Queridinho do PL, professor Fábio Lasserre não ganhou a última eleição para prefeito por pouco e tem passe disputado entre partidos
O prefeito de Piranhas Marco Rogério (Solidariedade), mais conhecido como Chicão, foi eleito com 36,29% dos votos (2.552 no total). Apesar de ainda não ter dado uma declaração oficial, nos corredores da Prefeitura, o que se comenta é que ele não teria decidido se vai tentar ou não a reeleição.
Lideranças da cidade estão divididas. Há quem pense que Marco Rogério pode tentar melhorar a avaliação de sua gestão nessa reta final para se candidatar. Já outros acreditam que o desgaste já grande e que já seria muito difícil reeleger Chicão. Hoje apoiado pelo governador Ronaldo Caiado (UB), caso o prefeito realmente decline da candidatura, quem seria o candidato governista na cidade?
Nas últimas eleições, com chapa pura, o PSL perdeu por muito pouco. Ficou em segundo lugar com o professor Fábio Lasserre, que é mestre em Direito e professor universitário. Em 2020, teve 33,79% dos votos válidos (2.376).
Com a fusão do PSL com o DEM, o ex-candidato de Bolsonaro passou a integrar a sigla que surgiu daí: o União Brasil, partido do governador. Eis o cenário: possível candidato, tem bom recall eleitoral e é do partido do governador. Logo, é o candidato de Caiado, certo? Errado.
Para entender os motivos, é preciso do contexto. Autodeclarado pré-candidato em 2024, Fábio acredita que sua candidatura não seja a preferida de Caiado. E tem um motivo: em 2022, Fábio apoiou o candidato de oposição Gustavo Mendanha, que disputou o governo do Estado pelo Patriota. “Nunca me expulsaram por isso. Expliquei na época que era uma questão estratégica. Como o prefeito apoiava o governador, era necessário me posicionar do outro lado”, contou.
E muita coisa mudou de lá pra cá. De volta ao MDB, o próprio Mendanha hoje é da base governista. Além disso, quando o professor quase ganhou a prefeitura, pelo PSL, Delegado Waldir – hoje na presidência do Departamento Estadual de Trânsito (Detran Goiás) – era o presidente do partido. “Ele bancou minha última campanha e pode ser que ele interfira a meu favor. Mas não sinto segurança. Não vejo o União Brasil como o partido pra ser candidato”, afirmou Fábio.
Lasserre afirma que tem proximidade com a deputada federal Magda Mofatto. No início do ano, após perder a presidência do PL em Goiás, ela abandonou o partido. Fontes garantiram que já estaria acertado com Jorcelino Braga que ela, por ter mandato, assumiria o comando estadual do Mais Brasil, legenda criada a partir da fusão do PTB com o Patriota. A confirmação deve ser anunciada até o fim do mês.
A nova sigla, que herdou o número 25 – usado por Caiado quando era do DEM ou do PFL – planeja lançar candidatos a prefeito em 100 municípios e Piranhas pode ser um deles. Fábio revelou que há chance de migrar pra legenda de Magda. “Sinto segurança nela”, afirmou. E diversos prefeitos relatam que a deputada costuma cumprir com o que promete.
Se continuar no União Brasil, o medo do professor é o de não conseguir viabilizar sua candidatura internamente no partido, apesar de ser bem cotado entre os eleitores. “Receio chegar perto da eleição, ter chance real, ter vontade de ser candidato, ter boa aceitação e ser sabotado”, disse.
A derrota com uma margem pequena deixou lições. Para as próximas eleições, Fábio já busca aliança com outros partidos na cidade, mas ainda não há nenhuma definição. “Tenho a intenção de ter uma conversa franca com qualquer partido que seja”, garantiu o professor.
Fontes ligadas ao PL de Piranhas já afirmaram que apoiam Fábio para prefeito e até cobiçariam ter ele nos quadros do partido. “Tenho conversado com a turma, temos uma parceria boa”, declarou. Eles acreditam que a proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode ajudar nas urnas. Os líderes do interior, inclusive, têm sido chamados para as agendas do ex-presidente – cada vez mais frequentes – em Goiânia.
Assim como o professor Fábio Lasserre, de Piranhas, Bolsonaro também perdeu as últimas eleições por pouco. Mas, mesmo sem conseguir se reeleger, o ex-presidente, atualmente, é o principal nome da direita e da oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Justamente por isso, formar uma base sólida de prefeitos que defendam a bandeira bolsonarista é fundamental para pavimentar um nome válido para 2026, uma vez que o capitão do PL está inelegível.
No entanto, o próprio partido de Bolsonaro já declarou que pretende focar nos dez maiores colégios eleitorais de Goiás. Afinal, juntos, eles representam quase 50% de todos os votos no Estado. Com isso, um município como Piranhas, que tem menos de 10 mil eleitores (9.311, pra ser mais exato, segundo dados do Superior Tribunal Eleitoral), poderia, em tese, não ter o apoio necessário da legenda, financeiramente falando, para garantir a eleição.
“Na outra eleição, fui fruto do suporte do fundo eleitoral. Não sou um candidato que tem recursos próprios pra bancar uma campanha. Sou professor, vivo do meu salário”, lembrou Fábio.
Lasserre tem afinidade ideológica com o PL, no entanto, o apoio apenas dos líderes locais não seria suficiente para garantir sua migração para a legenda. Isso porque falta uma proximidade com o presidente do partido em Goiás, o senador Wilder Morais. “Nunca tive conversa direta com o Wilder”, comentou.
Em 2022, outro candidato bem votado foi o ex-prefeito Dr. Eric Silveira, do PP – partido que hoje integra a base caiadista. Ele teve 28,34% dos votos nas urnas (1.993), mas já teria declarado que não tem a intenção de concorrer novamente e que deve apoiar o professor Fábio.
Na cidade, comenta-se que, sem o prefeito no páreo, a candidata apoiada por ele seria a médica ginecologista Dra. Jamile Ribeiro, filiada ao União Brasil, partido do governador. Muito conhecida na cidade, teria chance de derrotar Fábio. No entanto, a doutora ainda estaria reticente sobre aceitar ou não o desafio.
Na lanterna das últimas eleições, e bem atrás dos demais candidatos ficou o tucano Américo Barbosa, com apenas 111 votos (1,58%). Uma amostra do que o PSDB vive atualmente em todo o Estado com a fuga de bons quadros após perder a máquina governista em 2018. (E.L.J.)
Fonte: Jornal Opção