Aqui, o sétimo capítulo do livro de Moizeis Alexandre Gomis, no qual conta que pessoas de Iporá foram ao Triângulo Mineiro criar uma Igreja. Vamos à leitura.
CAPÍTULO 7
O FOGO DE SAMAMBAIA ALASTRA-SE EM ARAPUÁ
Pois sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes; por isso, quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros em Roma. (Epístola de Paulo aos Romanos 1.14 e 15).
Depois que retornou do Buriti, o obreiro Divino Gonçalves dos Santos, continuou nos seus cuidados pastorais dispensados à igreja de Samambaia e ao trabalho de evangelização e expansão da obra de Deus na região do município de Santa Luzia (atual Aurilândia). A chama do avivamento do Espírito continuou ardendo incessantemente na Assembléia de Deus de Samambaia, ao mesmo tempo em que se alastrava pelo oeste, leste, sul e sudeste de Goiás, e para os Estados de Mato Grosso e Minas Gerais. Surgiram congregações da Assembléia de Deus em Aurilândia, São Luís dos Montes Belos (Barreirinho), Firminópolis, Turvânia, Paraúna e outros municípios e localidades. Congregações que em poucos anos se organizaram em igrejas oficialmente constituídas, muitas delas atualmente com status de campos constituídos de dezenas de congregações afiliadas, espalhadas por distritos, povoados e zonas rurais dos municípios goianos.
Ainda em 1943, passados cerca de dois meses após o início do avivamento em Samambaia, Abraão Gonçalves de Melo manifestou o desejo de levar a mensagem pentecostal também aos conterrâneos de Arapuá, em Minas Gerais. Acompanhado do jovem Nicanor Gonçalves de Melo, com o apoio e orientação do dirigente Divino Gonçalves dos Santos e recomendados pela igreja, partiram de carona em um caminhão carregado de arroz e outros cereais, de propriedade de Manoel Silvestre, fazendeiro em Samambaia. Depois de vários dias de penosa e exaustiva viagem enfrentando estradas esburacadas de terra e muita poeira, chegaram às longínquas paragens do Triângulo Mineiro, alegres e desejosos de anunciar o Evangelho Pleno aos presbiterianos e demais habitantes daquela cidade de arraigada tradição católica romana.
Em Arapuá, como em Samambaia e no Buriti, a mensagem da Palavra de Deus teve maior receptividade na zona rural, embora algumas famílias tivessem se convertido na cidade. A chama do “avivamento pentecostal” se alastrou na região como um fogo indomável e em pouco tempo os dois missionários fundaram uma congregação na fazenda Ribeirão do Carmo. Abraão Gonçalves de Melo, como dirigente interino da incipiente obra de Deus, antes de retornar a Goiás, solicitou, por carta, ao pastor Paulo Leivas Macalão, presidente da Assembléia de Deus de Madureira, no Rio de Janeiro, para que enviasse um pastor a fim de assumir a recém fundada congregação da Assembléia de Deus e continuar a obra de evangelização em Minas Gerais. Atendendo à solicitação, foi enviado para Arapuá o pastor Manoel José de Mendonça e sua esposa Irene Mendonça, membros da igreja matriz em Madureira.
Com a missão já cumprida e o trabalho entregue ao pastor Manoel Mendonça, os primos Abraão e Nicanor Gonçalves de Melo retornaram a Samambaia, depois de quatro meses, já no início de 1944. Ao relatar a maravilhosa obra que o Senhor realizara em Minas Gerais e como o nome de Jesus Cristo fora glorificado, os irmãos foram tomados de grande alegria e de mais motivação para continuar levando o Evangelho da salvação aos distantes rincões de Goiás.
Em 15 de outubro de 1944, o pastor Manoel Mendonça celebrou o primeiro batismo, no Ribeirão do Carmo, que cortava a fazenda. Na ocasião desceram às águas batismais 41 pessoas, de ambos os sexos. Data em que ficou também oficialmente organizada ali a Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Arapuá, com sede na Fazenda Ribeirão do Carmo, filiada à jurisdição convencional do Ministério de Madureira. Em honra aos dois obreiros fundadores da Assembleia de Deus de Arapuá, enviados de Samambaia, Abraão e Nicanor foram registrados como o primeiro e segundo nomes do Rol de Membros da igreja, seguidos por José Gonçalves de Oliveira e Maria Cândida de Jesus, José Gonçalves de Borba e Geralda Cândida, Manoel Antônio dos Santos e Maria Severina de Jesus, Inocêncio Gonçalves de Oliveira e Maria Florcena de Jesus, Miguel Gonçalves de Oliveira e Feliciana Albina de Jesus e Hamilton Gonçalves de Oliveira, além de outros.
Os irmãos da Assembleia de Deus de Ribeirão do Carmo evangelizaram também a cidade de Arapuá. O primeiro culto público na cidade ocorreu sob forte perseguição, por parte da população católica mal esclarecida. Os crentes pentecostais foram apedrejados, ficando muitos feridos e ensanguentados. Mas a pregação da Palavra de Deus na cidade não parou e novas conversões a Cristo continuaram a ocorrer. Passado algum tempo, já em 1945, a igreja alugou um salão e transferiu a sede da obra da fazenda para a cidade. Ano em que também foram realizados mais dois batismos, em 25 de fevereiro e em 05 de agosto.
Em 1947, a igreja adquiriu uma casa que foi transformada em um espaçoso salão, onde os cultos passaram a ser realizados. Em 01 de janeiro de 1961, já no pastorado de Walter Vieira Vargas, foi inaugurado o primeiro templo da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Arapuá, situado na Rua Expedicionário Moura Neto, 681. Templo este que, mesmo tendo sofrido reformas e ampliações, ainda conserva a fachada original.
Em 11 de julho de 1994, a primeira Assembléia de Deus fundada naquela região e que se tornou mãe de muitas outras igrejas espalhadas pelo Triângulo Mineiro e norte de Minas Gerais, comemorou o seu 50º aniversário de fundação. Na ocasião, convidado pela igreja aniversariante, o veterano pioneiro Nicanor Gonçalves de Melo participou da festa, quando então relatou, para as novas gerações, o seu emocionado testemunho da história de sua fundação.
