Quando no mês de julho, a reportagem do Oeste Goiano visitou a bacia do Córrego Santo Antônio, o manancial que abastece a cidade de Iporá, flagrou algumas hortas nas margens deste, bem ao lado do fluxo dágua, dentro da faixa que teria que ser de área de preservação permanente (APP), o que constitui crime ambiental.
Mas além da infração legal, isso ainda traz a preocupação a respeito do uso que horticultores fazem de agrotóxicos. Como os plantios observados na Fazenda Santo Antônio, na bacia do córrego do mesmo nome, dizem respeito à água que abastece a cidade, vem a preocupação com a saúde de milhares que são servidos pela distribuição de água da Saneago. Será que não há mal nisso?
A reportagem do OG procurou por um engenheiro agrônomo para saber dele detalhes sobre a questão aqui levantada. Na Agrodefesa, órgão estadual que cuida de sanidade animal e vegetal, encontramos o engenheiro agrônomo Elsom Silva Morais. Embora a função dele e do órgão onde trabalha não sejam de cunho ambiental, aceitou falar-nos sobre a questão, na condição de técnico da área.
Sobre o uso de agrotóxico próximo a fontes de água que se destina ao consumo humano, ele afirma que isso acarretaria males se houver excesso na aplicação destes, o uso incorreto, sem a observação de dias de estiagem e ocasiões mais apropriadas para colocação do agrotóxico nas hortaliças. Ele exemplifica que quando se aplica e, chove de imediato, uma chuva leva o produto químico para o leito, isso pode ocorrer dano à saúde. Ele salienta que esse uso deve ser em condições que não tragam mal. “Usar agrotóxico não é contra a lei”, afirma. E resume: “o que é preciso é fazer uso correto”.
A tarefa de prescrever e orientar formas de uso e aplicação de agrotóxicos na bacia do Santo Antônio não é da Agrodefesa. Cabe aos responsáveis técnicos que prescrevem os produtos e órgãos de fiscalização ambiental. Para saber a forma correta de usar o agrotóxico o horticultor pode, por exemplo, recorrer a Emater. Além disso, por lei, cada plantio precisa ter um responsável técnico. Sabe-se que não é prática comum entre horticultores se contratar um profissional para esse fim. Em razão de tudo isso pode haver os riscos. O que ainda não dá é para fazer afirmações precisas sobre a qualidade da água do córrego que abastece a cidade de Iporá.