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A criação de bicudos e curiós é garantia de não-extinção destas aves

Temos um grupo em Iporá que aprecia o canto das aves e que ao criá-las nós estamos tendo a garantia de que estes animais não serão extintos. Em nossa cidade funciona a Soripo (Sociedade Ornitológica de Iporá), que tem como presidente o médico Sérgio Falcão. Temos trabalhado pela preservação dos pássaros.

 

Se um dia ficássemos sem o canto das aves seria uma lástima para a sociedade. O quanto é bom apreciarmos esta melodia, principalmente de bicudos e curiós. Por meio dos criadores temos a certeza de que este prazer de ouvi-los perdurará para sempre.

 

Na natureza já é difícil para que eles sobrevivam. Bicudos e curiós são aves nativas de origem silvestre. Existentes na América, em seu estado natural, o gênero Oryzoborus, em suas mais de dez subespécies ocorre desde o norte da Argentina até o México. São espécies, notadamente o bicudo, muito dependentes das condições naturais de seu habitat, tais como: da existência de água despoluída, de grandes alagados e de toda uma vegetação especial e adequada de capim navalha (tiririca – aquele que viceja no meio do brejo), de vereda (também chamada de pindaívas que se constitui numa vegetação típica do cerrado brasileiro); possuem solos úmidos, como brejos estacionais ou permanentes, quase sempre com a presença de buritizais (Mauritia vinifera e/ou M. flexuosa) e floresta arbóreo-arbustiva e fauna muito variada. Essas são as condições mínimas necessárias ao processo de vida natural desses pássaros. Por isso, esses bichos nunca foram encontrados por aí, como outras aves que se adaptam com facilidade em qualquer ambiente, mesmo degradado ou modificado, a exemplo do sabiá, canário da terra, coleiro, dentre outros.

 

Do jeito que essas áreas rurais estão sendo destruídas e consumidas, as perspectivas são negras. Em termos de sobrevivência dessas espécies, não se vislumbram saídas e mais ainda se levarmos em consideração a forma que hoje se desenvolve a ocupação de novas glebas rurais, ocasionando: crescente poluição das águas, queimadas devastadoras, enormes barragens dentre outras iniciativas semelhantes. Para esse processo de destruição não se enxerga interrupção. Uma dura realidade, o homem, em nome do desenvolvimento ameaça todas as formas de vida na terra, inclusive a sua própria. Há notícias de várias fontes que se não houver uma conscientização urgente, em especial das grandes nações sobre o desperdício oriundo de um consumo exagerado que se praticam, os recursos naturais serão exauridos e a espécie humana não terá como sobreviver, estaremos perto do caos. À exceção da Amazônia onde há curiós em abundância, no Brasil foram dizimados. Muitos fatores, como dissemos, colaboraram para tanto, entre eles: a caça predatória, o tráfico, e principalmente a degradação ambiental. Eles sempre foram pássaros muito cobiçados, por causa de seu belo canto e de seus outros predicados: fácil adaptação aos ambientes domésticos, muita valentia, disposição para cantar, grandes diferenças individuais, capacidade de repetir e de aprender o melhor e mais bonito canto. Até a década de 70 existiam vastas populações em quase todo o território brasileiro e os exemplares mantidos pelos aficionados eram capturados na natureza e ninguém se importava com isso. Os melhores indivíduos sempre estiveram na posse de pessoas mais abastadas porque eram mais difíceis de encontrar e, portanto mais valiosos e muito complicado obter-se um bom pássaro.

