O índio xavante Sebeon Tsaholo A Oi Ru, de 27 anos, escolheu Iporá para viver, estudar e trabalhar. Veio casado. Tem três filhos. Sua aposta maior é nos estudos. Neste ano iniciou um curso superior de Geografia, na Universidade Estadual de Goiás (UEG), onde afirma que foi bem recebido por todos e já fez amizades. Ele tem pouco mais de 30 dias em Iporá.
Sebeon tem sonhos. Quer ser professor. Tem influência do pai dele, um xavante que também deixou a aldeia para ser professor. Sua tribo é no município de Barra do Garças. Quando deixou a aldeia, ainda muito jovem, foi para Aragarças. Lá, se tornou professor intérprete dentro de uma escola pública onde tinha outros alunos indígenas. Ele conta que há uma lei que exige que quando uma escola tem alunos indígenas, a Secretaria de Educação é obrigada a contratar para essa escola um professor intérprete da língua indígena. Em Iporá, ele planeja o mesmo. Trouxe com a família o primo Aerowe Me, que está estudando no CEPI Aplicação. Ele relata que está sendo providenciada a sua contratação para ser o intérprete naquela escola.
Ele é casado com Zilda Ritsie, de 22 anos, também indígena, da mesma aldeia. Estão com três filhos pequenos e morando em apertada kitnet, no Setor Conjunto Arco Iris. Aceita ajuda da comunidade iporaense. Ainda não tem o mobiliário completo da casa. Falta geladeira, guarda roupa e algumas outras coisas.
Sebeon e Zilda querem vencer na vida. Ela, depois que o bebê caçula de dois meses ficar maior, quer também estudar e trabalhar. A índia gosta de informática. Nos últimos dias eles estão recebendo visita da mãe dele, que veio da tribo. A kitnet deles está lotada de moradores. São dois quartos apenas e um cômodo que serve de sala e cozinha.
A reportagem visitou a família de Sebeon em sua residência. São alegres e receptivos. Falam de sonhos. E dizem que a nova geração em sua tribo não quer ficar lá. Prefere ir para a cidade, estudar e trabalhar. Assim fez, incentivado pelo pai, que foi professor em Aragarças e morreu nos tempos da pandemia.
Sebeon conta que na aldeia estão restando só os mais velhos, que preferem ficar por lá mesmo, vivendo de programas sociais do Governo Federal. Sebeon sonha com vida melhor. Ele quer aprender Geografia e ser um professor dessa disciplina em escolas públicas. Quer até voltar à sua aldeia, ensinar o seu povo.
Enquanto a vida profissional ainda está incerta em Iporá, ele conta com ajudas. Uma das ajudas é da mãe, uma viúva que recebe pensão do marido que era professor. Eles são oito pessoas na pequena kitinet. Tem ali o casal e três filhos: Sebastião Neto (4 anos), Cleineide (1 ano) e Miriã (dois meses). Mora na residência também um o primo estudante, que veio com um filho. E nestes últimos dias, em visita, está por lá sua mãe, que conta que gosta sempre de voltar para a aldeia e passar por lá uns dias.
Sebeon elogia a receptividade do povo iporaense. Fala da amizade com a Athaídes Neta (Neta), que conheceu por acaso e ficou amiga da família dele. Foi a Neta que sugeriu ao Oeste Goiano a reportagem sobre a família indígena que está vivendo nesta cidade.
Tomara que a comunidade local acolha realmente bem a família indígena. E quem puder ajudá-los terá deles uma manifestação de gratidão.
