Você vai encontrar, nesta edição, os nomes de, praticamente, todos os antigos moradores das ruas Piaui,Rui Barbosa, dos Democratas e da Vila Campolimpinho, lá do Amorinópolis antigo, quando ainda se chama Campo Limpo. Vai se lembrar de amigos e parentes que, em alguns casos, não estão mais conosco.
Rua Piaui
Na rua seguinte, a primeira depois da praça, sentido Rio Verde, hoje chamada de Rua Piauí (acho que antigamente já tinha esse nome, mas a gente só identificava as ruas naquela época, como sendo a rua do fulano de tal ou, então, a rua de algum armazém ou loja), para o lado direito tinha a casa do Divino Mineiro, onde hoje é a casa do Elias Mineiro. Por sinal, o Elias havia morado, antes, em uma casa de frente a sua casa atual, onde depois morou o Mauro Chico. Ele tinha vários irmãos, sendo o mais velho o seu Juca Mineiro. Os outros dois mais novos eram o Luis e o Maurício. A família toda era conhecida como ‘os mineiros’. Os dois irmãos mais velhos, Juca e Elias, eram casados com duas irmãs, respectivamente dona Izabel e dona Zulmira. Dona Izabel não teve filhos. Dona Zulmira e o Elias tiveram o Eduardo – que foi criado mais pelo seu Juca –, o Edimar, casado com uma filha do João Chico e a Marisa – esposa de meu primo Omar. Lembro-me do seu Juca montado numa mula, com o Eduardo pequenininho na cabeça do arreio, indo para a fazenda dele lá no Espraiado. Esse menino recebeu todos os presentes e todos os chamegos possíveis dos padrinhos-pais e todas as condições para estudar. Dos outros irmãos do Elias, o Luís casou-se com a Adélia do Pereirinha e o Maurício com a Biridiá do Zé Vendeiro. Aproveitando o gancho, seu Zé Vendeiro morreu recentemente, parece que no fim de 2008, com quase cem anos.
Mas voltando a falar sobre os outros moradores dessa quadra, depois da casa do Divino Mineiro, na esquina de baixo, havia a casa do Gildásio Coutinho e da tia Zenaide. Era a última casa dessa rua. Do lado esquerdo havia uma casinha logo abaixo da casa do seu Dolores, onde morou o Pequeno. É provável que pouca gente se lembre dessa pessoa, mas era um baiano de Lençóis, meio parente de seu Toninho Barbosa, cujo ofício era fazer muros de taipa. Quase todos os terrenos das casas de Campo Limpo eram divididos por este tipo de muro, que consistia em colocar duas tábuas separadas por uns trinta centímetros uma da outra, encher o intervalo de terra e socar bem; depois subia as tábuas e continuava enchendo de terra, até chegar à altura desejada. E o Pequeno era o grande especialista neste tipo de construção. A casinha dele está lá até hoje. Depois dela, já falei que havia a casa em que morou o Elias Mineiro e o Mauro Chico. O Mauro foi para a cidade para que ele e os filhos pudessem estudar, assim que foi criado o ginásio na cidade.
Nesta mesma rua Piauí, indo da avenida principal para o lado do Balbino, destacava-se, do lado esquerdo, o Hotel Junqueira, do seu Evaristo Junqueira e, logo ao lado, a casa do seu Etelvino, filho do seu Evaristo. Em frente ao Hotel havia a casa do Geraldo Calixto, onde moraram depois o tio Rui e tia Célia, pais dos meus primos Julimar, Jucélia, Hermínio Augusto e Marcélia. Depois vinha a casa do seu Saturnino Ramos Sobrinho e dona Elsa, pais do Natal, hoje médico em Iporá. Essa casa foi vendida, posteriormente, para o João Carlos, parente do Zezinho Diógenes. Na esquina de baixo foi o Hotel Rio Verde e, depois, a casa de dona Augusta, de saudosa memória. Abaixo da avenida da igreja católica, nessa mesma rua, do lado esquerdo vinha a casa da Mana, ou quartel general da moçada nos anos sessenta. Abaixo da casa da Mana era a casa da dona Elvira, avó da Maria Helena Guimarães. Mais para baixo um pouco morou o Rafael, filho de dona Augusta e também o seu Zé Lopes, açougueiro famoso e que ainda vive forte e saudável, meio triste depois que ficou viúvo. Em frente a casa da Mana morou um açougueiro de nome Zé Pedro, pai do João Batatinha, do Geraldo, da Lúcia, da Sílvia (Coruja?), da Rosinha e da Maria.
Rua Rui Barbosa
A rua seguinte, a última antes da baixada, hoje denominada Rua Rui Barbosa, era a rua da casa do Tito, de nome verdadeiro Coriolano Pereira Passos, casado com a Margarida. O Tito já nos deixou há algum tempo atrás. Antes, morou por ali o seu Wilson Graciano, que tinha uma máquina de arroz. Ao lado da casa do Tito havia a igreja presbiteriana, freqüentada por algumas pessoas, dentre elas a família do seu Pedro Nascimento. Interessante é que essa igreja nunca foi pra frente, sempre com poucos adeptos. A de Iporá, da mesma forma. Foi pioneira na região, mas nunca cresceu. Teve uma época, me parece, que a escola do Sandoval funcionou por ali também.
