou uma época na rua do Hotel Junqueira, lá pros lados onde fizeram um laticínio, tempos depois. Estudei lá com o Toím e o Chiquím de seu Manoel Cearense; com o Alonso do seu Zezinho Goularte; com o Zé do Donzete, o mais encapetado de todos nós; a Leila, neta do seu Evaristo, que depois virou minha cunhada; com a Elza do seu Tunico Dentista, que possuía uns cabelos longos, bem pretos, muito bonitos e que a gente puxava como se fosse rédea de carroça. Aí a briga era certa. Aprendíamos muito nessa escola, mas aprontávamos umas boas também. Dona Tita tinha um filho pequeno naquela época, chamado de Canô pelos íntimos. Um dia o Canô estava correndo pra lá e pra cá no meio da sala de aula, enchendo o saco, e eu passei-lhe uma bela de uma rasteira, que o danado esborrachou no chão. Não precisa nem dizer que levei um baita de um castigo da mãe dele. Muitos anos depois voltei a ver o Canô, trabalhando na rodoviária de São Luis de Montes Belos. Ainda bem que ele não se lembrou do tombo, mas tive vontade de pedir-lhe desculpas. Da rua do Hotel Junqueira, a escola da Dona Tita mudou-se para a rua que passa ao lado da casa que era do seu Manoelzinho da dona Euráides, ou a rua do Geraldo Bigode, só que lá embaixo, pros lados de onde morou o Chico Carrinho. Lembro-me de que lá a coisa era rígida, dona Tita andava mais brava e aplicava um castigo bem pesado: colocava milho ou feijão no chão para o aluno castigado ficar de joelhos em cima. Era terrível, mas aprendia (?).
 
Depois que saí para estudar fora, já nos anos sessenta, teve ainda a escola do seu Mário, um velho moreno muito competente. A escola dele funcionou perto da casa do Tunico Dentista, ali pros lados do grupo escolar. Nessa mesma época, acho que lá pelos idos de 65 ou 66, apareceu a escola do Sandoval, pai das belas Valci, Valnice, Zildinha, Vilmênia e, também, do Valmir (feioso, é claro) e de mais um punhado de meninos e meninas que, por serem dos mais novos, não convivi muito e não aprendi os nomes. O Sandoval, pelo que me disseram, havia sido da polícia civil em São Paulo e, certamente por isto, impunha uma disciplina rígida e gostava de ensinar a meninada a marchar e a carregar umas espingardinhas de madeira, como se fossem soldados mesmo. Parece que começou lecionando na fazenda do seu Geraldo Cândido; depois foi para a Santa Marta, onde confeccionaram as famosas espingardinhas de madeira para a meninada desfilar. Foi o maior sucesso. Juntaram-se a competência do professor e a disciplina militar e o produto final foi de excelente qualidade. Outro dia mesmo, falando com meu primo Julimar, ele expressou a vontade de fazer uma visita ao Sandoval, dizendo que foi onde mais aprendeu, em toda a sua vida de escola. Tinha garoto que se sentia um verdadeiro militar e era extremamente orgulhoso por isso. Você dava bom dia a ele e o garoto já respondia batendo continência. Em seguida, o professor Sandoval transferiu a escola para a cidade e continuou tendo sucesso. Mas o bom mesmo era quando tomava umas cangibrinas, pegava o violão e soltava a voz: Enquanto a minha vaquinha / Tiver o couro e o osso / E puder com chocalho / Pendurado no pescoço / Eu vou ficar por aqui / Que Deus do céu me ajude. / …Só deixo o meu Cariri / No último pau de arara. Ou então: Lago Azul / Recordo-me de ti / Foi lá que conheci / O meu primeiro amor, esta acompanhada pelas lindas vozes das belas filhas.
 
No fim da década de sessenta, mais ou menos em sessenta e seis, sessenta e sete, eu acho, foi criado o curso ginasial em Campo Limpo. Antes, ou a pessoa parava de estudar quando terminava o primário, ou então tinha que sair para estudar fora, geralmente em Iporá. Com a criação do ginásio pelo Osmar Barros, praticamente toda aquela leva de garotos que terminava o primário, já continuava os estudos direto ali, na cidade mesmo. Além disso, muita gente que havia parado de estudar pôde voltar aos bancos escolares. O Mauro Chico, por exemplo, voltou para os bancos escolares, trabalhando o dia todo na roça e estudando a noite. A cidade virou outra, com os jovens eufóricos, vibrando com a possibilidade de avançar nos estudos. E, para ministrar as aulas do ginásio, deve ter sido uma batalha enorme convencer professores a ir morar naquela cidadezinha do sertão, sem nenhum conforto como havia em cidades maiores, mas o Osmar conseguiu e depois foi só ir adaptando as peças, trocando um ou outro. Vieram, se não me engano, alguns professores de Rio Verde, dentre eles o Antônio e o Aldo; a Zélia, lá de Aurilândia; o Macedo, filho do seu Negrinho, lá do Chapadão e que acabava de se formar em Direito; o Orlandino. E não deu outra, meu caro. Logo-logo essa meninada começou a despontar, a ocupar espaços, a entrar em faculdades. Criaram até um hino para a cidade, parece que letra da professora Zélia. Era só alegria, entusiasmo, vibração e orgulho de ser amorinopolino. A criação do ginásio em Amorinópolis, fruto do esforço pessoal do Osmar Barros, foi um marco para a cidade.
 
Agora, deixe-me falar um pouco sobre o produto final dessas escolas, desde a época da dona Crioula e do Joaquim Vó, com a alfabetização, até a criação do ginásio. No que deu tudo isso? Olha, no mínimo deu centenas e centenas de pessoas que aprenderam a ler e a escrever, que saíram das estatísticas do analfabetismo. Várias dessas pessoas chegaram a cursos superiores, algumas aproveitando o incentivo dos pais, que eram comerciantes ou fazendeiros mais abastados; outras, ainda, por esforços próprios. Tanto lá da escola da Santa Marta como da de Campo Limpo, surgiram, depois, médicos, advogados, engenheiros, professores, bancários, políticos de sucesso e profissionais liberais de diversos segmentos. Essa turma deve estar, hoje, já na casa dos cinquenta, sessenta anos. Mas eu gostaria de fazer alguns destaques, dentro dessa leva toda. Lógico que não são os únicos. Posso até estar cometendo injustiça, por não citar mais gente, talvez por desconhecer a história de vários deles e também para não me estender muito no assunto. 

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