Em Goiânia, no auditório da UBE-Goiás, Rua 21, 262, ao lado do Colégio Lyceu, nesta quinta-feira, 21, a partir de 19h00 o escritor iporaense Edival Lourenço lança o seu mais novo livro: Animal Sinistro – Reflexões sobre os rumos da civilização no planeta.
Desta vez Edival Lourenço envereda pelos caminhos que são reflexões sobre a questão ecológica, que é tão grave e tão urgente. O convite está sendo feito em nome da União Brasileira de Escritores – Subseção de Goiás (que ele preside) e em nome da Academia Goiana de Letras (onde é membro).
A obra torna ainda mais amplo o trabalho literário premiado de Edival Lourenço. Ele é autor de poemas como: Estação do cio, Coisa incoesa, As vias do voo, Pela alvorada dos nirvanas, Os enganos do carbono e A caligrafia das heras; Crônicas: O elefante do cego, As Luzes do pântano e Aqueles tiros de domingo – Contos: Mundocaia e Os Carapinas do Sri Lanka – Romance: A Centopeia de Neon e Naqueles morros depois da chuva. Este último lhe rendeu o Prêmio Jabuti em 2013 (a maior honraria da literatura brasileira)
Edival Lourenço está cogitando a possibilidade de fazer um lançamento de seu novo livro, Animal Sinistro, também em Iporá, sua cidade natal.
Sobre a nova obra
Alguns fatos marcaram a consciência ecológica do autor. No final dos anos 50 do século passado, vivendo com os pais numa região de mata, o garoto Edival Lourenço ficava assombrado e até chorava, talvez de remorso, ao ver a mata sendo derrubada e depois totalmente consumida pelo fogo, gigantesco e brutal. Queimava as árvores tombadas, com as abelhas, maribondos, os ninhos de animais e todo bicho que não conseguia correr a tempo. Até os peixes morriam cozidos pelo calor dos córregos. No lugar, entre os tocos, num cenário de vandalismo e assombro, plantava-se arroz ou milho, já consorciado com sementes de capim. No ano seguinte, o que era mata verdejante, já tinha se tornado pasto para o gado. Aquilo doía na consciência do menino.
Ainda quase não havia literatura disponível sobre preservação ambiental. Só em 1983, Edival Lourenço leu o primeiro livro sobre o assunto: O destino da Terra, de Jonathan Schell, (Record, 1982 , tradução de Antônio C. G. Penna). O livro marcou-o profundamente, ao mostrar os riscos de morte que corremos. Não como pessoa ( esta é inevitável), mas como espécie.
Desde então, em seu mix de leitura (entre literatura, teologia, filosofia, antropologia, geologia, história e divulgação científica em geral) sempre há um livro que trata especificamente de ecologia. Depois de décadas remoendo o assunto, Edival Lourenço resolveu botar no papel, na forma de artigos, suas próprias reflexões sobre o tema. Os artigos foram publicados entre 2010 e 2015 pela Revista Bula, com enorme repercussão.
Não espere o leitor um manual técnico de como salvar espécies em extinção, recuperar nascentes, recompor bacias e matas ciliares e que tais. É na verdade um livro que busca as razões (ou desrazões) humanas de nosso menosprezo pelo meio ambiente, pela Natureza, que outra coisa não é senão o suporte da vida. Por mais angelicais e transcendentes que nos julgamos ser, com o estrago da Natureza, nós nos tornamos tão vulneráveis quanto o mico-leão-dourado, o tamanduá-bandeira ou a ararinha-azul. Nada, nenhuma política, nenhuma tecnologia, nenhuma filosofia ou religião vai nos retirar a condição natural (umbilicalmente ligado à natureza).
Hoje, a humanidade está vivendo duas situações incríveis: 1) Estamos à beira de um estado de singularidade em que o estrago da natureza começa a se retroalimentar e não haverá mais como retroceder e recompor o ambiente degradado; 2) O homem alcançou um estágio tecnológico tal que pode minimizar os estragos à Natureza, recuperando a salubridade da biosfera (essa película delgada que envolve o planeta Terra, onde a vida encena a sua saga). A nossa inteligência, com sua dose de estupidez, chegou ao ponto de poder salvar a si mesma, ou sucumbir-se em suicídio coletivo.
E não nos iludamos: Os grandes eventos ecológicos, como Rio-92, Cop21, não passam de espetacularização do problema, sem nunca enfrentá-lo adequadamente. Como uma acupuntura intelectual, Animal Sinistro propõe tocar nos pontos nevrálgicos da consciência, desde os motivos mais sagrados e remotos, até os mais recentes e mundanos, e fazer acordar em nós o sentimento de espécie, para que a humanidade possa marchar unida rumo à salvação de si mesma. O autor alerta: “Sejamos menos arrogantes. Façamos alguma coisa por nós mesmos, enquanto é tempo. Porque Deus (que, como percepção, é uma criação humana), não virá em nossa ajuda e ainda morrerá conosco.”