Mais um capítulo do livro QUANDO SAMAMBAIA PEGOU FOGO, de Moizeis alexandre Gomes. Relato de episódio real e conversão. Vamos à leitura.
CAPÍTULO 15
ENTÃO ESSA GENTE ESTÁ CERTA
Mas o espírito maligno lhes respondeu: Conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois? E o possesso do espírito maligno saltou sobre eles, subjugando a todos, e de tal modo prevaleceu contra eles, que, desnudos e feridos, fugiram daquela casa. Chegou este fato ao conhecimento de todos, assim judeus como gregos habitantes de Éfeso; veio temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido. (Atos dos Apóstolos 19.15-17).
Transcorria o ano de 1957. Na Fazenda Lagoa, nas proximidades do Rio Bonito, no município de Caiapônia, houve um casamento. Os noivos saíram de madrugada para se casar na cidade de Iporá. Conforme o costume regional na época, um grande cortejo de cavaleiros e “cavaleiras” (damas), o tradicional “noivado”, acompanhou os nubentes. Antes da saída, um reforçado café (ou quebra-jejum, no linguajar lá da roça) foi servido acompanhado com peta, brevidade, pão-de-queijo, quebrador, mané-pelado, bolo-de-arroz, doce de leite de vários tipos, paçoca de carne seca, leite adoçado com rapadura, além da “marvada da pinga” (já que não se tratava de casamento de crente).
Começada a viagem, uma alvoroçada algazarra, estimulada pelo clima festivo e a “alegria da cachaça”, tomou conta do pessoal. Cavalos saltando assustados com a gritaria e o barulho ensurdecedor do foguetório e das rajadas de revólveres, gente desprevenida ou já bêbada voando do arreio e esborrachando no chão, outros “fazendo bonito” cortando os animais na espora para fazê-los saltar e correr. Alvoroço que perdurou durante todo o trajeto da jornada, tanto na ida como na volta, sem falar ainda das cantorias desafinadas ao ritmo dos passos dos cavalos.
Depois de quase um dia de cansativo cavalgada, chegaram à cidade. Com os animais já nos piquetes, cada um se acomodou como pode em pensões, casas de parentes e amigos, para pernoitarem. Na manhã seguinte retornaram, logo após os noivos terem dado o “sim” diante do Juiz de Paz, João Guilherme, e das testemunhas e curiosos, no Cartóiro de Registro Civil, pois, era assim que muitos se casavam, sem a bênção do padre, mesmo se dizendo católicos romanos confessos. Na volta, a furupa casamenteira começou de novo, como no dia anterior, para só terminar à tarde, depois da chegada dos recém casados à fazenda do pai da noiva, onde um farto banquete aguardava os famintos e cansados integrantes do “noivado”, vindo depois o tradicional “pagode” (baile), onde a sanfona iria tocar acompanhada de violas, violões e pandeiros para o povo dançar até o sol raiar.
Após o jantar, enquanto a recepção ainda acontecia, de repente, uma mulher, irmã do noivo, ficou possessa de demônio (recebeu um encosto, conforme os espíritas) e começou a fazer estripulias e proezas, enquanto falava asneiras contra os “pentecostes”. Quatro homens tentavam segurar a possessa, mas não conseguiam domar sua força descomunal. Como sua família e a maioria dos moradores daquelas redondezas ali presentes eram espíritas cardecistas, logo pediram ao chefe do Centro Espírita local para apaziguar o “encosto”. O líder espírita disse para os que tentavam segurar a possessa que a soltassem. Nessa hora, ela começou saltar por cima dos bancos e vociferar aos berros: “Eu não gosto dos crentes, eu falo mal dos pentecostes e faço as pessoas a falarem mal deles também”. Enquanto isto, os crentes que foram convidados para o casamento e ainda se faziam presentes, oravam discretamente, repreendendo o demônio.
Joaquim Farias, que detestava os crentes e sempre falava impropérios sobre eles e difamava-os, ao ver toda aquela cena, e que o demônio abandonara a mulher pelo poder da oração, ficou profundamente tocado de temor e começou a refletir: “Se o demônio não gosta dos crentes, fala mal deles e ainda faz as pessoas falarem mal também, então essa gente é que está certa e do lado do bem e de Deus, pois o Diabo é inimigo de Deus e não gosta dele”. E concluiu: “Eu é que estou errado e fazendo a vontade do demônio, quando falo mal dos crentes”. Naquela mesma noite, após o jantar, montou no seu cavalo e foi-se embora. Enquanto voltava para casa, ao passar à porta da congregação da Assembleia de Deus da Fazenda Campo Alegre, próximo a Palestina, resolveu parar e assistir o culto. Ouviu a pregação do evangelho de Cristo e quando o irmão Guilhermino Moraes de Farias, seu primo, fez o apelo aos visitantes que quisessem ser um seguidor de Jesus, imediatamente Joaquim Farias se levantou, foi à frente e, ajoelhado, entregou sua vida ao Salvador e Mestre.
Em decorrência do episódio relacionado com o demônio, ocorrido no casamento, outras pessoas também se converteram algum tempo depois, inclusive o casal que se casara naquele dia e a própria mulher endemoniada, além de muitos espíritas da região.
Assim, Joaquim Morais de Farias, que rejeitara tantas vezes a pregação do evangelho pelos servos de Deus, acabou se convertendo após ter ouvido as maledicências de um demônio contra os crentes. Atualmente, 54 anos após sua conversão, inda continua fiel ao Senhor Jesus e servindo-o, inclusive como Evangelista, na Assembleia de Deus da cidade de Caiapônia-Go.