
Entrevistas em rádio, moção de aplausos na Câmara Municipal de Vereadores de Jussara (Oeste Goiano) e a participação no Festival LED – Luz na Educação em Belém (PA). Essa tem sido a realidade de quatro estudantes do Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás (CEPMG) – Unidade Maria Tereza Garcia Neta Bento, da equipe Impacto Jovem, que venceu a categoria Ensino Fundamental na etapa estadual da terceira edição do Desafio Liga Jovem Sebrae (DLJ) e conquistou uma vaga para participar da final nacional na capital paraense. O projeto busca prevenir e alertar sobre o vício em “vape”, o cigarro eletrônico.
A fase nacional do DLJ, programa realizado em parceria entre Sebrae e o Instituto Ideias de Futuro, terá seis dias intensos (de 29/11 a 04/12) de atividades A etapa reunirá projetos das 27 Unidades da Federação e contará com análise pela banca final, visitas técnicas, premiações, experiências formativas e painéis com nomes de referência nacional. O anúncio dos vencedores será no dia 02/12 no palco do Festival LED.
As estudantes Camilla Beatriz Ferreira Reis, Isabella Marques Cruz, Linda Sofia Duarte Goulart e Ester Oliveira Costa, do 9º ano do Ensino Fundamental do CEPMG, foram orientadas pela professora Vanessa Amélia da Silva Rocha. Incomodadas com o crescente vício em cigarro eletrônico (o “vape”), elas desenvolveram a ideia do aplicativo Off Pod, uma ferramenta de conscientização dos jovens para os perigos de seu uso.
Segundo elas, um estudo da Universidade de São Paulo (USP) e da Vigilância Sanitária de SP revelou que a nicotina no sangue de quem usa vape pode ser até seis vezes maior do que a de quem fuma um maço de cigarros por dia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), qualquer forma de consumo de nicotina é prejudicial. Entre os principais riscos do cigarro eletrônico estão tosse e dor no peito, falta de ar e lesões nos pulmões, doença pulmonar obstrutiva crônica, aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, inflamações no estômago, intestino e vasos sanguíneos e maior risco de AVC e doenças cardíacas. Diante desses dados alarmantes, as estudantes desenvolveram a ideia de criar um aplicativo que, de maneira jovial e criativa, alerta as pessoas para os perigos do cigarro eletrônico.
O coordenador pedagógico do CEPMG, professor Luiz Mário Lopes Cardoso, destaca a importância dessas iniciativas do Sebrae e como os jovens estão antenados e desenvolvem projetos inovadores. “As ações do Sebrae ampliam horizontes, despertam potencialidades e mostram aos jovens que eles podem construir o próprio caminho com responsabilidade, visão de futuro e coragem para empreender dentro e fora do ambiente escolar. Um exemplo é o Desafio Liga Jovem, que deu voz a essas estudantes, que, diante de um problema de saúde pública causado pelo cigarro eletrônico, desenvolveram uma solução inovadora por meio do aplicativo Off Pod”, afirma.
A analista do Sebrae Goiás na Regional Oeste Lara Bianna parabenizou as estudantes envolvidas na iniciativa e destacou a inovação da ideia. “O cigarro eletrônico é uma questão de saúde pública, e a iniciativa de fazer um aplicativo com a linguagem dos jovens e com o intuito de conscientizá-los sobre os perigos do vape foi de uma criatividade excepcional. Acredito que esse resultado é reflexo de um trabalho que o Sebrae desenvolve há algum tempo dentro de seu Programa de Educação Empreendedora”, diz.
“Quando nos inscrevemos, queríamos ganhar, mas não imaginávamos que a ideia teria a repercussão que teve”, analisa a estudante e Ester Oliveira Costa. “De forma resumida, o aplicativo simula um ‘feed’ de rede social, permitindo a comunicação entre os usuários. Temos o perfil que mostra os ganhos da pessoa por não gastar mais com o ‘cigarro’ e quantos dias está sem fumar, podendo até competir com outras pessoas”, explica Isabella Marques Cruz. “Trazemos também consultas on-line, jogos e histórias reais de pessoas que passam pelo mesmo problema”, pontua Linda Sofia Duarte Goulart. “Quando criamos esse aplicativo percebemos que o principal motivo de entrarem nesse vício foi para se sentirem pertencentes a um grupo, então trazemos no aplicativo essa comunidade que os jovens estão procurando, que mostra que as pessoas estão passando por esse processo juntos”, finaliza Camilla Beatriz Ferreira Reis. Segundo elas, o maior desafio foi a sustentabilidade financeira, mas o Sebrae as ajudou com as melhores soluções para o projeto.
A professora orientadora do grupo, Vanessa Amélia da Silva Rocha, destacou como surgiu a ideia. “Foram muitas discussões e pesquisas, além da percepção do problema em nosso meio social. Realizamos entrevistas e assistimos a depoimentos nas redes sociais de pessoas que possuem esse vício. Iniciamos então a criação do aplicativo e discutimos cada aspecto de sua funcionalidade, buscando garantir que ele atingisse nosso público-alvo de forma efetiva”, diz.
Pesquisa sobre uso do vape
Na pesquisa, elas constataram que o terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD III) alerta que o uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes no Brasil é cinco vezes maior do que o de cigarros convencionais. Segundo a pesquisa, 5,6% da população com 14 anos ou mais utiliza os dispositivos no Brasil, 3,7% de forma exclusiva e 1,9% em conjunto com o tabaco convencional. Já entre os adolescentes de 14 a 17 anos, a prevalência é maior: 8,7% dos jovens consumiram vapes no último ano. Enquanto isso, entre os adultos, o percentual foi de 5,4%. Os levantamento foi realizado pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com parceria com a empresa de pesquisa e consultoria Ipsos e financiado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
Goiás também é representado na final do DLJ com dois outros projetos, nas categorias Ensino Médio e Ensino Superior, das cidades de Aparecida de Goiânia (Regional Metropolitana) e Goiânia (Regional Central), respectivamente.
Saiba mais sobre o DLJ: https://www.desafioligajovem.com.br/
