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Reflexão para o Dia do Historiador

O Dia do Historiador e a importância da história para nossas vidas.

Dedicado aos discentes e egressos do Curso de Licenciatura em História da Universidade Estadual de Goiás – Câmpus Iporá.

O Dia do Historiador é celebrado no dia 19 de agosto. A data foi escolhida em homenagem ao diplomata e escritor Joaquim Nabuco (1849-1910), que nasceu no dia 19 de agosto.  Seu propósito é evocar a importância do profissional da história, o pesquisador e o professor, para uma sociedade livre que procura compreender sua experiência ao longo do tempo.

A palavra “história” é de origem grega e seu significado é “saber oriundo de observação”. Atribuímos a Heródoto a condição de pai da história. Desde seu início, ainda no mundo grego antigo, a história procurou registrar os feitos humanos. O que hoje chamamos de história, enquanto disciplina acadêmica, se originou no final do século XVIII e início do século XIX na Alemanha e na França. No Brasil, a história ganha projeção a partir da fundação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1838 e, no século XX, a partir das Faculdades de História das Universidades.

  Ao longo de seu itinerário, a história deixou de se debruçar apenas sobre os “grandes feitos políticos” e passou a se preocupar com a experiência humana em sua totalidade, com especial ênfase no cotidiano das pessoas, seu imaginário, nas relações de poder e nas expectativas da sociedade. Igualmente importante, a história procurou abandonar o viés etnocêntrico inicial e o interesse exclusivo no masculino para se dedicar ao estudo de povos não europeus, às mulheres e aos grupos socialmente marginalizados. Por essa razão, a história deixou de ser um conhecimento sobre os “vencedores” e assumiu o interesse por toda a forma de vivência e relação humana. Nas palavras do ilustre historiador francês e judeu Marc Bloch (1886-1944), “o bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne humana, sabe que ali está a sua caça”.

O conhecimento histórico não é produto de opinião. Na verdade, ele é engendrado a partir das interpelações lançadas às fontes históricas, isto é, aos vestígios do passado que chegam até nós de várias formas: textos, imagens, memória oral, música, artefatos materiais, etc. É a partir do questionamento que lançamos às fontes que elaboramos o que pode ser dito de forma qualificada sobre o passado. Esse dispositivo metodológico garante a verificabilidade ao mesmo tempo em que permite ao pesquisador algum grau de distanciamento. É importante dizer que a questão levantada pelo historiador, isto é, o problema, é elaborado a partir da experiência do sujeito no presente. É por esse motivo que novas realidades no presente produzem inquietações que fazem com que o passado seja revisitado a partir de perspectivas distintas, razão pela qual a história, enquanto disciplina, é intrinsicamente plural. Não seria exagero dizer que o que sabemos sobre o passado é consequência do que vivemos no presente e que o conhecimento produzido pela pesquisa serve também para que conheçamos o que vivemos na realidade contemporânea.

Somos seres históricos, possuidores de uma história, seja ela coletiva ou individual. A consciência do tempo, em suas inúmeras configurações e representações, molda nossas vivências e orientam nossas expectativas. Por isso, a história não diz respeito apenas à produção intelectual e profissional do historiador, mas a todos nós.  O que torna o historiador um personagem distinto é sua preocupação com um método de pesquisa que produz conhecimento verificável e passível de ser questionado por outras perspectivas históricas igualmente lastreadas em evidência e método. Nesse sentido, o historiador lida com a experiência temporal a partir de ferramentas profissionais que permitem de forma contínua problematizar os arranjos sociais, políticos e culturais que definiram a vida no passado, mas que ainda influenciam o presente. É bom reforçar: hoje, fazemos mais uma história das pessoas ditas “comuns” do que daquelas que foram heroificadas pela memória oficial e ou coletiva. Por esse motivo, o conhecimento histórico e a memória não coincidem.

A história é fundamental para o cultivo da cidadania em uma sociedade livre. É ela que permite a compreensão do trajeto temporal que deu origem ao mundo em que vivemos, razão pela qual a pesquisa e o estudo da história permitem que nos localizemos como povo, como sociedade e como grupo ou classe social. Prescindir dela significa ingressar em uma ordem em que a realidade como a conhecemos é naturalizada, como se ela não fosse uma consequência dos múltiplos fios tecidos no passado pelas mulheres e pelos homens que nos antecederam. Via de regra, regimes políticos não democráticos tendem a controlar e restringir o conhecimento histórico com o fito da naturalização de seu aparelho de domínio e da imposição de uma história oficial, isto é, legitimadora da ordem vigente. Em oposição a isso, a história “desnaturaliza” porque enfatiza a experiência humana – em sua multiplicidade de relações e contradições –  como ordenadora do mundo. 

Em Iporá, o Curso de Licenciatura em História desenvolve seu trabalho formando professores e pesquisadores desde 1988. O curso se tornou um patrimônio importante de todo o Oeste Goiano. O compromisso deste que é o único curso superior gratuito em história em toda a nossa região é com a promoção da consciência histórica orientada pelas ferramentas interpretativas e de pesquisa que a disciplina desenvolveu ao longo dos séculos de sua existência.  Nos últimos anos, foram feitas pesquisas sobre novas práticas de ensino de história na educação básica, política regional, práticas religiosas locais, a relação entre diversidade e história, juventude e história, e meio-ambiente e história, além de várias outras. O propósito é qualificar os indivíduos para o exercício educacional e também para a pesquisa histórica. Com um corpo docente constituído principalmente por doutores e mestres, o curso se inscreve na realidade social com o fito de contribuir ainda mais com a compreensão que os povos do Oeste Goiano têm de si mesmos. 

Estamos presentes, de forma colaborativa, em várias escolas da região, especialmente através do PIBID e aulas de apoio.  Estamos abertos para novas parcerias com os setores públicos e privados que comungam de nosso objetivo. As várias parecerias, entre eles com o Cartório de Registro Civil e Tabelionado de Notas de Iporá e com o noticioso Oeste Goiano, oportunizarão em breve a divulgação de um acervo de documentos digitalizados ao alcance de todos. Parcerias com o Instituto Federal Goiano também colaboraram pontualmente com o sucesso da Pós-Graduação em Ensino de Humanidades. Em parceria com a Secretaria do Meio-Ambiente de Iporá realizamos trabalhos de conscientização a respeito da relação entre a humanidade e o ambiente ao longo do tempo.  Junto à Coordenação Regional da Educação em Iporá, serão ofertadas a partir desse mês aulas de preparação para o ENEM e para o vestibular da UEG de 2019. Todas essas experiências são gratificantes porque trocamos experiências e aprendemos conjuntamente.

Felicitamos nossos colegas professores, pesquisadores e discentes de história da região, em especial aqueles que laboram nas escolas a fim de estimularem nos jovens o cultivo da consciência histórica. Reconhecemos imensamente a importância de seus trabalhos e nos orgulhamos de caminharmos juntos em favor da educação de qualidade e da valorização do profissional da educação. Igualmente, convidamos a população de Iporá e região para visitar nosso curso e a biblioteca onde se encontram as pesquisas que desenvolvemos.

 

Colegiado do Curso de Licenciatura em História da UEG – Câmpus Iporá.

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