Depois de eleições e em período em que antecede posse de novos governantes para o Estado (Executivo e Legislativo), regiões de Goiás como o Oeste e o Noroeste Goiano, as que são economicamente mais pobres, ficam na expectativa de tempos melhores, com intervenção mais frequente do poder público em favor da economia.
Essas duas regiões do Estado possuem economia pouco diversificada, mais baseada na pecuária, e com pouco investimento, cidades desses lados do Estado perdem população para grandes centros
Alguns desses municípios, como os localizados na bacia do Rio Araguaia, ainda tentam conciliar o desenvolvimento econômico com a necessidade de preservação dos recursos naturais.
O jornal O Popular fez boa matéria reflexiva sobre o assunto, publicada nos últimos dias, após as eleições. No texto é citado que o Oeste Goiano (eixo GO-060) é formado por 43 municípios que tiveram um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 7,6 bilhões em 2015, mas registra o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado: 0,565, para uma média estadual de 0,735. A região respondeu apenas por 0,95% da arrecadação de ICMS do Estado em 2017.
Já os 13 municípios do Noroeste Goiano (estrada do boi) registram o segundo menor PIB estadual, de R$ 2,6 bilhões em 2015, e responderam por apenas 0,29% da arrecadação em 2017.
O jornal cita que os números retratam bem o problema da desigualdade regional, que tem na região Noroeste uma das mais excluídas. Para o pró-reitor de Desenvolvimento Institucional da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e mestre em Desenvolvimento Territorial, Márcio Dourado, os municípios destas regiões não tiveram suas riquezas bem exploradas. Além disso, muitos ainda sofrem para conciliar desenvolvimento com a preservação do meio ambiente, principalmente os localizados na bacia do Rio Araguaia, por conta de retiradas de água da bacia sem outorga.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de São Luiz dos Montes Belos, Paulo Marcos Ribeiro, em entrevista ao jornal O Popular disse que a região é muito esquecida pelo Estado, que também precisa estar mais presente nesses municípios oferecendo os serviços de seus diversos órgãos. Segundo ele, esses municípios também precisam de melhores serviços para a população, como mais hospitais e escolas. “Faltam mais indústrias para geração de empregos na região, pois a produção é pouco diversificada, mais baseada na pecuária.”
Paulo também reclama da alta carga tributária que recai sobre os comerciantes, mesmo numa economia pouco acelerada. No jornal O Popular, o presidente da CDL de Jussara, Vanderlei Lucas, ressaltou a importância de o governo estadual rever a cobrança do diferencial de alíquota (Difal), que prejudica as empresas que precisam comprar mercadorias fora de Goiás. “Em Goiás, a alíquota é 4,49%, bem acima de outros Estados. Não somos contra a cobrança, mas contra essa alíquota tão alta”, afirma.
Vanderlei Lucas lembra que a fraca economia local também gira em torno do poder público e do comércio. Segundo ele, muitas indústrias que se instalaram na região acabaram fechando as portas, fazendo com que ela ficasse carente de investimentos. “Hoje, temos apenas um frigorífico no município de Santa Fé de Goiás, o Mataboi Alimentos, o que é muito pouco para movimentar a economia”, destaca.
O economista Aurélio Troncoso, coordenador do curso de Economia do Centro Universitário Alves Faria (Unialfa), lembra que a região Oeste tem um relevo acidentado, o que favorece mais a pecuária e menos a agricultura, e passou a abrigar grandes latifúndios de grandes proprietários. Além disso, a produção não é no sistema de confinamento, mas pela engorda natural, o que não resulta numa grande cadeia produtiva geradora de muitos empregos.
Para o economista, os investimentos feitos na região não tiveram uma cultura industrial, mas foram mais ligados ao turismo do Araguaia. “A região não recebeu muitos investimentos estatais e privados”, destaca. Um dos poucos exemplos positivos de formação de cadeia produtiva na região é o da São Salvador Alimentos (Super Frango), em Itaberaí, que impulsionou a avicultura local.
As duas regiões também contam com alguns frigoríficos e laticínios de menor porte. Porém, os municípios não possuem nenhum polo industrial relevante, que possa atrair mais empresas. “Não existe nenhum cluster especializado em determinado tipo de produção, como acontece em municípios como Rio Verde, por exemplo”, ressalta. Os recursos que circulam nas cidades saem da pecuária, turismo ou da administração pública. “São cidades que não crescem e, às vezes, até diminuem. Algumas até incentivam a vinda de aposentados para terem mais recursos do FPM”. (Informações do jornal O Popular)