
Outro capítulo do livro “Elpídio: Pensador Político de Iporá”. A Obra é de Ubirajara Galli e que foi patrocinada por Jaldo de Souza Santos, com incentivo de Elpídio Júnior e Davi de Souza Santos.
O autodidata
Tendo perdido a oportunidade de continuar estudando, a mãe de Elpídio foi à luta. Ela tinha dois irmãos oficiais do exército brasileiro que moravam no Rio de Janeiro (RJ). Escreveu para os irmãos pedindo ajuda. Eles responderam que mandassem o Elpídio para o Rio de Janeiro (RJ). Depois de viajar em canoa, a cavalo, caminhão Ford 29 e trem de ferro, ele chegou ao seu destino. Os tios orientaram Elpídio a alistar-se no exército, com o fim de seguir carreira, e em pouco tempo já tinha alcançado a patente de Sargento.
Como militar, e percebendo um soldo razoável, escreveu uma carta à sua mãe para que enviasse o seu irmão Jabes. Este após algum tempo chegou ao Rio de Janeiro (RJ), trazendo consigo outro irmão, José de Sousa Santos, que foi morar com o tio Elpídio Ferreira de Sousa, e anos depois veio a ser o primeiro farmacêutico formado a se estabelecer em Iporá (GO). O irmão Jabes tentou alistar-se no exército, mas, por motivo de saúde, não foi aceito o seu engajamento. O intuito de Jabes era ficar próximo a Elpídio e conviver no meio militar, para tanto conseguiu-se um trabalho para o mesmo em um estabelecimento comercial, localizado próximo ao 3º Regimento de Infantaria, onde seu irmão já estava servindo. Elpídio e Jabes desde crianças eram muito ligados, o que continuou até o fim de suas vidas.
Elpídio tornou-se um autodidata, e durante sua permanência no Rio de Janeiro (RJ), buscou novos conhecimentos, destacando-se em tudo o que participava. Apesar de a rígida disciplina militar, ele esteve presente em calorosos debates das ideias políticas da década de 1930. Aprimorava-se ali o nato dom de um hábil estrategista político. Dotado de um preparo físico invejável, com uma força muscular acima dos padrões normais, a ponto de levantar um homem com apenas uma das mãos, fruto de uma vida de trabalho pesado, participou de várias modalidades esportivas, notadamente a natação em mar aberto. O percurso entre as praias de Copacabana e Vermelha, com início no Forte Copacabana, foi feito várias vezes por Elpídio, como exercício de nado para resistência.

O reencontro com a família
Com o casamento de sua irmã Olga com Israel Amorim, no ano de 1937, na cidade de Araguaiana, seu pai Álvaro vendeu os seus bens para Israel e mudou-se com a família para Aquidauana (MS). Já morava em Aquidauana a irmã de sua mãe, Ana de Souza Santos, viúva de João dos Santos, irmão de seu pai Álvaro.
O seu tio, oficial do exército, Antônio Ferreira de Sousa, irmão de sua mãe, foi destacado para comandar a guarnição do exército na cidade de Aquidauana (MS), quartel militar de fronteira. O tio, ao ser transferido do Rio de Janeiro (RJ) para Aquidauana (MS), levou consigo o sobrinho Jabes, e viabilizou para o mesmo um estabelecimento comercial na localidade. Elpídio desligou-se do exército e foi também morar em Aquidauana (MS). Por sugestão do tio Antônio, os irmãos Elpídio e Jabes se tornaram sócios no estabelecimento comercial, trabalhando juntos por alguns anos, quando então Elpídio casouse com Guiomar Medeiros e a convite do sogro foi morar em uma fazenda no município de Nioaque (MS).
Elpídio, que nunca foi de correr de desafios, aceitou de pronto exercer novas atividades na fazenda dos pais de sua esposa. Ele que já tinha experiência com o manejo de gado, adquirida ainda quando criança, participava da compra e venda junto ao sogro e tomou conta da ordenha das vacas e outros serviços correlatos. Em determinado momento decidiu também trabalhar com lavoura, comunicando sua vontade ao sogro. A bem da verdade, seria esta sua primeira incursão na atividade do plantio, daí o sogro e cunhados não botarem fé em sua capacitação para tal tarefa. Escolhido
o local para a roça, buscou o equipamento disponível à época, machado e enxada. A área era de mata fechada, com árvores de copa alta, e vai Elpídio derrubar as maiores até formar uma clareira, e usando a técnica local, colocou fogo para limpar o restante do terreno. Nesta fase do trabalho, suas mãos já estavam tomadas por calos doloridos e o corpo todo machucado por espinhos e picadas de insetos, mas não desistiu. Plantou e depois do período necessário colheu o resultado de seu suor: grãos e o reconhecimento pela família da esposa que ele era um homem muito trabalhador e decidido, independente do serviço que estivesse executando.
Do casamento de Elpídio e Guiomar nasceu o único filho do casal: David Álvaro Medeiros dos Santos.
