Em tempo de pandemia, sem muita festividade, o senhor Josias de Oliveira estará reunido com a família na noite de hoje, 21 de outubro, na celebração do seu aniversário. Ele é um dos mais idosos em Iporá (ou talvez o de mais longevidade). Está com boa saúde, voz forte a contar histórias de mais de um século de existência. A audição já não é a mesma, mas tem mobilidade e fala da vida que viveu com muito humor!
Todos os anos o Oeste Goiano acompanha o aniversário do senhor Josias. Ao redor dele, vemos uma família vibrante. Ele é muito querido por todos familiares. Nessa véspera de aniversário dos 110 anos a neta Adriana Rodrigues o brindou com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Contemplando a imagem, senhor Josias vivenciou sua religiosidade.
Esse senhor reside em Iporá, no Jardim dos Passarinhos. É viúvo e vive acompanhado por filhos, netos, bisnetos e tataranetos. Tempos atrás, a reportagem do OG o entrevistou. Ouvimos dele a história de sua vida. Ele é de Boa Vista do Tocantinópolis, em um tempo que aquela região era o norte de Goiás. Mas veio de lá com 24 anos, tocando burros em uma viagem longa.
Quando em 1935 chegou nesta região o nome de Iporá ainda não existia. Em se tratando de aglomerações humanas, falava-se em Comércio Velho e depois Itajubá para que o nome Iporá surgisse, bem depois, nos tempos de Israel Amorim. Ao chegar viu o mato em pé, muito cerrado e alguns fazendeiros ou posseiros. Conheceu o Mestre Osório, o Zé Dias, a família Borges, José Beato, Lázaro Vieira, o Francisco Salles, Quinca Paes e demais pioneiros e trabalhou para o grande fazendeiro Odorico Caetano Teles. Mais tarde, viu os embates políticos entre Israel Amorim e Elias Rocha.
Ele conta que chegou solteiro na região e veio pensando em trabalhar em lavouras ou em fazendas de criação de gado, mas quando aqui chegou o povo só falava em garimpo e, então, teve que aprender a garimpar e foi o que fez, inclusive, com a sorte de ter conseguido bons diamantes no Rio Claro. Quanto as lavouras percebeu que não valeria a pena mesmo plantar muito, já que não tinha pra quem vender e nem tinha estradas para transportar o que fosse produzido para vender em localidade mais distante.
Senhor Josias esteve por um tempo morando em Boa Vista (Ivolândia de hoje), mas depois voltou para Iporá, cidade que parece gostar de verdade. Na história mais recente da cidade de Iporá, ajudou a construir a Igreja da Vila Itajubá, juntamente com outros. É homem religioso, tendo feito parte da Sociedade São Vicente de Paula e de ter tido uma vida feita em orações nos terços. Quando o Clube de Leões faz a Festa do Idoso ele comparece com alegria e até já fez agradecimento a cada cidadão e a cada membro de família ali presente e disse da alegria de reencontrar amigos nestas ocasiões.
Esse homem alegre e de muitas histórias, que já foi garimpeiro e lavrador, foi casado por duas vezes. Numa primeira ocasião, com uma negra que ele conta que vivia em regime de escravidão e ele deu a ela vida melhor. Tiveram três filhos: Ideilda (que casou com Luiz Coqueiro), Zizuína (que casou com Zé Rocha) e Geracina. Em segundo casamento, com Ana, filha de Benedito Caçada e Genoveva Maia de Souza, teve os filhos Maria (que casou com Zé Risada), Terezinha (que casou com Gumercino), e mais Luiz e Conceição e ainda o João (que se casou com Aparecida).
Ele está viúvo há 27 anos, vive cercado pelos cuidados e carinho da família, principalmente das netas, que revezam em sua observação. Mas a saúde está boa e ele gosta de receber visitas a quem possa constar histórias. Parabéns, senhor Josias Oliveira!!!