
Geólogo entrevistado pelo OG mostra que investimento em terras raras não é tão simples como falam.
Ele é Especialista em Geologia e esclarece sobre exploração de terras raras em Iporá e Jaupaci. Pelo que ouvimos dele, o investimento não é tão simples como dizem os políticos.
Ele é, segundo colegas dele na área, o mais renomado geólogo do Brasil no estudo sobre terras raras. Professor Nilson Francisquini Botelho, titular do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB), foi o entrevistado especial do jornal Oeste Goiano, para esclarecer as reais condições e perspectivas de exploração desse tipo de minério entre os municípios goianos de Iporá e Jaupaci, área de jazida.
A entrevista se deu após o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, anunciar recentemente que investimentos de mineradoras estariam sendo feitos para explorar terras raras nessa região do Oeste Goiano. Segundo o governador, a expectativa é de que esse setor se torne um polo estratégico nos próximos anos.
No entanto, o professor Nilson Franciscini Botelho pondera que a situação não é tão imediata como os discursos políticos indicam. Segundo ele, “a região de Iporá realmente tem um potencial geológico promissor, com ocorrências semelhantes às encontradas na China, inclusive com possibilidade de extração de terras raras de alto valor e criticidade, como disprósio, érbio e térbio. No entanto, os estudos e pesquisas ainda estão em fase inicial e, mesmo se confirmarem depósitos economicamente viáveis, a produção comercial só seria possível em pelo menos cinco anos.”
O professor explicou que terras raras ou elementos terras raras compreendem 17 elementos químicos considerados metais críticos e estratégicos para a indústria de alta tecnologia. Estes elementos são fundamentais na produção de turbinas eólicas, veículos elétricos, celulares e equipamentos de precisão, e seu valor cresce a cada ano por conta da crescente demanda mundial.
“Desses 17 elementos, cinco são considerados os mais críticos e valiosos, entre eles o neodímio, disprósio, érbio, térbio e o escândio, com previsão de crescimento de demanda de até 500 vezes nos próximos anos”, afirmou o professor.
Atualmente, a China detém 80% da produção mundial desses elementos e possui as maiores reservas conhecidas. Já o Brasil ocupa a segunda posição mundial em reservas de terras raras, mas segundo o professor, “produz apenas 1% do total mundial, e ainda não consegue competir em escala com o gigante asiático.”
Diante desses dados, Nilson Franciscini Botelho alerta para a necessidade de planejamento, investimentos em pesquisa e estruturação do setor mineral nacional, de forma a não criar expectativas exageradas na população com anúncios políticos precipitados.
A reportagem do Oeste Goiano cumpre, assim, um papel de utilidade pública ao trazer uma análise técnica de alto nível, revelando que a exploração de terras raras na região é promissora, mas ainda depende de tempo, tecnologia e cautela.