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Íntegra de entrevista de Padre Pablo para jornal de Goiânia

Dentro deste contexto de polêmicas afirmações do Padre Pablo Henrique, da Paróquia Paulo VI, em Iporá, o Portal Metrópolis, de Goiânia, tem ampla entrevista. O padre explica o que quis dizer na homilia do dia 9 de julho.

RESPOSTAS A PERGUNTAS FEITAS PELO PORTAL METRÓPOLES – PE. PABLO HENRIQUE DE FARIA

Portal Metrópolis – Na Santa Missa do dia 09/07, o senhor fala durante uma homilia que movimento de esquerda e esquerdistas são anticristãos. Diz, ainda, que quem pertence a partidos de esquerda devem se converter. O que o senhor quis dizer com isso? Esquerdistas não devem frequentar a igreja? Não são cristãos? Só pode frequentar a igreja católica quem é de direita? 

Padre Pablo Cumprimento a todos do jornal e todos que lerão minha resposta. Apesar de ter sido uma homilia em uma paróquia para pessoas que me conhecem e sabem bem do contexto o qual a fala foi inserida, essa homilia acabou sendo transmitida em canais nacionalmente e acho que merece ser esclarecida. Com relação a essa primeira pergunta existem muitos erros de interpretação, mas com um fio de verdade. Primeiro quando me refiro a “movimentos esquerdistas” me refiro a levantar bandeiras para partidos de esquerda independente da pauta que defendem. Esse erro pode ocorrer também no outro extremo, quando se defende cegamente pautas de direita sem avaliá-las criticamente, usando a fé e a moral cristã, o que poderia ser chamado de “movimento direitista”. Essa é a primeira grande crítica feita na homilia: defender cegamente um movimento sem analisar se as pautas são contra a fé e/ou contra a moral católica. Isso serve principalmente de alerta aos que estão coligados aos partidos de esquerda, ou seja, não defender tudo que seja proposto pelo partido simplesmente por estar coligado a ele. Mas claro que quem está coligado a um partido de esquerda e não comunga com os projetos de lei contra a fé e a moral, não estão imputados de culpa somente por estarem no partido. Isso acontece muito, por exemplo, a nível municipal (inclusive na nossa região tem um político de esquerda que tenho muito apreço) e estadual, onde os coligados não estão envolvidos em projetos de lei nesse sentido. Por outro lado, existe uma agenda de projetos de lei contra a liberdade, contra a fé, contra a família e contra a vida, que são valores invioláveis e inegociáveis para a fé cristã, que são quase sempre apoiados por membros dos partidos de esquerda. Os que são católicos e apoiam as pessoas que já defenderam ou promulgaram qualquer projeto de lei nesse sentido, devem se converter e colocar os projetos de Deus acima do partidarismo. Esse é o contexto inserido. 

– Com relação a frequentar a Igreja ou não, na pergunta vejo um pouco de falta de conhecimento sobre o que seja a igreja, principalmente o seu papel, e sobre o que seja conversão. Primeiro a Igreja é mãe, e acolhe a todos, sem exceção. Mas ao mesmo tempo que acolhe ela aponta o projeto divino de santidade: aceitar a natureza recebida, viver a pureza nos relacionamentos com outros seres humanos, o dever do amor, o respeito à vida, a sacralidade da família, os deveres como cristãos em geral. É um projeto exigente e que requer uma decisão do cristão radical: ser santo. Ora para isso todos nós precisamos de conversão contínua e diária, principalmente eu que tenho que servir de exemplo. Ou seja, chamar à conversão é chamar para participar da igreja cada vez mais, mesmo que as opiniões não estejam de acordo com o padre, ou bispo ou papa. É ali na Igreja que Deus pouco a pouco convence quem está errado a mudar e reforça quem está certo a perseverar. Então quanto a quem deve frequentar a igreja, eu respondo: todos. E quanto aos que chamo a conversão, ao invés de ser interpretado como pedido de afastamento da igreja, é, muito pelo contrário, um chamado a participar mais de perto dela. Quando eu digo converta-se está implícito: venha mais à igreja; estude mais; questione pessoalmente o pastor; reze mais; participe mais, e assim por diante. Então resumindo, devem frequentar a igreja todos que queiram se aderir sem reservas à verdade apresentada por Cristo, e pela Igreja (mesmo que inicialmente não esteja de acordo com elas. Desde que não pare de buscar a verdade). E quem recebe esse título de cristão é quem interiormente se adere a essas verdades, mesmo que exteriormente muitas vezes caia, e peça perdão, procure a confissão e retome a sua busca. 