Indo agora para o lado do Balbino, a casa da esquina, do mesmo lado da casa do Tito, era o posto de gasolina do seu Romão. Depois virou cadeia pública. Em frente, na esquina do outro lado da rua, era o armazém armazém Boa Sorte do seu Romão, o mesmo nome da loja que ele teve no início dos anos cinquenta, ali onde depois foi a casa do seu Leopoldino, na esquina de baixo da Praça. Na esquina do outro lado da Avenida Maranhão, de um lado era a casa do João Leão e da Dôra e do outro a casa onde morou o seu Florêncio, a que já me referi na descrição dos moradores da Avenida Maranhão.
Rua dos Democratas
Na outra rua de cima, de nome atual Rua dos Democratas, era a rua do grupo escolar, que hoje se chama Alfredo Nasser, que ninguém nunca viu por nossas bandas e nem ele sabia que existíamos. Essa escola poderia se chamar, muito bem, Aurélia Neville de Sousa, que ensinou, a vida toda, às crianças de Campo Limpo/Amorinópolis. Não posso deixar de falar sobre uns amigos nossos muito queridos, que moravam para o lado direito da avenida principal. Eram seu José Ico ou Zeíco e dona Vergínia, acompanhados dos filhos Zé Lázaro – meu grande amigo e colega de infância, que já nos deixou –, Lázara, Fiinha – esposa do Geuri – e, ainda, o Oripim, famoso cantor do coral da igreja católica da cidade. Dona Vergínia e seu Zeíco merecem o meu mais profundo respeito e admiração, não só pelo caráter e moral que sempre souberam cultivar, mas também pela coragem, fé e força de vontade com que presidiram o centro espírita da cidade, numa época em que este tipo de culto era considerado como parte do diabo. Só me lembro deles fazendo o bem para os outros. Em frente ao grupo escolar, que me lembre, moravam o Armando Felesbino de Menezes, irmão do Tunico Dentista, que tinha uma quitanda ali; morava, também, a dona Alzira do seu Dilídio, pais do Cheirinho. Tinha casa ali, ainda, o seu Pedro Beraba, pai do Quinca Beraba, este casado com a Cissi do João Costa. Eles mexiam com carro de boi, entregando lenha, por exemplo. Nessa mesma rua dos Democratas, depois da avenida Maranhão era a saída para a Santa Marta, pros lados do seu Pedro Crispim. Logo depois da esquina era a casa de duas beatas baixinhas, de nomes Maria e Ozória. Elas eram especialistas em fazer uns pastéis deliciosos, que colocavam em um caldeirão de alumínio que brilhava de tão limpo, cobriam com um pano alvíssimo, bordado, e saíam vendendo pela cidade. Adiante um pouco já era a chácara do Teodoro Pio.
Campolimpinho ou Vila Geraldo Rodeiro
Vou encerrar este capítulo sobre os moradores da antiga Amorinópolis, falando um pouco sobre as pessoas que moravam para os lados do Campolimpinho, que agora parece se chamar Vila Geraldo Rodeiro. Justa homenagem a um dos pioneiros da região, que infelizmente nos deixou no início de 2010. Na virada da avenida principal, lá em cima, saída para Rio Verde, tem uma casa do lado direito onde morou o Neném Tosta, que depois vendeu para o Bastião Fiico. Em seguida era a casa e a oficina do seu Jerônimo Ferreiro, um dos mais antigos moradores de Campo Limpo, de nome verdadeiro Jerônimo Lourenço. Sua casa ainda é do mesmo jeitinho de sempre, com as portas queimadas por marcas de ferrar gado, que ele ia fazendo e testando. Em seguida era a casa do Santo, casado com uma irmã do Felicinho, que por sua vez era casado com a Dona Fia, irmã do Geraldo Toquinho. Pra frente um pouco era a casa da Dona Neném, irmã do Sinhô Paulista e que já veio viúva de Patos de Minas, permanecendo sozinha até o fim da vida. Mais adiante era a casa da Dona Narcisa, mãe do Zé da Narcisa, que mexia com caminhão e que era casado com uma das filhas do Otávio Crispim. Pra frente mais um pouco era a casa e o Armazém do Bastiãozinho Três Dedos. Por último vinha a casa do seu Zé Luiz, tocador de boiadas e chefe de comitivas em Minas Gerais e São Paulo e que aqui virou barbeiro, depois que encerrou aquela atividade. Havia, ainda, a casa da família do Osvaldo Gago, no tempo em que ele ainda jogava futebol e a dos pais do Dinamérico. Um pouco mais adiante, perto das mangueiras que ainda existem junto do asfalto até hoje, havia uma casa em que morava o fiscal que carimbava as notas dos caminhões que saíam com cereais e voltavam com produtos industrializados. Nesse local havia uma cancela e só podia passar depois de fiscalizado. Um desses fiscais era o Sílvio de Freitas Silveira, irmão da Mana, marido da Marita e pais do Silmar – que foi casado com a Kátia da Dôra –, da Sílvia e de mais outra de que não me recordo o nome. Tinha muito mais gente praquelas bandas, mas só consegui me lembrar desses.
