Vale pouco. Quase nada. Um vereador que se restringe a somente fazer favorzinhos não vale quase nada porque abre mão de pensar e agir em grande estilo, como um legislador, um fiscal do povo e como alguém antenado e focado na luta por grandes ações em favor do município.
Pobre classe política brasileira, onde um processo cultural de longa data deturpa o papel de agentes públicos. E vereadores enveredam por um caminho errado, sem o foco naquilo que faria toda diferença em prol da comunidade. Uma grande parte dos vereadores estão nesse equívoco.
Pobre vereador dos favorzinhos que está longe de resolver os problemas da comunidade, pois esse seu varejo de assistente social jamais vai amenizar, mesmo que minimamente, a grande aflição da comunidade e seu raio de ação é insignificante. Jamais será marcante na história da cidade.
Os vereadores ou todos do Poder Legislativo tem o dever de cuidar das leis. Lida com leis deliberadas, criadas, emendadas, sobre tributos municipais, discussão e criação do orçamento do município e sua obrigação fiscalizar a forma como o prefeito gastou (e gasta) os recursos públicos.
Os vereadores devem servir de elo entre o Poder Executivo e a comunidade, buscar incluir no orçamento os clamores da comunidade, levar ao prefeito o que precisa ser feito, batalhar em grandes questões, de relação da cidade com outras esferas do poder, na busca de recursos.
São muitas as atividades de um vereador. Mas nada de se envolver em favorzinhos. Estes favorzinhos (ou ações sociais) é tarefa de um dos segmentos do Poder Executivo, que é a Secretaria de Promoção (ou Ação) Social. A tarefa do legislador é nobre. Não tem nada a ver com esmolas do dia-a-dia.
Quando um vereador se envolve em favorzinhos: aviar a receita do pobre, dar uma passagem de ônibus, material de construção, agradar as crianças com brinquedos, pagar a conta de água ou luz, ajudar na festa de aniversário, etc… está em um lamentável equívoco e imaginando duas coisas: que isso resolve o problema da comunidade e que será reeleito.
Esses favorzinhos são tarefas da assistência social da Prefeitura, feito mediante programas estabelecidos e votados na Câmara, com dotação orçamentária, conforme os vereadores determinaram. Os vereadores devem levar os favorzinhos para que a assistência social cuide.
Muitos vereadores fazem os seus favorzinhos através de visita ao gabinete do prefeito. Pedem ao prefeito ou primeira dama que atenda o eleitor. Isso pode até ser feito, se de acordo com os critérios de programas sociais. Mas nestes casos o vereador cria uma relação pessoal viciosa com o prefeito.
Nestes casos, de vereadores governistas, a relação deles com o prefeito os impedem de fiscalizar quem administra a cidade. Passam a ser tão amigos do prefeito, tão dependentes do prefeito, que já não podem mais fiscalizá-lo. E aí ocorre o pior. Nesses casos o prefeito fica sem fiscalização.
Se o vereador fiscaliza o prefeito, este não libera os favorzinhos. Sem os favorzinhos o vereador não atende os eleitores. Sem atender os eleitores, ele perde a reeleição. E o círculo vicioso prolonga-se. Pobre prática política de municípios brasileiros. E o Brasil em caos cultural e econômico.