Portal Metrópolis – Com essa fala, o senhor não teme a divisão dentro da igreja e, de certa forma, até o afastamento de parte dos fiéis?

Padre Pablo  Aqui acho que o que se deve analisar é o seguinte: o que seria essa unidade que se busca? Unir-se em “verdades relativas” (mentiras)? Cada um tem a sua verdade e cada um age como quer? Mas aí entra em contradição intrínseca com a radicalidade de Cristo, que deu a vida por essas verdades. Eu mesmo, antes era médico, tinha uma vida tranquila, pensava em me casar. De repente, para me aderir a Cristo renunciei a grande parte disso, e hoje livremente decidi ser obrigado a viver até mesmo o celibato. Isso seria violência? Não vejo assim. Se a divisão se relaciona a dividir os que querem seguir a Cristo e os que não querem seguir a Cristo, mas a si mesmos ou a ideologias, digo que essa divisão é inevitável. Até porque faz parte do misterioso livre-arbítrio que Deus nos deu: Deus leva a sério nossas decisões. Interessante notar como que hoje, numa sociedade relativista, apresentar abertamente as verdades de Cristo é tido como violência e discurso de ódio. Na verdade, é a maior proposta de amor já vista pela humanidade. Afinal de contas, foi ele que morreu na cruz como fruto da violência dos que não aceitaram a proposta de verdade que ele ensinou, mas levando em consideração a sua onipotência, podemos dizer que ele deu a vida por suas verdades como fruto total do puro amor. Ensinar a verdade não é violência: é amor. O pai que ama não deixa o filho fazer o que quer, mas o guia e corrige. Continuaremos chamando a todos para se aderir a esse projeto de amor e salvação, mas aos que não querem não iremos forçá-los ou ameaçá-los para seguir. Mas também pedimos a liberdade de propor essa radicalidade, sem ser ameaçado por quem não as aceita. 

Portal Metrópolis – Como o senhor avalia a inserção de pensamentos políticos no raciocínio do evangelho? – Em postagens na internet, em seu perfil pessoal, o senhor mantém a prática de se posicionar politicamente, inclusive favorável a pensamentos e posições do Jair Bolsonaro (sem partido). O senhor é um apoiador do presidente?

Padre Pablo  Acho que não seja difícil de se notar no Brasil e no mundo, que a cada dia tem-se usado dos três poderes políticos para se inserir projetos de lei que ferem aquilo que citei acima (liberdade de culto, a fé, a moral, a vida e a família). Todo cidadão está inserido em um contexto político, que pode favorecer a fé ou pode impedi-la parcialmente (países socialistas) ou totalmente (países comunistas). Na verdade, qualquer governo totalitário tende a roubar a liberdade de culto a querer impor suas regras em detrimento das de Cristo. Então logicamente, o cristão deve estar totalmente inserido no contexto político lutando por seus direitos e valores. Além de ser dever do pastor sim alertar os fiéis sobre projetos que estão sendo tramados contra a fé e a moral, antes que em pouco tempo nossos fiéis não encontrem mais um meio social que favoreça o crescimento na fé e na virtude, ou mesmo antes de criarem leis que limitem parcialmente ou totalmente o cristão de exercitar a sua fé. Como eu disse, defendo na política esses valores, que hoje, tem coincidido na sua grande parte com o governo atual, e por isso o apoio. A Igreja não é nem de esquerda nem de direita, mas combate a esquerda quando defende valores anticristãos, assim como combateria a direita se defendesse valores anticristãos. Se amanhã esse governo mudar de posição com relação a esses valores inegociáveis do cristianismo, no mesmo instante buscarei um outro que lute pelos mesmos. Isso me faz ser apenas um pastor, e não um direitista, como tantos querem rotular. 

Deus abençoe a todos!

 

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