O IF Goiano – Câmpus Iporá está trabalhando em um projeto de resgate de variedades locais de abóbora e milho que, com o passar dos anos, se tornaram escassas na região. O projeto é coordenado pelo engenheiro agrônomo da Fazenda Escola, Estenio Moreira Alves, e financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
De acordo com Estenio, essas variedades se tornaram raras, correndo até o risco de extinção porque, ao longo do tempo, foram substituídas por outras ditas mais “modernas”, híbridas e transgênicas. Esse processo é conhecido como “erosão genética” e representa um risco para a sustentabilidade da agricultura. Segundo ele, quanto maior a variabilidade genética disponível, melhor a capacidade das plantas cultivadas responderem às mudanças climáticas e a fatores biológicos como, por exemplo, doenças e pragas.
Para manter essas variedades, o coordenador e os alunos que participam do projeto estão visitando feiras livres de catorze municípios da região do oeste goiano e adquirindo frutos e sementes para montar um “banco de germoplasma”, uma espécie de arquivo ou poupança de materiais genéticos.
A conservação das variedades também será realizada por meio de seu cultivo, porque o manejo permite a geração contínua de novos recursos genéticos. Dito de outra forma, por mais que as sementes sejam armazenadas em câmara fria, com temperatura e umidade controladas, se ficarem lá por muito tempo perderão o poder de germinação e o vigor. Por isso, é preciso que sejam cultivadas regulamente, o que permite a renovação das sementes.
Inovação
Além da conservação de variedades locais de abóbora e milho, o projeto deve gerar resultados em termos de inovação. As variedades resgatadas serão cultivadas com técnicas distintas das tradicionais, por exemplo, com diferentes espaçamento e adensamento, além do plantio consorciado.
O plantio em consórcio com outras espécies é, inclusive, um dos principais desafios da pesquisa. “Precisamos fazer os experimentos justamente para descobrir quais espécies, quantas de cada e quando plantar cada uma, para se obter a melhor resposta agroeconômica”, explica o coordenador da pesquisa.
Esse tipo de técnica vai ao encontro dos fundamentos da agroecologia, que é o estudo da agricultura a partir não só da perspectiva técnica e econômica, mas também ecológica, social e cultural. Isso porque o consórcio realizado de forma adequada maximiza o uso de recursos naturais cada vez mais limitados, como água, nutrientes do solo e área, além de melhorar as condições ambientais do chamado “agroecossistema”.
Outro resultado esperado desse trabalho é a obtenção de novos cultivares adaptados para a região do oeste goiano. O agrônomo cita o exemplo da abóbora cabotiá, que é de origem japonesa e atualmente é cultivada com cerca de 90% de sementes importadas. “A geração de novos cultivares adaptados à região pode contribuir para a redução da dependência regional e nacional”, explica ele.
O projeto é realizado em parceria com a Embrapa Hortaliças, por meio do pesquisador Geovani Bernardo Amaro, e está vinculado ao grupo de pesquisa “Sistemas de produção agrossilvipastoris no Bioma Cerrado”, do IF Goiano.