Banhados e escaldados por um mar de lama de proporções atlânticas, os brasileiros vem desenvolvendo uma síndrome de pessimismo que os faz alimentar a crença de que não é exatamente Deus, mas a corrupção que é natural do país.
Tem-se a Impressão de que, talvez por alguma maldição satânica, este perícdo histórico deu de concentrar tudo o que a Humanidade inventou na arte de tirar vantagem,lesar o patrimônio público e burlar a lei por uma boa soma em dinheiro ou espécie. Mas o Brasil não é nem o primeiro, nem o maior antro de acertos, arranjos, jeitinhos, e maracutaias de que se tem notícia na história das nações.
No livro A Corrupção no Brasil, o jornalista Podre Cavalcante recua até a data provável de 1.500 a.C. para contar que, na cidade de Nuzi, na Assíria, uma mulher doou uma escrava a um membro de uma família importante, em troca da impunidade para seu filho que cometera um assassinato.
Antes disso, o Código de Hamurabi, da Babilônia, já continha dispositivos para multar, cassar e expor à execração pública juízes que aliviassem o sofrimento de acusados em troca de moedas. Na época da grande Roma, ficou célebre o pretor Caio Verres, especialista em extorquir dinheiro de todas as partes interessadas em heranças litigiosas. Mas, acima de todos eles, virou lenda o corrupto Judas Iscariotes, que entregou aos roma nos ninguém menos que o filho de Deus por míseras 30 moedas de prata.
Se o Brasil não é pioneiro, portanto, e se tem rivais nesse offcio em todos os quadrantes do mundo, nem por isso as coisas vão bem por aqui. Ao contrário. A administração pública, em todos os níveis, é cada vez mais permeável ao dinheiro fácil da imoralidade. Na sociedade civil, da mesma forma, a lei do “salve-se quem puder”, ganha corpo e os cidadãos procuram resolver seus problemas de “outra forma” sempre que encontram obstáculos na forma legal.
É óbvio que isso tem que mudar. O Brasil não deixará a fronteira do Quarto Mundo se não colocar a corrupção nos níveis do Primeiro.