ODILON JOSE DE OLIVEIRA (1922 – 1977)
Nascido em Bela Vista de Goiás, em 17 de agosto de 1922, filho de Ademar José de Oliveira e Benedita Moraes de Oliveira (Neném). Eles tiveram 3 filhos, sendo eles: Dolorita Oliveira, Odilon José de Oliveira e Dagmar Pereira de Oliveira.
Ele foi nascido e criado em área rural, onde ajudava seus pais nos afazeres do dia-a-dia, como no manejo dos animais: vacas, porcos, galinhas, etc… bem como também nas plantações. Naquela época, o transporte comum era o carro de bois. Desde criança, Odilon ajudava seu pai transportando colheita, por isso era conhecido como candeeiro, aquele que vai a frente guiando a direção do carro de bois.
Foi alfabetizado desde pequeno por sua mãe Dona Neném, que foi aluna em Uberaba no colégio interno administrado por freiras. A boa disciplina deste tipo de colégio religioso influenciou Odilon, uma vez que Dona Neném trouxe de lá o bom aprendizado. Ela tinha naquele estabelecimento uma tia freira e um tio padre. Tudo isso contribuiu na formação religiosa de Odilon José de Oliveira.
Certa vez, em uma viagem de carro de boi que pai e filho fizeram para Uberaba, onde levavam produtos para venda, o jovem Odilon percebeu que estudar era importante na vida de uma pessoa, a fim de proporcionar crescimento pessoal. Então, pediu ao pai que o permitisse estudar em Uberaba, enfatizando que estava disposto a trabalhar para custear suas despesas. O pai Ademar de Oliveira permitiu isso ao filho, providenciando que na viagem seguinte voltasse já como aluno e funcionário de uma farmácia em Uberaba onde passou a trabalhar.
Em estudos em Uberaba o jovem Odilon demonstrou muita inteligência. Foi apenas um ano de estudos, mas o qual deu ao rapaz a oportunidade de aprender muito. Além de obter seus conhecimentos, compartilhou com os colegas, ajudando em suas dificuldades de aprendizado. Certa vez, quis conhecer uma faculdade, onde foi levado por seu professor. Então, diante de alunos universitários, foi colocada uma questão de álgebra a se resolver, sendo que o filho de Dona Neném foi aquele que imediatamente respondeu acertadamente sobre o assunto. Esse era o Odilon, de inteligência acima da média e sempre em busca de conhecimentos.
Ademar de Oliveira, homem investidor e sempre em busca de promover o bem estar da família, instalou uma loja de tecidos e armarinhos em Aparecida de Goiânia. Então, decidiu por buscar seu filho nos estudos em Uberaba para tomar conta daquele novo negócio da família. O que o jovem Odilon queria mesmo era estudar, mas silenciosamente e sem hesitar, obedeceu seu pai, retornando para Goiás, desta vez para ficar a frente de uma empresa.
Em Aparecida de Goiânia, em entrosamento com outros jovens, dedicou seus momentos de folga para a prática de esportes. Com espírito de liderança perante os colegas, ajudou a fundar um time de futebol, o qual existe até hoje. Trata-se da Aparecidense, time importante no futebol goiano.
Anos depois, a loja em Aparecida de Goiânia foi vendida, passando Odilon José de Oliveira a uma outra etapa da sua vida. Ele foi servir à pátria, ingressando no 7º Batalhão Militar de Goiânia. O ambiente interessou ao jovem Odilon, ao ponto de se imaginar um profissional naquela área. Imaginou também que naquele ambiente militar poderia estudar e crescer profissionalmente. Essa era a ocasião da Segunda Guerra Mundial, quando o Exército brasileiro passou a convocar os jovens que estavam na ativa.
Odilon foi convocado para defender a pátria, e viajou para São Paulo, de onde iria ao Porto de Santos, a fim de embarcar para os embates de guerra na Itália. Porém, submetido aos exames de praxe, descobriu-se nele uma deficiência visual. Era daltônico, que significa aquele que tem dificuldades em distinguir cores. No caso dele, não distinguia o verde do vermelho.
