Oeste Goiano Notícias, mais que um jornal.
Oeste Goiano Notícias, mais que um jornal.

PUBLICIDADE:

Vamos ao segundo capítulo do livro sobre um dos pioneiros de Iporá


A Obra é de Ubirajara Galli e que foi patrocinada por Jaldo de Souza Santos, com incentivo de Elpídio Júnior e Davi de Souza Santos.

Os passos de Elpídio de Souza Santos
A origem

Na região do alto Itapecuru, mesorregião Leste do Estado do Maranhão à margem direita do rio Itapecuru, teve início no Século XVIII a construção do Porto de Desembarque que servia ao município de Passagem Franca. As terras locais eram apropriadas para lavoura e criação de gado, o lugar tornou-se próspera fazenda e centro produtor de algodão e cereais, vindo a ser conhecido pelo nome de Fazenda Grande. Em 28 de maio de 1868 a Fazenda Grande foi elevada à categoria de Distrito Administrativo, com o nome de Consolação. Pela lei provincial nº 879, em 4 de junho de 1870 o Distrito foi elevado a categoria de Vila, recebendo o nome Vila de Picos, este nome foi sugerido por Francisco Dias Carneiro, em função do aspecto geográfico da localidade, rodeada de picos, morros e colinas. A Vila de Picos foi elevada a cidade de Picos em 10 de abril de 1891 pela lei estadual nº 76. 
De acordo com a Legislação Federal não era permitido a duplicidade de nomes de cidades brasileiras, então Picos do Maranhão perdeu para Picos do Piauí, por esta ser mais velha, a cidade passou a chamar–se Colinas, no dia 2 de fevereiro de 1943. 
Na cidade de Picos, hoje Colinas, no dia 30 de janeiro de 1915, às 05:30 horas,  nasceu Elpídio de Souza Santos, filho de Álvaro Theóphilo dos Santos e Isabel de Souza Santos. 

O caminho
Ainda com aproximadamente 02 (dois) anos de idade, Elpídio, sua irmã mais velha Olga de Sousa Santos, e seus pais Álvaro Theóphilo dos Santos e Isabel de Souza Santos, mudaram para o Estado do Pará, precisamente para a cidade de Conceição do Araguaia. Nessa cidade nasceram seus irmãos Jabes de Souza Santos, Milca de Souza Santos e Alberto de Sousa Costa, este recebeu o sobrenome dos seus pais adotivos Emiliano Costa e Maria de Sousa Costa (Mariquinha), irmã de sua mãe Isabel de Souza Santos (Belinha), isso em função que sua 
mãe biológica, Isabel, logo após o parto teve uma doença que lhe afetou seriamente os seios, quando então sua irmã Mariquinha se prontificou a cuidar de Alberto. 
A família Souza Santos permaneceu no Estado do Pará por quase seis anos. Nesse período seu pai, Álvaro Theóphilo dos Santos, comercializava com os garimpeiros e seringueiros, que viviam infiltrados nas matas e rios da região amazônica, gêneros alimentícios, remédios, 
ferramentas, roupas, etc, em um procedimento que envolvia escambo, ou seja, nas trocas recebia além de dinheiro também borracha e pedras preciosas. O transporte era feito em lombo de animais, acondicionando os produtos comercializados dentro de bruacas (malas de couro cru), e Elpídio, mesmo sendo uma criança, já ajudava seu pai. 
A partir de Conceição do Araguaia, a família Souza Santos, utilizando a embarcação tipo “batelão”, subindo o rio Araguaia mudou-se para uma pequena cidade de nome Registro do Araguaia. Dessa cidade, partiram para uma região de garimpo no Alto Garça, Estado 
do Mato Grosso, no lugarejo chamado Criminosa, onde nasceu seu irmão José de Sousa Santos. Durante o período de aproximadamente 03 (três anos) a família permaneceu na região de garimpo, e no lugarejo de nome Chapadinha nasceu outro irmão João de Sousa Santos. 