Perto do campo de futebol morava muita gente querida também. Um deles era o seu Eliel José Lourenço, irmão do seu Jerônimo Ferreiro, cujos filhos possuem, hoje, uma fábrica de foices em escala maior, que abastece o comércio da região toda. Havia, também, a casa da Dona Ana Toquinho, mãe do Amado – grande goleiro do time de futebol da cidade –, do Joaquim Alfaiate e de mais um monte de filhos. Por falar em Joaquim Alfaiate, no início de 2010 o Ernandes do Dino me procurou para recepcioná-lo em Goiânia, já que estava passando por lá. Mora hoje em Machadinho D’Oeste, no Estado de Rondônia. Eu estava viajando e não pude comparecer. Outro que morava por ali era o Zé Laurindo, casado com uma das irmãs do seu Zé de Almeida, cujos filhos se chamam Divino, Sebastião e outros de que não me lembro mais. Tinha, também, uma casa em que moravam três irmãos beatos de nomes Geraldo Correia, Teodoro e Bia. Havia a casa do Gumercino, genro do Celute, cujos filhos me parece que se chamavam Sebastião, Andrelina e Marolina. Tinha a casa do João Ariba, pai do Sebastião e da Santila. Morava por ali, também, a dona Mariquita, mãe do Joaquim, do Dumitil e do Dionízio. Tinha, ainda, o Pedro Baiano, pai do Osvaldo, do Damião, do Cosme, do Raimundo e da Anita, esposa do Doca. O Pedro era irmão do Joaquim Baiano e do Antero Baiano. Tinha, também, a casa do Jorjão, pai do Odair, do Cardão e de mais uma renca de filhos. E havia a casa do João de Sousa, pai do Divino Açogueiro. Para fechar, lembro-me de que moravam por ali, ainda, a Bia Baiana, a Francina mãe do Sílvio, da Tonha e do Jerônimo; a dona Abadia mãe da Maria e do Pedro, aqueles da carrocinha. A Bia Baiana é mãe da Tida, da Natinha, do Marcelon, do Baiano, do Mambira, da Zenilda, do Paulinho, da Santa do Zé Lópes e da Preta. Parece que mora até hoje por lá. Disseram-me que está muito doente. Vou lá qualquer dia desses, visitá-la.
Interessante foi que um dia eu estava lá em Mato Grosso e embrenhei-me por umas estradinhas meio sem saída, enrolando-me por ali até o fim da tarde. De repente apareceu uma vilazinha de assentados perto de uma represa e eu encostei para perguntar o caminho de volta. Parei na porta de um boteco e chamei o dono para obter informações. Conversa vai, conversa vem e resolvi perguntar ao rapaz de onde ele era. Ele foi logo explicando que era de Goiás, de uma cidadezinha que pouca gente conhecia, de nome Amorinópolis. Então perguntei de quem ele era filho. Sabe de quem? Exatamente da Bia Baiana. Aí foi aquela alegria, aquela satisfação. O mundo é pequeno, né siô?
Vai faltar muita gente sem ser citada, mas foi o que consegui, com a ajuda dos amigos. Mas agora chega! Vou parar de falar sobre as pessoas da cidade, porque até eu já estou ficando zonzo com tanto nome de gente. Vão ficar faltando várias pessoas ainda, tenho ciência disso, e geralmente falta aquele que não poderia deixar de ser citado. Mas fui até onde a memória permitiu. Sei que muita gente vai ficar chateada por não ter sido citada ou porque faltou algum parente seu, mas os anos passados e a falta de convivência com a maioria das famílias daquela época fizeram com que minha memória falhasse por várias vezes. Peço que me desculpem. Sei que poderia ter parado uma semana lá na cidade e conversado com mais gente do antigamente, mas essa tarefa vai ficar para uma pessoa que seja do ramo. Um escritor ou pesquisador de verdade. Eu sou só um amorinopolino cheio de saudades do passado.
Era mais ou menos assim o Campo Limpo dos anos cinquenta, sessenta, no século passado. Deixei de fora quase tudo que apareceu depois desse período. Praticamente todas as pessoas citadas eram fregueses da farmácia de meu pai, portanto, eu as conheci bem de perto. Para conferir, basta olhar no braço ou nas nádegas daqueles que eram crianças naquela época, que você vai ver uma marca de vacina contra varíola, aplicada por meu pai, lá na Farmácia Popular.