Depois de oito anos de trabalho, uma equipe de pesquisadores ligados à Universidade Federal de Viçosa (UFV) desenvolveu uma variedade transgênica de soja com resistência à ferrugem asiática. Entre os pesquisadores está o professor do IF Goiano – Campus Iporá, Gustavo Augusto Moreira Guimarães. Os resultados dessa pesquisa foram publicados no último dia 25 de abril na revista Nature Biotechnology, o periódico científico de maior impacto na área de Biotecnologia.
A ferrugem asiática da soja é uma das principais doenças da cultura, que atinge as folhas da planta diminuindo sua produtividade e podendo gerar perdas de até 80% da safra.
Atualmente, as variedades da espécie disponíveis não apresentam boa resistência ao fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem da soja, e por isso o controle da doença é feito com o uso de fungicidas, que encarecem o custo de produção e geram impactos negativos ao meio ambiente. Além da contaminação de recursos naturais, o fungo tem se tornado cada vez mais resistente aos defensivos químicos, tornando seu uso insustentável a médio e longo prazo.
Os pesquisadores foram buscar, então, outras leguminosas que apresentassem resistência ao fungo. O professor Gustavo conta que durante a pesquisa de doutorado da colega Sônia Regina Nogueira foram identificadas variedades de feijão guandu resistentes.
Os próximos passos da pesquisa foram realizados durante o trabalho de doutorado de Gustavo, responsável por determinar que apenas um gene do guandu era responsável pela resistência ao fungo e por iniciar o trabalho de mapeamento desse gene. “Esse gene permite à planta reconhecer o fungo e, assim, ativar uma série de respostas de defesa a ele”, explica o professor.
Em seguida, os pesquisadores refinaram o mapeamento, o que permitiu isolar o gene da resistência e o transferiram para a soja, desenvolvendo, portanto, uma variedade de soja transgênica resistente à ferrugem asiática.
A planta desenvolvida ainda precisa passar por testes de biossegurança e outras análises para que seja usada comercialmente. Além disso, os autores da pesquisa consideram prudente que outros genes de resistência sejam encontrados e implantados nessa soja transgênica para aumentar a durabilidade do novo recurso. Os pesquisadores, inclusive, já estão estudando outras leguminosas com essa finalidade.
A pesquisa foi coordenada pelo professor Sérgio Herminio Brommonschenkel, da UFV, com a participação de diversos estudantes da universidade, além de pesquisadores do The Sainsbury Laboratory, da Inglaterra, da empresa DuPont Pioneer, com financiamento da fundação norte-americana Two Blades.