O que Edival Lourenço caricaturou em Sonihil, mostra um tipo de personalidade, a de quem fala pouco e nem tem posição firme para rebater o que outros querem que ele faça. Leia o miniconto de hoje.
O telefonador solitário
Sonihil foi conquistando indiferenças ou interesses diversos dos de seus colegas e familiares. Em casa falava pouco e no trabalho, menos que o necessário. Aposentou-se e foi viver só. Não ia a eventos, nem conversava na rua. Não que fosse conformado com a situação. Gostaria de ser falante. Não sabia como. Achou que um celular poderia dar uma mãozinha. Comprou um. Não achou pra quem ligar. Foi à telefônica pedir cancelamento. Voltou de lá com dois. Foi convencido a adquirir mais um, para falar consigo mesmo.
O AUTOR – Edival Lourenço nasceu em Iporá. Hoje mora em Goiânia e é presidente da União Brasileira de Escritores-Seção Goiás.