Texto de Valdeci Marques
Na sexta-feira passada, dia 2, acompanhado do amigo João José Gomes Dias, Chefe da Regional da Saneago, visitei a barragem no córrego Santo Antônio, a captação que abastece a cidade de Iporá, após ser feito o tratamento da água. Vimos ali água abundante! Uma maravilha!
Claro que seria assim mesmo. As chuvas caíram. O solo está umedecido de água, o lençol freático está recebendo a infiltração de águas da superfície. É claro que em um mês de março os mananciais estão sempre assim mesmo, com muita água!
Mas virá a estiagem… O solo vai secar e tudo isso poderá ser diferente do que estamos vendo agora. Certamente todos se lembram da crise hídrica da estiagem passada, quando chegou a faltar água em torneiras de casas de Iporá. E com a falta dágua, todos se lembram que foi aquele corre-corre, reuniões, discussões, projeto de lei sendo elaborado, uma aflição até.
Sim. Tivemos muita movimentação na ocasião do apuro pela falta da dágua. Mas nada foi feito de prático. Nada. Não temos notícia de nada de concreto em favor da preservação ambiental dentro da área da bacia do Ribeirão Santo Antônio.
Um projeto de lei foi aprovado para que se gastasse com ações dentro da bacia. Aprovado com vetos. Mas foi aprovado. Mas a sua aprovação é só um pontapé inicial, é só a teoria em busca de prática. O que é preciso mesmo são de ações dentro da área da bacia do manancial e isso não foi feito. Não se plantou mudas em margens de córregos (Santo Antônio e afluentes), nenhuma curva de nível no relevo foi feita, nenhuma bacia de captação de água em margens de estrada, como fora dito. Nada. O que foi feito mesmo foi só a aprovação do projeto. Em meio a natureza, lá na bacia, nada, nada. Até agora, nada.
E a estiagem virá. Quem sabe mais amena? Quem sabe mais terrível? Não sabemos. O fato é que por nada ter sido feito, a bacia do córrego que abastece a cidade continua a mesma, devastada, sem mata ciliar, sem ação de conscientização junto aos ribeirinhos, enfim, é a mesma bacia que é responsável por dar conta de água para uma cidade com 32 mil habitantes.
O nosso amigo João José, da Saneago, disse que a empresa, se a comunidade tomar iniciativa de ações na bacia, pode contribuir. Ele cita um exemplo de Jaupaci, onde a comunidade tomou iniciativa e então a Saneago entrou com doações de materiais para preservação do córrego que abastece aquela cidade. Segundo ele, se houver iniciativa, a Saneago entra com a sua colaboração.
Mas faltou iniciativa. Não basta só projeto de lei. É preciso de ações. João José e eu fizemos um compromisso de voltar ao local um mês depois. Será em 2 de abril e, neste dia, fazer uma medição da vazão e, a partir de então, mensalmente, irmos medindo essa vazão para verificar a sua involução. A equipe da Saneago sabe fazer esta medida. Vamos seguir rumo a estiagem com a esperança de que esta não seja tão cruel. E daqui a um mês vamos voltar a este assunto.