Descartada a ida à guerra, o destino trouxe uma outra jornada para a vida de Odilon José de Oliveira. Ainda jovem e solteiro, veio para a região do Oeste Goiano, mais precisamente para uma localidade chamada Itajubá. É que seu pai Ademar de Oliveira tinha adquirido uma terra nesta região, em lugar novo, com a mata e cerrado em pé. Com isso, mais uma vez o filho estaria obedecendo ao chamado do seu pai. Desta vez, era uma mudança de região, indo para uma colonização de terra, onde a família Oliveira foi uma das pioneiras.
Ao trocar Guapó por Itajubá e que depois se tornou Iporá, tudo era novidade para aquela família. O jovem solteiro, Odilon, juntamente com seu pai, certo dia foi conhecer os vizinhos de fazenda, famílias que tinham chegado pouco tempo antes para aquela região, com o mesmo objetivo de desbravar, plantar e criar animais. Do lado estava a fazenda do senhor Gustavo Queiroz, onde fizeram uma visita na qual o olhar de Odilon cruzou com o olhar de Altamira de Queiroz Oliveira, linda jovem filha daquele fazendeiro. Ali, de olhares trocados até a conversa e encontros, surgiu o sentimento que iria os unir pela vida inteira. Eles se casaram em 2 de outubro de 1945.
Foram quatro frutos desse amor entre Odilon e Altamira. São seus filhos: Wilma Oliveira Queiroz Pena que se casou com Gilberto Scudeller Pena, tendo tido 4 filhos: Gilberto, Daniela, Érica e Guilherme. Outro filho foi Anísio Alves de Oliveira (Anizinho) que se casou com Ercília Figueredo de Oliveira e de cuja união nasceram: Leonardo, Cíntia e Bruno. A terceira filha de Odilon e Altamira foi a Nilza Alves de Oliveira, tendo sido casada com Silva Rezende. Da união nasceram: Emerson, Everton, Simone e Odilon Neto. A filha caçula foi Olmira de Oliveira (Mirinha)e que se uniu a Elias Araújo Rocha Filho e tendo tido 3 filhos: Gustavo, Frederico e Elisa.
Os descendentes de Odilon José de Oliveira e de Altamira são unânimes em ressaltar a importância deles na educação e formação pessoal, religiosa e profissional de cada um deles. Foram pais amorosos e carinhosos, dedicados no bom encaminhamento na vida de cada um. Se a vida sorriu aos descendentes tem tudo a ver com aquele lar que irradiou toda influência positiva, na vida dos filhos e dos netos e que repercute até hoje, perante bisnetos a imagem do Odilon e também da Altamira.
Perante a sociedade iporaense, a imagem de Odilon José de Oliveira é também muito positiva em todos os aspectos. Foi um homem influente e que interagiu muito bem com os segmentos sociais de Iporá, apoiando as boas condutas dos políticos e combatendo aquilo que havia de errado, a fim de que a história de Iporá tivesse outro rumo.
Odilon teve uma relação próxima com o Padre Wiro Van Wliet, o pároco que atuou por 45 anos em Iporá. Estava próximo do Padre Wiro em várias atividades religiosas e nas obras de expansão de igreja, quando foram edificados prédios onde funcionaram as pequenas comunidades religiosas em bairros ou fazendas. Da Serraria da Fazenda Mata Azul saíram madeiras que foram servir para obras da igreja e também de interesse social e até de moradias de pessoas carentes. Antes mesmo do Padre chegar, Odilon já tinha doado toda a madeira quando da edificação da Igreja matriz.
A inteligência e o esforço de Odilon José de Oliveira fez com que sua propriedade rural fosse um modelo para toda região. Quando iniciou suas atividades rurais, ao perceber que os fazendeiros vizinhos todos tinham engenho de cana, decidiu que enveredaria em outros empreendimentos para diversificar e que seriam úteis a ele e aos demais. Quanto à sua produção de cana, cedeu aos donos de engenho em troca de percentagem da produção.
