
Foi publicado em importante revista científica a descrição de uma nova espécie de cigarra. A descoberta é fruto de pesquisas realizadas pelo professor do curso de Ciências Biológicas da UEG de Iporá, Douglas Henrique Botura Maccagnan, em parceria de alunos do curso e pesquisador internacional. Batizada como Ariasa iporaensis, essa espécie é diferente das outras por ocorrer durante o perído seco do ano.
O professor cita que a escolha do nome foi uma forma de fazer referência à localidade onde a espécie foi encontrada. “A descoberta dessa nova espécie foi uma surpresa, pois ela é abundante em praças e canteiros centrais de avenidas da área urbana de Iporá, por conta disso, consideramos relevante fazer essa homenagem ao município”, diz o professor. O termo “iporaensis” significa “natural de Iporá”.
Ele ainda destaca uma característica que faz dessa espécie diferente das demais. “Até o momento, essa é a única espécie que conhecemos no Brasil com o adulto ocorrendo durante o período seco do ano, contrariando a ideia de que as cigarras estão associadas ao período de chuvas”, diz o professor. Consta no artigo publicado que a cigarra Ariasa iporaensis pode ser observada entre março e setembro, período que abrange alguns meses com total ausência de chuva. “O período seco do cerrado é caracterizado pela queda das folhas das árvores e pela redução de insetos. O fato da Ariasa iporaensis ocorrer justamente nesse perído faz com que ela possa ser uma importante fonte de nutrientes para outros animais, especialmente aves que comem insetos, aumentando ainda a relevância ecológica da espécie”.
Por ser a única espécie que ocorre no período seco, Ariasa ipoarensis pode ser facilmente reconhecida na cidade de Iporá pelo seu canto que se assemelha a um assobio agudo que dura vários segundos. O professor Douglas espera que essa nova espécie seja objeto de educação ambiental nas escolas e coloca o Laboratório de Entomologia da UEG de Iporá à disposição para receber visitantes.
Como é descoberta uma nova espécie
A descoberta e nomeação de uma nova espécie segue um processo rigoroso, que envolve pesquisa de campo, análise laboratorial e a aplicação de regras internacionais de nomenclatura biológica.
Após a coleta de indivíduos no campo, eles são levados ao laboratório para análises da morfologia e/ou genética visando a identificação da espécie. A identificação pode ser feita por comparação com indivíduos já identificados e depositados em coleções e museus ou por revisão de literatura científica e bases de dados taxonômicos. É nesse momento que se descobre se a espécie já foi descrita ou se é uma espécie nova.
O processo de descrição de nova espécie envolve análise rigorosa de sua morfologia, sendo detalhadas de forma escrita e por imagem todas as estruturas que compõem o animal. Também são feitas medições e análise de padrões de cores.
Como é a escolha do nome
O nome de uma nova espécie de animal deve seguir regras estabelecidas pelo Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (ICZN). Os nomes científicos são compostos por dois termos (nomenclatura binomial), sedo que o primeiro se refere ao gênero (Ariasa nesse caso) que pode ser comum a várias espécies, e o nome específico que diferencia a nova espécie dentro do gênero (ex. iporaensis). A escolha do nome específico pode ser baseada em vários critérios, como fazendo referência ao local de coleta, ou levando em consideração características fisicas e comportamentais da espécie, ou fazendo homenagem a cientistas ou colaboradores da pesquisa ou até mesmo optando por nomes inspirados em figuras mitológicas ou culturais.
Para que a nova espécie seja oficialmente reconhecida, os cientistas devem publicar uma descrição detalhada em um periódico científico revisado por pares. Após a publicação, a nova espécie passa a fazer parte da biodiversidade catalogada e pode ser estudada por outros cientistas.
