Próximo de completar 3 anos, o crime que tirou a vida da representante comercial Vanessa Camargo de 28 anos, grávida de 5 meses, continua sem conclusão. Em agosto de 2019, o juiz da vara Criminal de Iporá, Wander Soares Fonseca, determinou que réu o Horacio Rozendo fosse submetido ao julgamento popular. A defesa do réu recorreu da determinação e teve seu pedido negado.
O advogado assistente de acusação, João Francisco, explica que o júri aconteceria em maio e teve que ser cancelado por conta da pandemia. “Ainda não sabemos como e quando o julgamento acontecerá, dependemos do Poder Judiciário retomar as atividades. O rol de testemunhas das partes já foram indicadas. É uma causa triste de se ver, que mexeu com o emocional de toda nossa cidade”, finalizou.
Na última semana, um grupo de mulheres de Iporá, encabeçado pela professora Paula Peres, criou um movimento nas redes sociais pedindo por justiça. A página no Instagram (justica_vanessaeisis) já conta com mais de 300 seguidores que junto a mãe de Vanessa, a pecuarista Nilva Camargo, lutam pelo desfecho do caso e também contra o feminicídio.
De acordo a mãe da vítima, o objetivo de mais esta campanha é conseguir que o Júri Popular seja marcado pela justiça o quanto antes. “Precisamos nos unir e mostrar a força das mulheres contra o feminicídio. Minha filha foi assassinada a sangue frio, grávida e o filho mais novo, na época com 1 ano de idade, estava presente na cena do crime. Isso é terrível! Eu perdi minha filha e minha netinha que não pediu para estar ali. Apesar de tudo, tenho fé na justiça”, afirma.
O feminicídio tem aumentado em Goiás. De acordo com Mapa da Violência, em 2013, o estado ocupava terceira posição na taxa de homicídios cujas vítimas eram mulheres, com 8,6 mortes a cada 100 mil habitantes. Aproximadamente 15% destes casos podem ser enquadrados como feminicídio.
A cidade de Iporá, onde Vanessa foi morta, aparece nesse mesmo estudo, entre os 100 municípios com maiores taxas de homicídio contra mulheres no Brasil.
O crime
Vanessa foi morta no dia 31 de julho de 2017. Na ocasião, o empresário disse que viajava de carro com a mulher e o filho do casal, de 2 anos, quando foram abordados por dois homens em uma moto. O esposo, que dirigia o veículo, parou e um dos suspeitos assumiu a direção. O marido da vítima, disse em depoimento que Vanessa discutiu com o rapaz e levou um tiro na cabeça e reforçou a tese durante a reconstituição do crime.
De acordo com o delegado Ramon Queiroz, responsável pelo caso, a perícia constatou diversas incongruências entre o relato dele e o que de fato aconteceu, entre elas a de que a vítima foi morta em posição de repouso, sem qualquer indicação que teria discutido com o atirador. E ainda que o empresário não estava no banco traseiro.
Informações: Emelline Diniz
Mulheres em campanha clamam por julgamento e justiça