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O racismo existe e é cruel. Reflexão na data da consciência negra

Madalena Freitas, Tesoureira do Sindicato dos Trabalhadores na Educação em Goiás (SINTEGO / Regional de Iporá)

Madalena Freitas, Tesoureira do Sindicato dos Trabalhadores na Educação em Goiás (SINTEGO / Regional de Iporá) escreve artigo com a dura constatação: o racismo é um problema estrutural na sociedade brasileira. Leia o texto completo da professora. Segue:

O racismo ao contrário do que se pensa ele existe, ele é real, intenso e cruel. No Brasil a cor das pessoas faz a diferença. A melanina responsável pelo pigmento natural do corpo que fornece a cor da pele de homens, mulheres e crianças, é uma proteína que poderia ser simplesmente uma proteção, ao invés disso tem feito o sofrimento de milhares de pessoas que lidam com a violência do racismo. O que ocorre, é que a cor da pele tem sido um marcador elementar na sociedade desigual e discriminadora.

 Os números mostram que o racismo é um problema estrutural, para compreende-lo precisa entender a conjuntura da sociedade, pois o racismo constitui nessas relações, onde a desigualdade eterniza em padrões de normalidade, a normalidade nesse caso deve-se a cumplicidade social em relação ao cotidiano, onde o negro tem dificuldade de avanço na carreira, na igualdade de salários e são mais suscetíveis ao assédio moral no local de trabalho. Uma pesquisa feita (CEGOS GROUP, 12/07/2022), assinala que 75% das empresas brasileiras apontam o racismo como principal discriminação no ambiente de trabalho, seguido por opiniões políticas (42%) e aparência física (37%), geralmente a aparência física inclui a cor da pele negra.

Faz necessário esclarecer que o racismo não é natural, portanto a sociedade naturaliza, quando não reage eficientemente contra o mesmo, assim o racismo constitui em um modo de funcionamento estrutural, podendo ser entendido em três dimensões, econômica, política e na subjetividade, nesses pontos o indivíduo é constrangido pelas condições que é sujeitado. Exemplo, a situação das mulheres negras, as quais são as mais afetadas pela situação econômica, elas estão 50% mais suscetíveis ao desemprego, quando empregadas ganham menos e consome menos.

Quando se refere a violência contra a mulher, essa violência é acentuada quando a mulher é negra, pois além de lutar contra machismo tem que lutar também contra o racismo, o qual leva a exclusão. Atlas da Violência, produzido pelo Ipea, mostra que a violência praticada contra mulheres negras cresceu ainda mais (60,5%), enquanto a taxa entre mulheres não negras aumentou 1,7% as mulheres negras representam 66% do total de mulheres assassinadas em 2017.

As consequências do  racismo é apresentado em dados assustador, como mortes de jovens nas periferias de várias capitas do Brasil, 77% dessas mortes são de jovens negros, o assassinato noticiado todos os dias não incomodam,  não causa choque como deveria causar,  justamente pela cor da pele das vítimas, percebe se maior denotação de pesar quando a morte é de jovens brancos,   outro fato, é o encarceramento em massa de pessoas negras que não causa espanto,  “O Brasil é hoje o terceiro país com a maior população carcerária do mundo. Ao todo são 726.712 presos. Desse número, 64% são negros, e 55% possuem entre 18 e 29 anos, ou seja, são os jovens negros que lotam os presídios nacionais”. (CARVALHO, 2018)

Porém, tem algo que muitas pessoas brancas não toleram: é quando encontra pessoas negras frequentando certos ambientes que sempre foi lugar de branco, pois negros bem-sucedidos incomodam. Isso demonstra o quanto naturalizam a ausência de pessoas negras em certos ambientes. Esse incômodo acaba tornado agressão verbal, e até agressão física, por isso aumenta todos os dias denúncias, nos telejornais e nas redes sociais.

Nota-se que as mudanças estão em curso e vale ressaltar que os negros vêm conseguindo ter sucesso nos diferentes espaços, superando muitos obstáculos, sendo resultado de luta de resistência que vem contribuindo para a construção de políticas públicas de “reparação”, mesmo dando essa ênfase no sucesso de parte da população negra, deve registrar que ainda é uma porcentagem mínima em relação ao quantitativos de negro no Brasil que chegam o índice de 52% da população.

O racismo no Brasil tende para um racismo sutil, onde há uma negação de sua existência, porém prevalece em uma realidade marcada pela desigualdade, econômicas, políticas e culturais nos diversos grupos racializados, negar o racismo é uma maneira de evitar o debate em torno da questão, favorecendo a manutenção dos privilégios. A funcionalidade do racismo permeia diversos sistema social, nos quais a condição econômica distribui de acordo com as categorias raciais, essa distribuição das condições econômica influencia diretamente na posição política e social dos indivíduos.

Nesse cenário com os dados estatísticos exposto acima, esses dados  negativo atinge as pessoas negras, é importante lembrar que esses dados só não são piores pela luta de resistência dos próprios negros, que tem incansavelmente criado mecanismos de resistência, mesmo essa luta ter envolvido homens e mulheres brancos (as), que mesmo entendendo a importância de ser antirracista não sabe o que é ser negro na pele,  por não ter que acordar todos os dias sabendo que tem uma batalha para travar, como  pessoa negra, que a qualquer hora sua cor pode ser motivo de ser atacado.

A luta de resistência nasceu junto com o primeiro dia de um africano da diáspora forçada, mesmo em terras estranhas foram capazes de contrariar o sistema, não sendo passivos a escravidão, foi daí que formou organizações de lutas, comunidades aquilombadas e tantos outros meios para contrapor a agressividade da escravização, por mais de trezentos anos de escravização os povos africanos da diáspora e os negros nascido no Brasil orquestraram, fugas, revoltas e rebeliões. Essas diversas formas de resistência não ficaram explicita na literatura durante muito tempo, visando com isso passar uma imagem de um povo negro passivo, dominado e de pouca iniciativa.

 Portanto as mudanças vêm ocorrendo pela tomada de consciência, esse processo de construção de identidade só afirma pelo reconhecimento das diferenças como um fenômeno natural e não como fator de desigualdade. Essa mudança também é conquista dos Movimentos Negros que estão cada dia mais dedicando a trazer a verdadeira história do povo negro no Brasil, ressaltando que além da contribuição econômica teve toda participação na formação da sociedade, essas mudanças é uma reação passiva e antirracista.

Por fim, o que ficou depois da abolição da escravidão para o povo negro “a terra arrasada”, da qual incessantemente necessitou de lutar com armas desiguais, uma vez que brancos racistas detentores de poder e o povo negro com seus corpos e coragem veio percorrendo até os dias de hoje buscando espaço que era de direito, nesses tempos atravessou governos favoráveis aos ganhos que o racismo traz para o sistema, que dá primazia as elites brancas, as última experiência foi no governo que terminou em 2022, o qual fez questão de retroceder as políticas públicas favorável aos negros

Nesse novembro de 2023, mês de refletir sobre a Consciência Negra, há um arcabouço de possibilidades de renovação das políticas afirmativas, que visam, modificar o viés racista que tem inchado nas estruturas sociais, essas medidas apontam para possíveis mudanças nas posições sujeitadas aos povos negros ao longo da história, visando favorecer a  tomada de espaços de privilégio e poder, essas medidas desenvolvidas com sucesso podem contribuir com a dissociação entre cor e pobreza.

Madalena Freitas, Tesoureira do Sindicato dos Trabalhadores na Educação em Goiás (SINTEGO / Regional de Iporá)

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