Em artigo o professor Moizeis Alexandre Gomis expõe aqui suas impressões sobre o início de trabalho de restauração da velha casa que é ligada à História de Iporá. Ele aponta erros. Vamos ao seu texto:
MEUS TEMORES SE CONFIRMAM
Na tarde desta quinta-feira, 05 de setembro, enquanto pedalava, fazendo minha “cota de atividades físicas”, visitei a casa do antigo retiro que será restaurada, situada no final leste da Av. Goiás (na direção da saída de Goiânia, onde a avenida termina). O que expus como temor, já está acontecendo: os procedimentos não são próprios de uma restauração de patrimônio histórico, mas de reforma. Reforma demole, reconstrói, modifica, adequando-se ao interesse presente. A restauração, ao contrário, remove com cuidado o que precisa ser recuperado, recompõe, restaura, para que volte a ser como era antes, conforme o interesse histórico.
E isso não é o que já se começou a fazer ali, pois derrubaram a parede interna que dividia a sala do quarto, isto mesmo, derrubaram, em vez de demolir adobe por adobe, a fim de recompô-la, no caso de ser preciso, o que não havia necessidade: eu vistoriei a casa toda por dentro e por fora e fotografei a parede, que não tinha rachaduras e nem estava fora de prumo. Com a queda, o assoalho do quarto quebrou e afundou, o que não era a situação dele antes. Os adobes estão sendo descartados como entulhos amontoados na rua. Quando deveria era produzir outros iguais para repor aqueles que, porventura, estivessem estragados.
Será que vão substituir todo o madeiramento, ou só as peças imprestáveis, (caibros, travas, espigões, pontletes, etc.), como se procede em uma restauração? As pessoas que vão trabalhar na obra tem consciência do que seja patrimônio de valor histórico e cultural? Ou são construtores comuns, mesmo que sejam excelentes profissionais, isso não significa que estão qualificados para tal tarefa. Será que a secretária da Cultura tem consciência disso? Conforme o planejado na administração anterior, o restaurador seria o construtor Cícero, um apaixonado por coisas antigas e que restaurou o templo da Igreja Cristã Evangélica de Iporá, que havia sido descaracterizado e que pude também ajudá-lo com sugestões na época, pois presenciei a construção daquele templo quando criança e adolescente desde as fundações até a conclusão.
Mas, agora, quem vai fazer a restauração? Tem experiência nesse tipo de obra? Com todo respeito, não estou sendo preconceituoso e nem desqualificando quem quer que seja, não me entendam mal, estou apenas querendo saber de habilitação em restauração de construções antigas. Meu interesse é que a nossa memória histórica não seja danificada. Aliás, modéstia à parte, temos formação e experiência como técnico em construção civil.
Prof. Moizeis A. Gomis.