“Dia de Campo” sobre integração lavoura-pecuária foi realizado com participação de 70 produtores e 200 estudantes e servidores do IF Goiano. A iniciativa foi dessa escola federal. Aconteceu na última quarta-feira, 21, na Fazenda Escola do Campus Iporá. Os pesquisadores responsáveis apresentaram resultados dos experimentos que vem sendo realizados na área desde 2014.
Os que estavam no evento visitaram quatro estações de conversa sobre os seguintes temas: o que é o sistema e como foi aplicado nos experimentos, sorgo e milho, produção animal (bovino de corte) e manejo de fitonematoides em áreas de integração.
A integração lavoura-pecuária é um sistema que integra a produção vegetal e animal, por meio de consórcio e/ou sucessão, de modo a garantir melhor aproveitamento dos recursos naturais e fazer com que a atividade agrícola gere benefícios para a pecuária e vice-versa.
A área em que a pesquisa de integração foi realizada era uma pastagem degradada quando os experimentos começaram. Para recuperar essa área, os pesquisadores testaram algumas estratégias dentro do sistema de integração lavoura-pecuária.
Um importante resultado para a região de Iporá, em que predomina a pecuária, é a possibilidade de recuperar pastagens em degradação utilizando a agricultura. Outro destaque é o consórcio com feijão-guandu, que gerou bons resultados tanto para a agricultura quanto para a pecuária.
Em uma parcela de terra analisada, por exemplo, o solo foi revolvido e preparado para plantio de milho, guandu e pastagem, simultaneamente. Este consórcio não afetou a produtividade de milho, quando comparado com outra área em que o milho foi plantado sozinho. “A análise econômica mostrou que grande parte do investimento realizado para implantação do consórcio foi pago pela venda do grão de milho. Em um sistema convencional, sem agricultura, a reforma da pastagem só gera custos”, explicou um dos coordenadores da pesquisa, Tiago do Prado Paim.
Ao final da colheita, os resíduos de fertilizante e a própria matéria orgânica da cultura melhoraram a qualidade do solo e, consequentemente, da pastagem. Neste caso, o guandu também contribuiu para a produtividade da pastagem porque, assim como todas as leguminosas, a espécie faz fixação biológica de nitrogênio, contribuindo para aumento da fertilidade do solo.
Além disso, o guandu é uma opção interessante para alimentação bovina, principalmente devido ao seu bom teor de proteína (15% a 17%). O resultado foi que a área com guandu produziu aproximadamente duas arrobas a mais de produção de carne por hectare no período de estiagem e quatro durante o período chuvoso, totalizando seis arrobas a mais durante o ano, em comparação com área sem guandu.
A boa produtividade do sistema permitiu o abate dos animais com 20 meses de idade. “Além de diminuir a emissão de gases do efeito estufa pela pecuária, o abate precoce proporciona carne mais macia e com bom teor de gordura”, comentou o pesquisador. Segundo ele, dentro do padrão internacional, a carne que foi produzida nos experimentos é considerada “extremamente macia”.
O guandu também foi consorciado com sorgo e os pesquisadores chegaram a uma produtividade de até 40 toneladas de silagem por hectare que, segundo o pesquisador Estenio Moreira Alves, é um excelente resultado.
Por fim, foram apresentadas avaliações de nematoides nas áreas de integração. De acordo com os dados apresentados pelo pesquisador Leonardo de Castro Santos, a população de nematoides se manteve equilibrada desde o início até o fim dos experimentos. “Com a introdução da agricultura, nós esperávamos que a população de nematoides fosse aumentar, mas não foi isso que aconteceu”. Segundo o pesquisador, isso ocorreu provavelmente porque as gramíneas plantadas em consórcio e sucessão contribuem para diminuir a população de nematoides. “Além disso, o pastejo dos animais e a consequente deposição de esterco, ou seja, de matéria orgânica, contribui para manter essa população equilibrada”, completou o pesquisador.
Variedades de milho
Durante o dia de campo também foram apresentados resultados de experimento com variedades de milho para áreas com baixo teto produtivo, ou seja, áreas em que a fertilidade e o perfil do solo ainda não permitem alta produtividade.
Os dados apresentados pelo pesquisador Estenio mostram que algumas variedades acabam se tornando mais vantajosas economicamente do que híbridos transgênicos, que possuem alto custo para aquisição de sementes. “Os resultados mostram que, dentro do sistema de integração, o uso de variedades é uma opção para quem vai iniciar o processo em áreas degradadas ou mesmo vai realizar o plantio de milho em momentos de maior risco climático“, completou ele. (Com a Assessoria de Comunicação Social do IF Goiano)
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