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Quem diria… Israel Amorim perdeu uma eleição. Veja como foi…


Publicamos hoje o décimo terceiro capítulo do  livro ISRAEL AMORIM: UM HOMEM QUE RELUZIU MAIS QUE SEUS DIAMENTES. A Obra é de Ubirajara Galli e que foi patrocinada por Jaldo de Souza Santos, com incentivo de Elpídio Júnior e Davi de Souza Santos.

A inesperada derrota eleitoral para Manoel Antônio da Silva
Se a eleição para a Assembleia Legislativa de Goiás, no ano de 1954, trouxe a Israel Amorim o desapontamento da não titularidade para ocupar assento na Casa, a sua pretensão de voltar à prefeitura de Iporá, trouxe-lhe a inapagável decepção de sua vida, até seus últimos momentos sobre a terra. 
Revolvendo a eleição para a Assembleia, não havia, na região de Iporá, nenhum nome mais forte, mais expressivo e dotado de vigor econômico, do que Israel Amorim, dentro da legenda do PSD, para pleitear uma cadeira de deputado estadual. Ainda assim, por fatores, que só mesmo em vida, talvez, Israel Amorim poderia ter decifrado — o que infelizmente não correu — poderíamos ter uma explicação mais racional para o insucesso de ele não ter se garantido como titular da cadeira de deputado. É… mas isso, sem dúvida, virou café pequeno, ante seu pleito de retorno à prefeitura de Iporá.
Não havia e não se falava em Iporá, na época da sua terceira eleição para prefeito, ocorrida em 1956, em outro nome, senão o de Israel Amorim. Até mesmo a oposição demonstrava ceticismo para escolher, entre os seus correligionários, alguém que, pelo menos, cumprisse com a formalidade do partido, em apresentar um nome, para participar do pleito. Realmente, tudo indicava que, se houvesse alguém disposto a enfrentar Israel Amorim, seria apenas para honrar heroicamente o partido de oposição, no caso: a UDN.
Diante da falta de um nome da oposição que tivesse uma história pessoal, no soerguimento de Iporá, de destaque, na tímida sociedade iporaense, em formação, surgiu, como forma de “Dom Quixote”, o estudante Manoel Antônio da Silva, aluno da Escola Técnica Federal de Goiás, de 22 anos de idade, que aceitou o desafio do “impossível”: derrotar, nas urnas, o imbatível Israel Amorim. 

O surpreendente resultado dessa eleição trouxe a vitória ao estudante, por apenas dois votos, e fez dele o prefeito mais jovem do País. A queda de Israel Amorim, nas urnas, pode ser explicada, por vários fatores. Entre os quais: 
 Havia uma distância muito grande de gerações, entre Manoel Antônio da Silva e Israel Amorim. Estudante em Goiânia, Manoel Antônio da Silva vivia a efervescência da era JK, do início da construção de Brasília, dos movimentos estudantis e dos discursos inflamados que brotavam dos seus grêmios, uma juventude que acreditava na materialização dos seus sonhos. Esse era o ambiente, o oxigênio que respiram Manoel Antônio da Silva. Foi nessa vivência que ele acabou se notabilizando pela facilidade de sua oratória. Acreditar no sonho e ser bom de palanque, sem dúvida, chamou a atenção dos iporaenses, no passo a passo da campanha. 
Israel Amorim nasceu e sempre foi um homem que, durante a sua vida inteira, interagiu com as coisas do sertão. Pode-se dizer que ele fora um empresário sertanejo, bem-sucedido e de gentil coração. Sempre disposto a ajudar a todos que o procurassem. A usura nunca fez parte do seu legado humano. Enfim, por mais oportunidades que a lavra mineral lhe proporcionou, como frequentar os grandes centros urbanos mais desenvolvidos, acesso à sociedade goiana, por mais que ele se esforçasse, havia uma limitação intelectual nata, construída no seu dia a dia de formação existencial. 

