Acompanhada por duas pessoas que são estudiosas da bacia do córrego Santo Antônio, a reportagem do Oeste Goiano visitou a barragem de captação de água da Saneago em Iporá nesta quarta-feira, 15, quando checou sobre uma situação de vazão que chega a um limite crítico. Não está descartada a possibilidade de faltar água em residencias de Iporá nestes próximos dias. A situação é de alerta. Um alívio para isso depende de chuvas que não podem demorar a cair na área da bacia do córrego que abastece a cidade.
Quem acompanhou a reportagem na visita a barragem foi o professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG) Flávio de Souza e Déric Martins, que é da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e que também está a disposição da UEG para assuntos na área de meio ambiente. Ambos são profundos conhecedores da Bacia do Córrego Santo Antônio e preocupados com a precariedade de preservação ambiental na localidade, o que traz riscos para que o volume de água seja sempre bastante para abastecer a cidade de Iporá.
Comparando com o ano de 2017, em que houve escassez de água e desabastecimento de algumas residências na cidade de Iporá, este ano de 2021 a vazão está um pouco maior. A comparação foi feita entre 15/09/2021 e a mesma data do ano de 2017.
Em 15 de setembro de 2017 o Ribeirão Santo Antônio possuía vazão total de 127 litros por segundo, e em 15 de setembro de 2021, a vazão total estava com 157 litros por segundo, ou seja, uma diferença de apenas 30 litros por segundo. Essa diferença equivale aproximadamente ao período de uma semana, o que significa que por mais 7 dias sem chuva a vazão poderá reduzir-se para o mesmo patamar do ano de 2017, quando chegou a haver falta de água tratada em algumas residencias de Iporá.
Essa situação nos traz o alerta de que nesse ano pode ocorrer situação semelhante ao ano de 2017, quando foi registrado os piores níveis de volume de água no Ribeirão Santo Antônio, causando aquele desabastecimento hídrico.
A vazão depende de fatores como a quantidade de chuvas e de sua distribuição ao longo do ano, bem como do comportamento do lençol freático que, ao ser recarregado durante o período chuvoso, influencia na vazão dos mananciais durante os períodos de estiagem. Porém, se as recargas são ineficientes e as chuvas mais escassas, isto implica na diminuição da vazão nos períodos mais críticos.
Estudo realizado sobre o rebaixamento do lençol freático no município de Iporá por Sousa (2021), indica que o rebaixamento ocorre de março a outubro, sendo que em áreas de rochas cristalinas como granitos e gnaisses, este rebaixamento se prolongou até novembro, devido ao retardo nos processos de infiltração, mesmo após ao início das chuvas. O estudo constatou ainda que os níveis do lençol freático em abril de 2021 não atingiram os níveis que estavam em março de 2020, indicando uma deficiência da recarga no período. Estes fatores somados ao declínio das chuvas implicam diretamente na disponibilidade de água.
Neste sentido, é necessário que haja ações emergenciais para assegurar o consumo humano de água, visto que é um uso prioritário garantido em lei. As ações devem ser realizadas pelo poder público em conjunto com a sociedade civil, como por exemplo, reduzir, paralisar ou escalonar os usos hídricos não prioritários feitos pelos usuários rurais que estão localizados na bacia do Ribeirão Santo Antônio, acima da captação da Saneago, com a finalidade de aumentar a vazão que chega no local de captação e também a redução do consumo pelos usuários urbanos, com o intuito de diminuir a demanda pela captação que abastece a cidade, além de ser implementados outras ações para assegurar o abastecimento público.