O pequeno grande homem

Elpídio sempre foi um garoto ativo, participando das tarefas domésticas junto à sua mãe, e já aos sete anos de idade estava presente junto ao seu pai nas viagens vendendo mercadorias. Os momentos de lazer se resumiam ao possível no local, ou seja: nadar nas águas dos rios e imaginar-se um fazendeiro, nos raros momentos livres para sonhar, utilizando pequenos fragmentos de ossos das articulações de animais mortos, para simular o seu rebanho de vacas, bois, bezerros e cavalos. 
Frequentemente capturava “calangos”, que amarrados em parelhas imitavam bois puxando seus carros, e desde essa época possuía uma consciência ecológica, pois após as brincadeiras com os “calangos”, os mesmos eram soltos para voltarem ao seu habitat natural. Como era comum à época, as tarefas domésticas eram rigidamente definidas, e Elpídio aprendeu muito cedo a cumprir com suas responsabilidades, independente de gostar ou não em executá-las, resultando daí a disciplina na maneira de agir, que o acompanhou durante toda sua vida. 
O ambiente familiar era fundamentado na prática Cristã, com o pai Álvaro sendo protestante e a mãe Isabel católica apostólica romana. Embora o amor cristão estivesse presente no seio do lar, o ambiente externo era de extrema violência na área de garimpo. Praticamente todas as semanas, os acertos de contas entre pessoas violentas terminavam em mortes, e ali estava Elpídio vivenciando tais fatos. Elpídio passou a ajudar o pai durante as constantes e longas viagens, vendendo mercadorias. Aprendeu a organizar as mercadorias dentro das bruacas, ajustar as mesmas nos lombos dos muares e atar os animais em forma de fila, para facilitar o deslocamento, pois o caminho na maioria das vezes se resumia em uma trilha dentro de matas fechadas, impedindo movimentos laterais e a visão do céu. 
Durante os deslocamentos, o garoto Elpídio se posicionava na garupa do animal comandado pelo seu pai. Além do cansaço físico de estar sentado na garupa do animal, nem sempre o destino era completado em um dia, sendo necessário procurar um local de pouso, geralmente próximo a um riacho ou mina d’água. Encontrado o local para passar a noite, os muares eram descarregados de suas bruacas, amarrados a cordas não muito compridas para não fugirem ou serem atacados por animais selvagens, providenciando água e alimento para os mesmos. Terminado a montagem do acampamento, já sem o claro do dia, à luz de lamparina, Elpídio dividia com seu pai a tarefa de preparar o jantar, e no repetir dessas atividades tornou-se um excelente cozinheiro, um exímio arrumador de bagagens, um ótimo tropeiro e acima de tudo aprendeu a arte de negociar. 
Em uma de suas viagens, contava Elpídio que, chegando a um dos pousos improvisados, recebeu ordens de seu pai para preparar o jantar enquanto ele ajeitava o acampamento. Com o escuro da noite, Elpídio foi até um riacho coletou em um recipiente, água necessária para preparar uma gostosa “Maria Izabel” (arroz com carne seca). Fogo já no ponto, panela com os ingredientes e não demorou o cheiro característico da “Maria Izabel” se espalhou pelo local, e ele e seu pai comeram fartamente, pois a fome era maior do que o cansaço de um dia de cavalgada. No dia seguinte, bem cedo, Elpídio levantou para arrumar a tralhoada da cozinha, e ao pegar a panela para lavar, observou no que sobrou da saborosa “Maria Izabel” alguns pontos negros além da carne seca. Buscou detalhar o que seria aquilo, e para seu espanto tratavam-se de girinos (filhotes de sapo), que foram misturados à água usada no preparo do jantar. Ficou preocupado com o resultado da ingestão de larvas de anfíbios anuros, que na sua mente aparecia como um grande e forte sapo. Felizmente não tiveram qualquer problema intestinal.
O trabalho chegou cedo à vida de Elpídio, que aliado ao ambiente violento de garimpo levou esse ainda garoto não ter tempo para sentir medos, seja de homens ou de animais, pois a realidade da luta do dia a dia era uma presença constante, resultando disso um amadurecimento precoce, com uma criança agindo como adulto. As atividades de Elpídio pelas áreas de garimpo levaram-no a trabalhar também com o uso de escafandro, para mergulhar até o fundo dos leitos dos rios extraindo a matéria prima a ser processada na busca de ouro e diamante. O uso freqüente do escafandro resultou em uma dilatação no coração de Elpídio.  Os riscos de morte para os mergulhos com escafandro eram constantes, sendo que entre os inúmeros sustos passados por Elpídio, há o relato do dia em que mergulhou em um poço de grande profundidade e desceu exatamente 
sobre um peixe jaú, que estava alojado no fundo do rio, este deu um safanão no pequeno garoto que foi arremessado a alguns metros de distância pela violência do movimento do peixe. Outra vez, ele mergulhou para pegar uma ferramenta que havia caído no rio, e ao chegar ao fundo observou que a correnteza havia deslocado a mesma para uma solapa na base do barranco, e mesmo assim conseguiu entrar com meio corpo na cavidade e recuperar a ferramenta. Quando já estava de volta à superfície do rio, ouviu-se um estrondo e o barranco cedeu e desabou sobre o local onde há poucos instantes Elpídio estava mergulhando. Por pouco ele seria soterrado.

Na próxima segunda-feira mais sobre a vida de Elpídio de Sousa Santos.

Compartilhar:

Para deixar seu comentário primeiramente faça login no Facebook.

publicidade:

Veja também:

.

WhatsApp-Image-2025-09-10-at-01.10
Iniciativa de deputado propicia homenagens a médicos veterinários
WhatsApp-Image-2025-09-08-at-15.26
Oivlis e Graziela foram homenageados pela Assembleia Legislativa
WhatsApp-Image-2025-09-05-at-11.16
Iporá realiza a 21ª Semana Espírita com palestras e música
WhatsApp-Image-2025-08-30-at-08.36
Câmara homenageia veteranos da Polícia Militar
WhatsApp-Image-2025-08-19-at-09.56
Programada para domingo visita do Cardeal Dom Raymundo Damasceno
WhatsApp-Image-2025-09-10-at-01.10
Iniciativa de deputado propicia homenagens a médicos veterinários
WhatsApp-Image-2025-09-08-at-15.26
Oivlis e Graziela foram homenageados pela Assembleia Legislativa
WhatsApp-Image-2025-09-05-at-11.16
Iporá realiza a 21ª Semana Espírita com palestras e música
WhatsApp-Image-2025-08-30-at-08.36
Câmara homenageia veteranos da Polícia Militar
WhatsApp-Image-2025-08-19-at-09.56
Programada para domingo visita do Cardeal Dom Raymundo Damasceno