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O monitoramento realizado pelo Laboratório de Climatologia do curso de Geografia da UEG-UnU Iporá demonstrou que os totais mensais de chuva registrados no período chuvoso de 2024/2025 estão sendo irregulares. As chuvas iniciaram em outubro de 2024 e, nesse mês, o volume de chuva esteve dentro da normalidade prevista. No mês de novembro de 2024, o total de chuva foi bem acima do que é previsto para a região. Choveu em novembro (456,2 mm) quase um terço do total de chuva previsto para todo o período chuvoso. Nos meses de dezembro de 2024 e janeiro de 2025, o volume de chuva foi bem abaixo do limite mínimo considerado normal para a região. A situação acende um sinal de alerta, pois, no período chuvoso de 2023/2024, houve melhor distribuição temporal das chuvas entre os meses do período chuvoso. No entanto, entre os meses de setembro de 2024 e outubro de 2024, a cidade de Iporá-GO enfrentou um grave problema com o abastecimento de água para sua população. Não dá para cravar que sofreremos com a falta de água novamente neste ano de 2025, pois isso depende de como será o comportamento da chuva nos meses seguintes.
Enfoque técnico dos professores Dr. Washington S. Alves, Dr. Flavio Alves de Sousa e Dr. Derick Moura, todos do curso de Grografia da UEG de Iporá
Entre os meses de setembro e outubro de 2024, a cidade de Iporá enfrentou um grave problema em relação à disponibilidade de água para o abastecimento de seus moradores. A vazão no ponto de coleta da SANEAGO, no ribeirão Santo Antônio, estava em níveis críticos, não sendo suficiente para abastecer todos os moradores. Foi necessário, por parte da SANEAGO, adotar medidas emergenciais, como o rodízio para abastecer os bairros da cidade e a criação de uma estrutura para coletar água do Lago Por do Sol, oriunda do córrego Tamanduá.
Conforme as informações cedidas pelo Laboratório de Climatologia do curso de Geografia da UEG-UnU Iporá, a distribuição temporal das chuvas em Iporá durante o período chuvoso de 2024/2025 está sendo irregular.
Normalmente o período chuvoso se inicia na região em outubro e se encerra em meados de abril. Nota-se que os totais mensais de chuva de outubro/24 e novembro/24 estiveram dentro dos limites climatológicos estabelecidos com base na série histórica de dados pluviométricos de Iporá, que teve seu início em 1974.
Em novembro, o volume de chuva (456,2 mm) extrapolou o limite máximo previsto. Choveu quase um terço da média histórica dos acumulados de chuva entre setembro e abril, que é de 1.533,9 mm, portanto, um mês extremamente chuvoso. Porém, nos meses de dezembro/24 e janeiro/25, o total de chuva foi abaixo do que era esperado. Em razão de um veranico, em dezembro foi registrado apenas 76,5 mm de chuva, o dezembro mais seco desde 1975. Em janeiro, o volume de chuva foi um pouco maior (194,4 mm), porém também não atingiu os padrões habituais.
Até janeiro de 2025, os volumes de chuva foram mais concentrados em comparação ao mesmo período do ano anterior, 2023/2024. É interessante notar que, no período chuvoso anterior, apenas setembro e novembro apresentaram volumes de chuva dentro da normalidade, enquanto os outros meses ficaram abaixo do limite mínimo considerado normal. Em novembro de 2024, houve um volume de chuva bem acima do limite máximo normal, mas, curiosamente, os meses seguintes, dezembro de 2024 e janeiro de 2025, tiveram totais mensais inferiores aos registrados em dezembro de 2023 e janeiro de 2024. (Figura 1). Isso sugere uma variação significativa nos padrões de precipitação entre os anos.
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Atualmente, pesquisadores do curso de Geografia da UEG-UnU Iporá (Prof. Dr. Flávio Alves de Sousa, Prof. Dr. Washington Silva Alves e Prof. Dr. Derick Moura) estão desenvolvendo uma pesquisa, cuja parte dela é o monitoramento da chuva em diferentes pontos da área da Alta Bacia do Ribeirão Santo Antônio, onde a água da chuva é drenada e escoa até o ponto de captação de água bruta da SANEAGO.
Ao se tratar de uma bacia hidrográfica, é importante que haja o monitoramento da chuva em pontos diferentes, pois a mesma não apresenta uma distribuição uniforme no espaço geográfico. Com base nos dados obtidos até o momento, foi possível confirmar que, infelizmente, o mesmo padrão, apresentado anteriormente e registrado na estação meteorológica da UEG-UnU Iporá foi observado nos demais pontos de monitoramento. Ou seja, o volume de chuva esperado para os meses de dezembro/24 e janeiro/25 foi bem abaixo do mínimo que era previsto. (Figura 2).
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Esse fato é importante, pois tem repercussão direta na recarga do lençol freático e na vazão dos mananciais presentes na área. No que tange à recarga do lençol freático, um volume de chuva menor significa menor recarga do mesmo e, consequentemente, menos água para manter a vazão do Ribeirão Santo Antônio em níveis satisfatórios para o abastecimento de Iporá-GO durante o período seco.
Atrelada à questão da variabilidade da chuva, apresentada até aqui, ainda temos que frisar e relembrar a condição da área da bacia. Os impactos decorrentes das formas de ocupação e de uso das terras, somados a um período chuvoso atípico, abaixo da normalidade, acentuam ainda mais a redução da vazão dos cursos d’água. Portanto, não podemos afirmar que a “culpa” da falta de água na cidade de Iporá é da chuva, pois há outros fatores que também se tornam são responsáveis sendo um deles, a ação humana.
Ainda não dá para afirmar que enfrentaremos a escassez de água para abastecer nossas torneiras no auge do período seco deste ano de 2025, pois ainda teremos que esperar o comportamento da chuva e da vazão do manancial para o restante de fevereiro/25, março/25 e meados de abril/25, quando finda o período chuvoso na região. Também temos que considerar, mesmo com possibilidades remotas, se haverá eventos de chuva significativos nos meses seguintes (maio, junho, julho, agosto e setembro de 2025). De qualquer forma, fica sempre o alerta para a necessidade efetiva da recuperação da bacia.