Uma queda dágua no córrego Mata Azul inspirou o inteligente fazendeiro a instalar ali uma pequena usina hidrelétrica. Isso foi inédito para toda zona rural desta região do Estado de Goiás. Essa usina gerou energia para iluminar a casa e, mais tarde, permitiu também, o funcionamento de uma televisão. A usina era tão prática ao ponto de ser ligada e desligada a partir de um dispositivo instalado na janela do quarto de Odilon e Altamira.
Como o senhor Odilon José de Oliveira era muito versátil e de espírito de desportista, fez em sua fazenda dois espaços para a prática esportiva de todos daquela região. Tinha um campo de futebol e também uma cancha, que é a pista de mais de um quilômetro apropriada para corrida de cavalos. Dentre tantos times e campeonatos, Odilon mostrou sua habilidade com a bola nos pés, defendendo o time da Mata Azul. Em corridas de cavalos, montado no cavalo Quebrante, vencia todas as provas. À noite, os jogos de truco e de damas eram o lazer de uma fazenda onde reinava muita paz e alegria.
A fazenda que o senhor Odilon José de Oliveira administrava produzia de tudo, tanto para a subsistência da família como para a venda. Ele formou grande grandes lavouras de café, arroz, milho e feijão. Quanto a bovinos a fazenda foi muito produtiva em gado de cria, recria e engorda.
As práticas de plantio e de criação de animais na Fazenda Mata Azul tinham um estilo diferenciado, uma vez que Odilon via nas outras pessoas a condição de parceiros de negócios e não como empregados. Ele dava aos muitos agregados da fazenda a oportunidade de criação de animais e de quintais com abundantes colheitas de frutas e verduras. Em muitas ocasiões Odilon não cobrava arrendo de quem plantasse em suas terras. Apenas exigia que, após três safras colhidas, o parceiro formasse no local a pastagem.
Em um tempo em que nossa região de Iporá ainda tinha as características de sertão, o senhor Odilon José de Oliveira, que outrora tinha estado na grande Uberaba e que servira ao Exército brasileiro, era um homem diferenciado neste lado do Estado, com muitas informações. Estava sempre atento ao noticiário que ouvia em seu rádio de pilha. Era um homem sensível a beleza das artes. Sabia dedilhar e cantar ao violão algumas canções, mas não fazia exibições públicas, apenas o canto em família, junto à esposa Altamira e os filhos. Ele era assinante de várias revistas, a exemplo de O Cruzeiro e Seleções, que chegavam em Iporá nos voos da Vasp. Esse seu mesmo gosto pelo conhecimento foi um legado dele em favor de seus filhos, os quais tiveram o apoio do pai para estudar em Goiânia.
Como era um homem muito em sintonia com o mundo e ciente dos avanços tecnológicos, sempre conseguiu ter ao seu dispor e de seus familiares, os confortos que o trabalho bem recompensado pode sempre nos dar. No final da década de 50, adquiriu um caminhão e uma camionete, naquela época inovações e necessidades para agilização dos transportes. Ele não teve o caminhão somente para si. Este caminhão ficou a serviço da comunidade em uma época em que o carro de bois já não mais atendia as necessidades da comunidade. Com agilidade e mais eficiência o caminhão foi algo importante para a família e para aqueles a quem servia.
Assim era o Odilon, um homem além do seu tempo. Vale a pena registrar uma trajetória de vida tão bem sucedida. Foram apenas 54 anos e dez meses, mas de uma vida intensa e produtiva, com bons exemplos e frutos deixados para a família e a sociedade. Em momento de muita experiência de vida e com muito mais a oferecer, sofreu de um Câncer agressivo. Vai o homem. Fica a história. De onde está, certamente é feliz de ver que a família o honra com exemplos que ele deixou. São 100 anos de Odilon José de Oliveira, esse exemplar pioneiro de Iporá que nasceu em 17 de agosto de 1922.