 

Em Iporá temos dezenas de criadores e que desenvolvem a atividade de acordo com a legislação vigente. Órgãos ambientais cuidam da fiscalização para que a atividade se desenvolva bem e de acordo com as leis ambientais. A legislação, através da normatização do IBAMA, aos poucos vai e tem que ir se ajustando. Temos algumas dificuldades nesse campo porque estamos ainda com uma nova atividade se desenvolvendo muito de dez anos para cá. Infelizmente, alguns setores da mídia sensacionalista e pressões que ongueiros exercem têm ajudado a tumultuar a nossa comunicação com a sociedade e o relacionamento com o poder publico. A visão apenas ambientalista, ideológica, emocional ou policialesca da questão leva alguns a achar que exercemos atividades de depredação desconsiderando as evidências e a existência de inúmeros criadouros existentes pelo Brasil afora que se esmeram para obter filhotes de altíssima qualidade fruto de um trabalho minucioso de seleção e produção. Quer dizer é pura perda de tempo e de recursos pressionar os criadores de bicudos e de curiós, pois não há crime ambiental não há mais confronto com o espírito da lei, muito pelo contrário. Há de haver a visão empresarial e conseqüente geração de rendas, empregos, lazer, turismo que essas atividades do uso sustentado da biodiversidade e não é pouca coisa, são bilhões de reais e mais de 500.000 pessoas envolvidas. Em contraposição a idéia de chamar as aves que criamos de “silvestres” que é sinônimo de “selvagem” tem confundido muita gente que pensa que capturamos e manipulamos animais retirados da natureza. Prender passarinho na gaiola, capturados na natureza é coisa do passado, é ilegal, é crueldade e maus tratos, concordamos. Tem que ser combatido de forma veemente e com inteligência. O que não é o caso atual do Bicudo e do Curió doméstico em mãos dos criadores brasileiros. Estamos torcendo para que, de uma forma continuada, o tráfico seja banido, ou pelo menos diminuído no Brasil. Ele suja a nossa imagem e nos prejudica muito. O trabalho principal para ajudar no combate é o oferecimento à demanda de forma crescente de um indivíduo, criado em domesticidade, no lugar de um ilegal, capturado, de pouca qualidade e que pode ser aprendido e a pessoa que o detém pode ser multada pelas autoridades. Podemos e estamos, também, começando a atender a demanda de interessados do exterior auferindo divisas e diminuindo as pressões sobre o tráfico internacional. O curió brasileiro, criado doméstico, está sendo muito requisitado nos Estados Unidos e aqueles oriundos da natureza provenientes das Guianas e da Venezuela estão sendo dispensados porque de qualidade duvidosa e ilegal. Outra providência que queremos realizar principalmente com o bicudo, óbvio, com o cumprimento de todos os protocolos, é a reintrodução ou repovoamento em regiões escolhidas. O processo está iniciado e se desenvolvendo, já contatamos preliminarmente o IBAMA, prefeitos, ruralistas e Ongs das regiões abrangidas. No momento, estamos desenvolvendo um protótipo de abrigo para servir de modelo aos casais que irão ser eventualmente utilizados. A partir dessa experiência, se efetivamente adotada, poderíamos produzir um manual que serviria de base à adoção de futuras ações desse tipo. Na realidade o mais importante de tudo que fizemos e que falamos até agora é a socialização da manutenção de bicudo e curió. A produção de filhotes é tão intensa que os grandes criadores estão abarrotados de fêmeas jovens e que estão sendo vendidas a preço vil, embora de alta genética. Isso está fazendo com que haja uma enorme transferência na qualidade dos pássaros para as camadas menos favorecidas da população, gerando incremento na produção. Hoje podemos notar que o bicudo e curió de alta qualidade estão, também, em poder de pessoas da periferia e está se tornando cada vez menos oneroso possuir um exemplar através da aquisição de filhotes. Pode-se, agora visitar aficionados que moram por todos os bairros de muitas cidades e de vários estados federativos e observarem-se curiós de alta repetição e bicudos valentes cantadores e de bom canto. Até pouco tempo atrás era privilégio de alguns e impossível fazer-se essa constatação. Quem quiser e puder visitar um torneio de canto dessas aves poderá sentir esse fato.

 

Em Iporá, no dia 24 de setembro próximo, terá uma etapa de um campeonato de canto de pássaros. Será uma oportunidade para que as pessoas visitem o evento e saibam mais sobre o assunto. E principalmente: ocasião de apreciar o canto dos pássaros.

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