Ainda assim, promoveu o traçado urbanístico moderno de Iporá; promoveu a comunicação e transporte aéreo da futura cidade, quando ela sequer figurava no mapa do País; Promoveu a reforma agrária do seu jeito, eliminando os grandes latifúndios, nos beirais de Iporá. Gesto que contrariou esses proprietários de terra que se voltaram contra Israel Amorim.
A escolha de Antônio Mendes da Silva, sucessor de Israel Amorim foi extremamente mediana, como gestor público, praticamente, em nada contribuiu, para a sua pretensão de retorno à prefeitura. Para melhor clarificar, ele não foi um bom cabo eleitoral.
Desde a chegada dos Sousa Santos, em Iporá, todos de formação evangélica, a exceção entre eles era Israel Amorim, então católico. Quando as irmãs Milca de Sousa Santos e Aldenora, com o apoio de Israel Amorim, construtor do Grupo Escolar, esse estabelecimento de ensino virou para a igreja católica, “a escola dos crentes”, quando na verdade, nunca houvera por parte da direção da escola qualquer ensinamento evangélico. Não havia na grade curricular da 
escola, propostas de cunho doutrinário religioso. Quando a família Sousa Santos fundou em Iporá a igreja presbiteriana, no ano de 1949, realmente deve ter sido a gota d’água que faltava para a promoção de retaliações mais contundentes da igreja católica local, contra os Sousa Santos e Israel Amorim. 
Nas páginas do jornal Diário da Manhã, edição de 25 de março de 2010, publiquei o seguinte texto, que melhor elucida a perda eleitoral (de motivação religiosa) de Israel Amorim:
A excOMunhãO públIcA de ISRAel AMORIM
e dOS SOuSA SAntOS eM IpORá
Nas eleições para prefeito de Iporá em 1956, envolvendo Israel Amorim, ele o principal artífice, entre outros pioneiros, que deu corpo e alma a essa a cidade, e Manoel Antônio da Silva, representante da UDN local, um dos fatores que muito contribuiu para a sua inesperada vitória foram as digitais das mãos da igreja católica de Iporá. A maioria familiar dos Sousa Santos era constituída de evangélicos. Exceções para Israel Amorim, casado com Olga de Sousa Santos, e do irmão desta, Elpídio de Sousa Santos, mentor político do cunhado.
A implicação dos representantes da igreja católica com Israel e os Sousa Santos já era coisa começada com a igreja presbiteriana que a família ajudou a fundar em Iporá; além do Grupo Escolar, construído por Israel que hoje leva seu nome, considerado pela cúpula católica iporaense como uma unidade de ensino evangélico. Algo que nunca ocorreu. O Grupo Escolar era dirigido por Milca de Sousa Santos que, procurava sim, erradicar o alto índice de analfabetismo, independente de crenças religiosas. Cultos evangélicos nunca fizeram parte do currículo educacional da escola. Somente a evangelização do conhecimento era ministrada pelo dedicado e pioneiro grupo de professoras. 
A importante ajuda eleitoral da igreja católica iporaense teve início quando “alguém” da comunidade, nos interstícios da madrugada, obviamente não fazia parte do grupo político de Israel, passou fezes humanas na fechadura da igreja e na corda do sino. Esse “alguém”, ou seu emissário, teria soprado nos ouvidos do padre Henrique Béssemam que o atentado fecal, só poderia ser coisa de Israel e dos Sousa Santos. 
A resposta ao atentado, quem sabe oportunizada pelo padre, veio em forma de uma excomunhão pública dirigida aos Sousa Santos e Israel, através do serviço de som da igreja, justamente numa data católica festiva, quando muita gente da população rural de Iporá se encontrava na cidade. A excomunhão pública teve, ainda, o desdobramento com a celebração de uma missa, em que o padre ameaçou os fiéis no seu sermão, em bom tom e vivíssima voz, afirmando que, se eles votassem em Israel, Iporá ficaria por anos sem a presença sacerdotal da igreja católica. 
A excomunhão poderia ter tido um desfecho até violento se não fosse a oportuna intervenção de João de Sousa Santos, que impediu outros meios de resposta. João de Sousa Santos respondeu ao padre, também se utilizando de um sistema som, pregando a paz, o amor, a compreensão, ante a imerecida execração pública a que foram submetidos. 
Naquele tempo, a igreja católica, onde fui batizado, crismado e tenho por ela fé espiritual, ainda ocupava boa parcela do poder, longe de ser hoje, por causa do mofo, ao insistir e cultuar certos dogmas seculares que a cada ano provoca o esvaziamento de seus bancos, causou um seríssimo estrago na campanha eleitoral de Israel para prefeito de Iporá.
 
