Nesta quinta-feira, 29, aconteceu uma reunião da diretoria administrativa da Cooperativa Mista da Agricultura Familiar de Iporá e região (COOMAFIR) na residência do Sr. Antônio e Dona Odáuria (povoado de Campolândia). Na reunião, a Cooperativa decidiu implantar mutirões para o desenvolvimento regional e ainda, como forma de resgatar valores culturais e tradicionais da região.
Nesta quinta-feira, 29, aconteceu uma reunião da diretoria administrativa da Cooperativa Mista da Agricultura Familiar de Iporá e região (COOMAFIR) na residência do Sr. Antônio e Dona Odáuria (povoado de Campolândia). Na reunião, a Cooperativa decidiu implantar mutirões para o desenvolvimento regional e ainda, como forma de resgatar valores culturais e tradicionais da região.
A reunião teve como objetivo planejar ações da organização visando o fortalecimento do grupo tendo como ponto de pauta: Integração, desenvolvimento, planejamento e comercialização do leite e produtos da agricultura familiar para alimentação escolar.
O destaque da reunião fica na composição de uma equipe para organizar e promover mutirões e traições na zona rural, sob a coordenação da Coomafir, pois, a cooperativa entende ser de grande importância a realização de mutirões, buscando envolver e conscientizar toda a comunidade que através do trabalho em conjunto haverá melhoria da qualidade de vida da população rural, maior integração e em conseqüência potencialização do desenvolvimento regional, além de colaborar com o processo organizativo, resgatando os valores culturais tradicionais da região.
Também foi discutida na reunião, a ampliação da comissão para organização da comercialização do leite e produtos da agricultura familiar para alimentação escolar de nossa região. Valdeci Lima (vereador) participou da reunião, ficando muito feliz com os rumos os quais o grupo está tomando fortalecendo a agricultura familiar.
Mutirões e Traições: O que são?
No passado e até bem recentemente, os mutirões eram uma prática muito comum entre agricultores da região.
Na impossibilidade de arcar com despesas para contratar trabalhadores, devido à própria escassez de mão-de-obra uma vez que, demais trabalhadores do campo estavam todos ocupados cada um em suas lavouras.
Aquele que estivesse em apuros. Numa situação, por exemplo, onde as ervas daninhas começam a comprometer o desempenho da lavoura. Este trabalhador marca um mutirão – geralmente no sábado – e todos os interessados vão ajudá-lo por um dia de trabalho. O resultado é que se conseguia com isso reunir dezenas de trabalhadores e adiantar o trabalho. A refeição e as festividades ficavam por conta do anfitrião. Nestes mutirões era muito comum a presença dos trabalhadores que “cubavam”. Termo utilizado para definir aquele trabalhador que querendo demonstrar ser competitivo, ou seja, o melhor na enxada ou na foice vai deixando para trás um serviço mal feito. Mas tudo é motivo de festa, este trabalhador é quase sempre alvo de piadas que fazem com que areje o dia de trabalho.
A diferença do mutirão e da traição é que esta parte de uma iniciativa dos companheiros ao perceber que determinado trabalho na “roça” de outro companheiro está passando da hora. Por exemplo, o mato é tanto que as plantas começam a amarelar. E estes trabalhadores ao ver o desespero daquele se organizam entre os colegas e com as esposas, inclusive com a esposa daquele que vai ser surpreendido. Sem que este fique sabendo, no dia marcado vão dezenas de trabalhadores alavancar o trabalho do agricultor. O que de fato é uma boa surpresa.
Ao longo dos anos e com esta tradição foram criando festividades e até mesmo canções folclóricas, conhecidas como canções de trabalho que eram entoadas pelos trabalhadores como forma de dar leveza e agilizar o dia trabalho. E isto se transformou em elemento cultural importante que ao longo do tempo foi sendo esquecido ou abandonado devido a Revolução Verde e a mecanização das culturas na década de 1970 e mais recentemente devido a globalização dos mercados. (João Batista da Silva Oliveira)