Vitimado por câncer no estômago, faleceu nesta manhã de quinta-feira, 26, no Hospital Cristo Redentor, o senhor Dinair Cunha (Negrinho Cunha). Ele é o pai da prefeita eleita de Iporá, Maysa Cunha.
O agropecuarista Negrinho Cunha era nascido em 10/06/1947. Portanto, tinha 77 anos. O velório ocorreu no Salão da Pax Bom Fim, em frente ao Cemitério São João Batista, onde foi feito o sepultamente às 17:30 horas.
Em seis de setembro passado o senhor Negrinho Cunha descobriu um câncer de estômago e desde então vinha travando uma dura luta contra a doença. Negrinho Cunha é de uma família tradicional em Iporá. Ele deixou a esposa Doralice e os filhos Maurício e Maysa.
A seguir, a história da família. Trecho extraído do livro “A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE IPORAENSE”.
Orozimbo Inocêncio da Cunha e Honestina Francisca da Cunha foi casal que se estabeleceu com pioneirismo nas proximidades do Morro do Macaco, onde cultivou suas terras e criou os filhos. O casal veio de Guapó na década de 40. Ao vir para comprar terra, de imediato já teve problemas em negociações. Havia complicações em documentação e teve que pagar por duas vezes uma mesma terra de 40 alqueires. Quando quitou a terra perante seu primeiro comprador, apareceu um outro para alegar que era o legítimo dono. Com isso, teve que pagar a mesma terra em uma segunda vez. Mas quando se apossou de fato e de direito da fazenda foi um produtivo ruralista, que ali se estabeleceu com criação de gado e plantações de arroz, milho, feijão e a cana de açúcar que fazia movimentar o engenho que instalou na sede da fazenda. Do córrego Cafezinho desviou uma água que chegava em bica na porta da casa e tocava o monjolo que preparava os cereais. Era um ambiente de fartura e que propiciava a venda de excedentes da produção. Com seu carro de bois saía em cidades como Iporá e Israelândia a vender rapaduras e demais produtos da fazenda. De uma lavoura de algodão vinha o produto que a Dona Honestina precisava para fiar, tecer e ter como fazer roupas para os membros da família. Era a dona de casa que cumpria com seu papel. A família tinha intensa vida de religiosidade e de lazer, com os animados bailes em diversas ocasiões, juntando outras famílias das circunvizinhanças, com seus membros jovens ou adultos. A religiosidade era uma prática através da folia de reis, a cada ano muito esperada e para a qual o senhor Orozimbo se dedicava muito. Gostava de girar com a folia e também de acolher em sua casa os festejos principais de um giro. Contam os descendentes que quando a folia ia embora tinha quem chorasse. Uma outra ocasião de união e alegria eram os mutirões de serviços braçais para ajuda e que sempre terminava em uma noite de baile. Findo o dia de serviço, os homens que estavam no mutirão se dirigiam ao local da dança, empunhando as ferramentas cruzadas no alto e cantando um versinho: “o patrão tá preso/vamos sortá/com garrafa e meia/prá nós toma”. Nestas ocasiões, senhor Orozimbo tocava cavaquinho. Era tempo de alegria, quase somente de vivência na fazenda, com pouca atenção para as coisas da cidade. Na parte política, Orozimbo tinha uma preferência por Israel Amorim, poderoso líder político da época. Dessa forma viveu sua vida, deixando 9 filhos, os quais frequentaram uma escola rural, mas Orozimbo teve condições de, mais tarde, oferecer o ensino da cidade para os seus. Dos filhos, só a Agostinha é filha que nasceu fora do município de Iporá. Nesta terra, ela se casou com João da Costa Ataídes, o João do Dó, de tradicional família de pioneiros. A filha Dalcina se casou com o conceituado advogado Antônio Floryvaldo. O filho Jair foi pedreiro e carapina e se casou com a Cândida Maria. O Dinair (Negrim Cunha) se casou com a Doralice. A Maria se casou com o Marcos Perné, de tradicional família e que cuidava do Cartório do Primeiro Ofício, onde ela também trabalhou. O filho Divino é divorciado. O Antônio Sérgio herdou do pai a lida com fazenda e se casou com a Maria Raimunda. A filha Aparecida se casou com o médico Rafael e o Sebastião Carlos faleceu ainda solteiro. Descendentes da família ocupam espaço de destaque na sociedade, a exemplo de Maysa Cunha, vice-prefeita de Iporá. Ela é filha do Negrim Cunha e da Doralice. Esta é a história da família de Orozimbo e Honestina, um casal que um dia decidiu vir para Iporá e somar para a formação desta sociedade.