O voto católico de Israel migrou em fartas cédulas eleitorais para o jovem Manoel Antônio da Silva, vencedor do pleito, por uma diferença mínima de votos. De olho em certas coisas do destino, anos mais tarde, João de Sousa Santos, residindo em Goiânia e, trabalhando na farmácia dos irmãos/farmacêuticos, Jairo e Jaldo de Souza Santos (atual presidente do Conselho Federal de Farmácia, um dos mais importantes nomes da Farmácia brasileira), localizada no encontro das ruas 85 e 84, setor Sul, certo dia, adentra o estabelecimento, de forma desesperada um senhor, acompanhado de uma criança, que ele havia acabado de atropelar. 
Para surpresa de João de Sousa Santos, aquele senhor era exatamente o padre que excomungara a sua família em Iporá. Sem se identificar, fez os curativos na criança. Ao terminar o socorro, o padre solicitou-lhe o valor do atendimento para pagá-lo:
— Quanto devo pagar?
— Nada – Respondeu-lhe, João de Sousa Santos.
— Nada? Mas…como nada?
— O senhor não precisa pagar nada, padre. 
— Uai! O senhor me conhece?
— Conheço, sim, padre! Eu sou João de Sousa Santos, membro daquela família que o senhor excomungou publicamente em Iporá. 
Gostaria de dizer que a sua excomunhão não pegou, não deu certo. A minha família vai muito bem espiritual e materialmente, graças a Deus. 
Sem dizer uma palavra, e com mesma velocidade que entrara na farmácia, o padre dela se evadiu. No entanto, o atropelamento que esse padre provocou na campanha de Israel, não teve cura. Contribuiu e muito para a sua inesperada derrota para Manoel Antônio da Silva, ele que se tornou, na época, o prefeito mais jovem do País.
 
