A condição de Iporá como cidade polo sofre mais um abalo, agora com decisão de interesse governamental que lhe tira o status de Campus, passando a ser uma Unidade Universitária e, ao invés de seguir diretrizes diretamente vindas da Reitoria, passa a dever obediência a São Luís de Montes Belos, que continua como Campus (Campus Oeste) e tendo a ele jurisdicionados as unidades de Palmeiras de Goiás e Sanclerlândia, além de Iporá.
A mudança que vai vigorar a partir dos próximos dias está contida em um novo Estatuto da Universidade Estadual de Goiás (UEG) que foi agora publicado, e de acordo com o Decreto 9.593, de 17 de janeiro de 2020. A mudança é resultado de decisão de Governo, feita em momento quando a UEG está com uma Reitoria interino, ocupada por Rafael Gonçalves Santana Borges. A decisão feita de cima para baixo, sem consulta em bases, gera descontentamentos.
Quem expõe o novo estatuto da UEG cogita que pode haver mais recursos financeiros para investimentos. Dos 41 Campus que a UEG tinha em Goiás, agora passam a ser somente 8 campus no Estado. A figura de coordenador de cursos em cada Campus (cargo remunerado) deixa de existir, passando os assuntos pedagógicos para coordenadores setoriais, que atuam em Anápolis, sede da Reitoria, para ação em todas as unidades universitárias do interior. É intenção com isso unificar grades de cursos, atualmente divergentes entre unidades.
A UEG fica também diferente em sua forma de gestão, sendo o Conselho Universitário composto por membro do Governo, do Conselho Estadual de Educação, Reitor, o Gerente de Gestão Integrada, os Pró-reitores de institutos, representantes docentes, de técnicos e alunos, além de representação da comunidade.
As mudanças que estão sendo implementadas não implicam em exclusão de cursos. Na prática, não se sabe bem ainda como vão funcionar estas muitas mudanças contidas no novo Estatuto da UEG. No caso de Iporá, a lamentação fica por conta da subordinação a São Luís de Montes Belos. Mas a direção de Iporá continua com o professor Saulo Henrique, porém, tendo que levar as demandas administrativas para o Campus de São Luís, o qual discute assuntos administrativos com a Reitoria, em Anápolis. Quanto a processos eletivos de gestão, o novo estatuto prevê as eleições para as Unidades Universitárias, além de haver também para os cargos superiores.
Adueg manifesta-se contra as mudanças
A Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Goiás (ADUEG) publicou uma nota de repúdio quanto a esse projeto de reestruturação da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e às recentes declarações do governo em relação à instituição. A Assembleia Geral da ADUEG, realizada em 24 de janeiro de 2020, veio a público manifestar repúdio ao processo de reestruturação que vem sendo implementado na Universidade Estadual de Goiás, a partir da intervenção realizada pelo Governo de Goiás. A Adueg afirma que o Procurador do Estado e Reitor interino, Bacharel Rafael Gonçalves Santana Borges, nomeado como interventor e, portanto, responsável por conduzir e impor uma reforma administrativa e pedagógica na instituição, vem desrespeitando continuamente a comunidade acadêmica, na medida em que alija docentes, acadêmicos e técnicos administrativos de qualquer participação no importante processo que impacta a vida das pessoas que fazem parte da UEG. Para a Adueg, a comunidade acadêmica, além de não ser incluída no referido processo, apenas vem recebendo os comunicados e os memorandos que notificam sobre mudanças de forma desordenada e desarticulada, sendo esses mesmos documentos continuamente refeitos e alterados de acordo com a improvisada administração. Afirma ainda a direção da Adueg que todo esse processo, por si só, fere a autonomia universitária, princípio garantido pela Constituição Federal e, de forma subsidiária, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que preconiza que o processo de gestão universitária deveria ser democrático, portanto com a participação consultiva e propositiva da comunidade universitária. A proposta foi uma produção de gabinete, provavelmente elaborada por um consultor externo que desconhece a realidade da instituição e pelo Reitor interino, sem qualquer discussão na UEG, muito menos na Assembleia Legislativa, face à pressa com que o Governo de Goiás enviou o projeto de lei e os deputados votaram a matéria. Destaca-se na reestruturação realizada, entre outras questões, a centralização dos níveis de decisão sobre assuntos acadêmicos, representada pelo fim das coordenações de curso nas Unidades Universitárias e Câmpus, dos colegiados e dos conselhos locais, concentrando o poder de decisão e determinação das políticas acadêmicas na estrutura central da Universidade, deixando os docentes alijados das decisões curriculares e sem participação nas instâncias de decisão colegiada.