
Um forte movimento dos servidores municipais de Iporá resultou na retirada de pauta de um projeto de lei que poderia agravar ainda mais a situação financeira do IPASI — Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores de Iporá, responsável pela administração das aposentadorias e benefícios dos funcionários públicos municipais.
O episódio ocorreu na segunda-feira, 20 de outubro, quando o projeto estava prestes a entrar em tramitação na Câmara Municipal de Iporá. Ao tomarem conhecimento do conteúdo da proposta, dezenas de servidores se mobilizaram e compareceram à sede do Legislativo na manhã do mesmo dia, em ato de pressão para impedir a votação.
Segundo informações, o ponto mais polêmico do projeto era um artigo que desobrigava a Prefeitura de realizar aportes financeiros ao IPASI. Caso fosse aprovado, o texto representaria um grande impacto negativo nas contas do Instituto, que já enfrenta dificuldades para manter o equilíbrio financeiro e garantir o pagamento de aposentadorias e pensões.
Diante da mobilização, a líder do Executivo na Câmara, vereadora Cláudia Ribeiro, anunciou que a Prefeita Maysa Cunha havia decidido retirar o projeto de pauta. Cláudia afirmou que o texto será reavaliado e reelaborado, devendo retornar em nova versão que contemple as preocupações dos servidores.
Durante a sessão, o ex-vereador Paulo Alves, profundo conhecedor do tema previdenciário, fez uma exposição contundente sobre a situação crítica do IPASI. Segundo ele, o Instituto, que já chegou a ter R$ 15 milhões em caixa, hoje conta com cerca de R$ 7 milhões, resultado de sucessivos descumprimentos de obrigações financeiras por parte de gestões anteriores.
Paulo Alves explicou que a Prefeitura de Iporá já realizou 19 parcelamentos de dívidas com o Instituto, decorrentes de atrasos no repasse da parte patronal e de contribuições obrigatórias. Ele alertou que o IPASI precisa desembolsar R$ 2 milhões mensais para pagar aposentadorias, mas tem enfrentado déficit de aproximadamente R$ 300 mil por mês.
Ainda segundo o ex-vereador, o problema se agrava com o excesso de contratações temporárias e cargos comissionados, que não contribuem para o Instituto, enquanto o número de servidores efetivos — que garantem a arrecadação previdenciária — vem diminuindo.
A retirada do projeto de pauta foi considerada uma vitória dos servidores municipais, que temiam um colapso ainda maior nas contas do IPASI.
Apesar da conquista momentânea, o episódio reforça a urgência de medidas estruturais para assegurar a sustentabilidade do Instituto e o futuro dos aposentados e pensionistas do serviço público de Iporá.