Conforme as informações coletadas pelo Laboratório de Climatologia do curso de Geografia da UEG – Unidade de Iporá, coordenado pelos professores Me. Washington S. Alves e Me. Valdir Specian, neste último mês de outubro o volume de chuva foi considerado dentro da normalidade, mas esteve próximo ao limite inferior. Cabe ressaltar que os limites (inferiores (linha vermelha) e superiores (linha azul)) representam o intervalo em que a variação dos totais mensais de chuva é considerado normal. A média é uma informação importante, mas não podemos afirmar que um mês foi chuvoso ou seco apenas porque o seu volume de chuva foi acima ou abaixo da média, por isso se usa os limites.
Na Figura 01 é possível verificar que a partir do ano de 1997 até 2021 houve redução do volume de chuva para o mês de outubro, quando comparado como o período anterior (1975 – 1996). É possível verificar que houve maior frequência de meses de outubro com volume de chuva abaixo do normal, principalmente nos últimos anos 2014, 2015, 2016, 2017, 2019 e 2020. Talvez essa baixa explica em parte a redução do volume de água nos mananciais que promoveu impactos diretos principalmente no setor elétrico brasileiro.
Um dos fenômenos associados a mudança identificada anteriormente é a Oscilação Decadal do Pacífico (ODP), caracterizada por anomalias na temperatura do oceano pacífico tropical e extratropical. Na sua fase fria (momento em que estamos vivenciado) promove redução do volume de chuva. Sousa et al. (2010), ao relacionar a ODP com as chuvas em Goiânia, identificou que na fase fria do fenômeno houve reduções nos totais anuais de chuva.
Ao comparar o número de dias com chuva de outubro de 2021 com os demais anos anteriores, não é possível identificar uma mudança nos padrões. No entanto, foi possível perceber que houve maior oscilação/alternâncias entre o número de dias com chuva a partir dos anos 2000, conforme a Figura 02.
O ideal é que haja maior distribuição do volume mensal de chuva entre os dias do mês, pois assim contribui para infiltração de água no solo e consequentemente para a recarga do lençol freático. Quando ocorrem chuvas muito volumosas (concentração do volume de chuva em poucos dias) esse processo fica comprometido.
Por exemplo. No ano de 1987 foi registrado o maior volume mensal de chuva em outubro (243,7 mm), distribuídos em 09 dias. No entanto 33,7% desse volume de chuva ocorreu em 24h, entre os dias 21 e 22 de outubro daquele ano.
Neste ano de 2021 choveu 116,3 mm, também em 09 dias, porém 53,3% desse volume ocorreu no intervalo de 24h entre os dias 29 e 30.
Baseado nos exemplos aqui citados e nos demais dados da série histórica é possível apontar que nos últimos anos as chuvas tem sido mais concentradas/intensas, ou seja, não tem tido uma distribuição regular entre os dias dos meses. Conforme foi ressaltado anteriormente compromete o ciclo natural de recarga do lençol freático e pode interferir na produção agrícola, no reabastecimento dos mananciais e na geração de energia hidroelétrica.
Além da variação das chuvas é importante apontar que esse não o único fator responsável pelo desencadeamento da crise hídrica. Também é importante lembrar que as formas de apropriação das bacias hidrográficas e dos mananciais é um fator preponderante e quando somado as variações das chuvas potencializam as problemáticas relacionadas a indisponibilidade de água doce.
Portanto, é importante frisar que não podemos eximir a responsabilidade, ou parcela de culpa, que a ação humana desenfreada e sem planejamento promovem tem quando se trata da indisponibilidade de água.
Ainda conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a previsão para o trimestre de novembro, dezembro e janeiro é de chuvas abaixo da normalidade, com reduções de até 30% (Figura 3). Principalmente para o mês de dezembro em que a previsão aponta para chuvas bem abaixo do normal.