Serei crítico. Mas serei respeitoso. Com o intuito de ser construtivo e de reavaliar conceitos passo a comentar sobre o que foi visto e noticiado na semana passada a respeito de homens públicos de Iporá (prefeito e vereadores) na via pública, no uso de ferramentas, ajudando no serviço de tapa-buracos.
Gestor público fazendo serviço braçal??? O que dizer disso??? Tenho a dizer que isto é lamentável. É uma aposta explícita na pouca informação do povo, no apelo barato em prol de um jogo de mídia que deve funcionar entre os mais humildes, mas que soa ridículo aos que possuem mais informação e, por isso, tem mais senso crítico apurado.
Senhores gestores, homens públicos, não façam isso. Usem melhor o tempo de vocês. Não joguem para a galera. Administrem pensando nos mais inteligentes entre nossa população. Apostem na inteligência de nosso povo. O gesto voltado para o menos informado, para o mais humilde, é vergonhoso e apelativo.
Na vida em sociedade cada um tem um papel. O prefeito é gestor. Aliás, no nosso caso, um homem formado em Administração. Portanto, sabedor do que estamos afirmando. Os vereadores também possuem um papel claro, definido pela legislação. Cada um tem sua tarefa na sociedade. Dentro do funcionalismo público, tem quem é auxiliar administrativo, tem o motorista, e tem o braçal. E deste braçal (serviços gerais) ou técnico de pavimentação o serviço de tapar buracos, auxiliados pelo operador de máquina, o motorista e especialistas em asfaltamento.
Um prefeito e um vereador sempre tem muito o que fazer. Não conseguirá fazer tudo que precisa. O dia fica pequeno para ele conseguir cumprir sua missão. O prefeito precisa decidir e planejar, acompanhar a execução das tarefas, cobrar resultados. O vereador é fiscalizador e deve gastar sua energia em todos os contatos que forem possíveis para converter em benefícios para a cidade.
Não se pode dizer que a gestão de Iporá está em ordem, que sobrou tempo e por isso eles decidiram ajudar a tapar buracos. Não. Outro dia foi noticiado uma falta de comunicação interna dentro da gestão que resultou no descontentamento de servidores por não receber horas extras. Aquilo foi um mal entendido. Aquilo foi erro de gestão. Então, com isso, percebe-se que o prefeito não tem tanto tempo assim. Nem mesmo a comunicação entre os segmentos do setor público não anda bem em Iporá.
O uso de ferramentas para serviço braçal, por parte dos homens públicos, terá sido somente uma terapia, a fim de tirar deles o stress? Acredito que não. Acredito que quiseram ser vistos na via pública e fotografados a fim de passar a boa impressão de que são humildes e dedicados trabalhadores, aceitando fazer até o serviço fisicamente mais dificil. Será que aceitariam fazer esse serviço braçal longe dos olhos dos cidadãos e das câmeras fotográficas? Acredito que não.
Não façam isso, senhores homens públicos, nem mesmo se tratando de mutirão, se assim fosse. A tarefa de vocês é de gestores, o que significa planejar, acompanhar obras, cobrar resultados, etc… Se é um mutirão, então seria preciso organizar tal evento, atrair contribuições. Qualquer coisa fora disso é atuar para a galera! O bom jogador de futebol não joga para a torcida. Joga para o time. A firula, o chapeuzinho, a finta, isso é lindo de se ver, mas não conta para um resultado final que seja produtivo. Administar precisa ser algo voltado para o corpo pensante da cidade. Quanto aos humildes, vamos educá-los a respeito do papel de cada um dentro do contexto político e social. É o que penso. É o que peço. Ajam da melhor forma possível. Apostem na inteligência do iporaense.