Livro Peneiras e Bateias, de Cairo de Souza Castro, que nós estamos revelando ao público, capítulo por capítulo, aqui, com mais um capítulo. Nele, o destaque é a lembrança do ex-prefeito Manoel Antônio.
O respeito a personalidade marcante.
Manoel Antônio é Iporaense por tradição, por amor e pelos feitos.
Hoje, apenas fazendeiro. Criador de gado leiteiro e de corte, talvez engorda de suínos. Cultivador de lavouras, arroz, milho, feijão. As lidas rurais exigem sua constante permanência, obrigação cotidiana.
Ontem, se bem que nunca descuidou das atividades rurícolas, foi ídolo político, líder partidário, condutor de campanhas eleitorais.
Manoel Antônio da Silva foi prefeito em Iporá numa época em que a maioria dos votantes- praticamente eleitores de cabresto- era fiel ao então invencível chefe político Israel Amorim.
Candidatou-se sob égide de alguns descontentes com o regime implantado por Israel e, em campanha veemente, acirrada e destemida, derrotou seu adversário na conquista do poder e do mando municipal. Seu concorrente não era outro senão o próprio Israel Amorim. Foi luta renhida, contenda inesquecível que, por muito pouco, não surgiram mortes violentas.
Manoel Antônio sagrou-se vencedor nessa disputa com número considerável de votos em dianteira: quatro. Confirmam pessoas da época desse pleito que, por Israel não reconhecer a derrota por ocasião da contagem dos sufrágios, as urnas foram levadas para a Capital do Estado e, ali, recontados os votos; cuja nova contagem corroborou o resultado anterior, deu-se portanto Israel Amorim por satisfeito e prometeu entregar as rédeas da administração ao seu adversário, em época oportuna.
E Manoel Antônio da Silva geriu os destinos de Iporá, como prefeito constitucional eleito pelo povo, durante todo seu mandato oficial.
Sua gestão, consoante afirmam aqueles que tiveram o ensejo de vê-la, não foi louvável, digna de muitos adjetivos primorosos, ainda que tenha eximido grande parte da urbe de resgatar os impostos devidos à municipalidade. No entanto pelas parcas condições de arrecadação, consubstanciadas pela enorme incúria do governo estadual em oferecer benefícios à região. Não é de se admirar a falha cometida, o abandono do desenvolvimento.
Manoel Antônio da Silva é um emérito orador. Prima-se por possuir excelente verbosidade. Suas palavras ecoam com severa retumbância. Possuidor de conhecimentos gerais avantajados, ao dirigir-se a público ouvinte, capta a atenção global da assistência. Muito loquaz e detentor de voz eloqüente, patenteia o texto com sábia facilidade, proporcionando arrepios de êxtase em quem o ouve.
Inúmeros discursos já foram proferidos por este político e homem público, quer em solenidades importantes, acontecimentos de monta, quer em simples evento social.
Nunca se afastando de tudo dos anais políticos da cidade, do Estado e mesmo do Brasil, eis que Manoel Antônio salta, abruptamente, de obscuro prefeito municipal a influente posição de destaque no Governo Estadual do ex-governador Irapuã Costa Júnior, convidado pelo então dirigente do Estado, Manoel Antônio da Silva assumiu ao alto posto de secretário de interior justiça, em solenidade a que compareceram as mais excelsas personalidades políticas de que se tem notícia. Por vários meses consecutivos, Manoel Antônio asumiu tão grada pasta, procurando administrá-la dentro de um contexto real e de interesse, tanto do Estado como das classes partidárias de cada região política.
Posteriormente, também a servir fielmente na condução dos trabalhos estaduais, Manoel Antônio foi remanejado para a direção da Loteria do Estado de Goiás. Como diretor da organização, ampliou sua potencialidade, modificou normas praticamente obsoletas, conseguindo apresentar um trabalho digno de realce, em um órgão que, sem dúvida alguma, é muito importante para o solo goiano.
Manoel Antônio da Silva traz em suas veias sangue político. Por assim entender é que julgo, sinceramente, que embora hoje esteja às avessas com as esferas partidárias, amanhã a comichão da vida política lhe coçará as entranhas e, com certeza, não deixará de corresponder à sua eterna vontade de participação.