Um fato pitoresco, bucólico, que mais parece uma ficção, peça literária, aconteceu de fato e acabou tirando muito voto de Israel Amorim, foi registrado numa carta redigida 
por seu filho, Armando de Sousa, encaminhada ao meu confrade, na Academia Goiana de Letras, o jornalista e escritor Eliézer Penna, em 14 de julho de 2006: 
Na eleição de 1956, na cidade de Iporá, onde Israel Amorim foi candidato a Prefeito Municipal, pelo PSD, tendo como adversário o jovem Manoel Antônio da Silva, pela UDN, apareceu em Iporá um cidadão conhecido como Afonso Baiano, pois sua origem era da Bahia, do município de Correntina, era letrado e bom de papo e, acima de tudo, um articulador e contador de mentira. Logo ele se aliou à corrente política de Manoel Antônio. O saudoso Israel Amorim era líder dos garimpeiros e ganhava qualquer eleição em Iporá, pelo comando dos distritos: Campo Limpo (Amorinópolis) Mochão do Vaz (Israelândia), Pacu (Jaupaci), Piloândia, Messianópolis e Aropi (Diorama). O tal Afonso acompanhava sutilmente os passos de Israel Amorim. Certa feita, em uma festa em Messianópolis, Israel desceu do Cobó (Moiporá) para ir à festa do amigo em particular, Messias, e líder do distrito. Lá, durante os festejos. Israel Amorim, o candidato, chamou em seus discursos, o senhor Messias, de “Bandeirante” daquela região. Afonso que ouvia tudo e, astucioso, armou uma cilada política. No dia seguinte, aproximou-se da casa do senhor Messias e cumprimentando-lhe, disse: Parabéns, o seu amigo e candidato lhe desmoralizou em palanque enquanto você batia palmas. 
Assustado perguntou Messias: O que foi que ele fez? Respondeu Afonso: 
Ele não te chamou de Bandeirante? Sim! respondeu Messias. Então disse o Afonso: “Bandeirante”, é um palhaço que fica com uma gamela, em uma praça, em Goiânia. Se você tiver dúvida, vou levá-lo até lá e provo. Porém, com o compromisso, se isso for verdade, de você romper com Israel. Feito o acordo, se mandaram, gastou um dia de viagem, pernoitaram no Hotel dos Viajantes. No dia seguinte, bem cedinho, Afonso, junto com Messias, perguntou ao engraxate que sempre ficava na porta do hotel, como se chamava aquele velho da gamela, ali da praça? Respondeu o engraxate: “O Bandeirante”. Afonso diz: você quer ir lá na praça para mostrar ao meu amigo? Sim, eu vou. Quando Messias viu o velho com a gamela debaixo do braço, sem saber do que se tratava, falou para o Afonso: Israel que vá arrumar voto, lá no inferno! Isso aconteceu na véspera da eleição, no distrito de Messianópolis, onde Israel sempre ganhava com a vantagem de 200 votos, foi uma decepção, 
na urna teve menos de 148 votos e, diante desse fato, perdeu eleição para prefeito de Iporá por dois votos. Israel morreu tendo conhecimento da história do Anhanguera, e com ódio da palavra “Bandeirante”. 
Ao livro, Armando de Sousa, prestou o depoimento abaixo, onde emoldura a sua visão para a eleição perdida de seu pai Israel Amorim:
Na época, Iporá já tinha agrimensor, engenheiro, advogado, uma classe profissional que já tinha cultura, e papai foi buscar um cidadão de bem, honrado, de nome Antônio Mendes da Silva, no Distrito de Aropi (nome inverso de Iporá) para ser seu candidato a prefeito de Iporá, em sua sucessão. Isso mexeu com o brio dessas pessoas, principalmente, aquelas que tinham pretensão política. Inclusive, dentro da nossa própria família, tinha várias pessoas estudadas, e uma delas poderia ter sido escolhida pelo papai para ser candidato a sua sucessão. Na época, ainda não havia impedimento legal, da justiça eleitoral, para escolher parentes para sucessão de cargos públicos. Papai acabou elegendo Antônio Mendes da Silva com uma margem astronômica de votos com relação ao seu concorrente. No entanto, ele não possuía capacidade administrativa. 
Assim, Iporá ficou à mercê da sua administração ruim por todo o seu mandato. Por conseguinte, a oposição buscou em Goiânia, um jovem filho da terra que estudava em Goiânia, na Escola Técnica Federal, — de nome Manoel Antônio da Silva —, inteligente, corajoso e exímio orador para enfrentar meu pai. Manoel Antônio acabou ganhando a eleição do meu pai por apenas dois votos de diferença. Eu acredito e vou morrer acreditando, que todo político tem a sua hora de errar, a hora do meu pai foi quando ele resolveu buscar, no distrito de Aropi, uma pessoa que não tinha capacidade administrativa e sequer morava em Iporá. 
Com certeza, se Israel Amorim, por volta das 11 horas da manhã, do dia em que transcorria a eleição, tivesse ouvido seu cunhado-vereador, Elpídio de Souza Santos, que percebeu paridade na disputa, entre Israel e seu concorrente, teria mudado o resultado da eleição. Israel não atendeu à sugestão de Elpídio para que providenciasse transporte para buscar a família do senhor Zequinha Gonçalves que residia às margens do rio Caiapó, que votaria nele, sendo eles, 
mais ou menos, seis eleitores. Votos que teriam mudado a biografia política de Israel Amorim. 
De todos os fatores o que mais pesou para a derrota de Israel Amorim, foi sem dúvida, o seu comodismo, seu menosprezo pelo adversário, por considerá-lo fraco, inexpressivo, algo que não valia a pena empreender qualquer esforço de campanha para derrotá-lo. Deu no que deu. A vitória de Manoel Antônio da Silva, da bem-dividida Iporá, por apenas dois votos que disseram “não” a Israel Amorim, foi o que de pior poderia ter acontecido para a cidade. Quando na verdade, bastaria apenas um voto a mais para Israel Amorim empatar o pleito. 
Nesse caso, a vitória seria dada a Israel por ser ele mais velho que Manoel Antônio da Silva, conforme ainda prevê a legislação eleitoral. 
Encurralado pela situação estadual pedessista, Manoel Antônio da Silva, não teve apoio político do governo, para locação de verbas. 
Melancólico foi seu mandato por falta de recursos. No governo de Irapuan Costa Júnior (1975/1979), Manoel Antônio da Silva ocupou, por certo tempo, a Secretaria do Interior  e Justiça. Seu último intento político foi a frustrada tentativa, em 1992, de se eleger vereador, em Iporá. 

 
Filho adotivo de Israel e que foi prefeito de duas cidades goianas: Israelândia e Guarani de Goiás

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