
Achar que a questão hídrica e do abastecimento de Iporá e/ou de qualquer cidade será resolvido apenas com medidas para buscar água em um novo (outro) manancial é um grande equívoco. Igualmente furar poços, rasos e/ou profundos, também não será solução definitiva, pelo contrário é um outro erro.
A demanda por água cresce e a destruição do Cerrado aumenta – a conta não fecha. Se querem resolver o problema é preciso investimento de longo prazo para melhorar as condições ambientais da Bacia do Santo Antônio, do Santa Marta e do Rio Claro. A resposta da natureza não é imediata e o resultado não será conquista como “obra” de uma gestão.
A solução é “simples” – mas é preciso tempo e coragem para investir e propor mudanças. A Primeira mudança é reunir os “produtores e usuários” de água na Bacia do Santo Antônio para que saibam que existe o risco não apenas de faltar água para a população urbana, mas para eles também.
A SANEAGO pelos vídeos postados em redes sociais está captando quase toda a água do Ribeirão Santa Marta – e a vazão mínima exigida por lei?!
Qual a responsabilidade da empresa SANEAGO para com a produção de “água bruta”? Nenhuma? O novo contrato entre a prefeitura e SANEAGO foi assinado recentemente – na gestão 2021/2024 do Prefeito Naçoitan Leite. Esse contrato é posterior ao novo Marco Regulatório de Saneamento – Lei 14026/2020. O que de fato foi colocado nas cláusulas desse contrato entre a Prefeitura de Iporá e a SANEAGO? Ficou igual ao contrato anterior?
Qual a perspectiva de investimento na recuperação do manancial: construção de “barraginhas” nas propriedades rurais; reflorestamento de margens e nascentes de todos os afluentes do Santos Antônio; construção de curvas de nível e controle da erosão superficial e/ou em maiores escalas. Qual o planejamento? Qual o recurso disponível para fazer isso?
O que temos hoje é o investimento privado via Instituto Espinhaço, ele precisará de mais apoio – não basta a fiscalização dos servidores da prefeitura. A prefeitura precisa captar recursos para o investimento na Bacia para além do que o Instituto Espinhaço investirá.
Para terminar, não existe milagre, é preciso vontade política e ação para garantir que as gerações futuras tenham água. E olha que temos que pensar em outros fatores, como as mudanças climáticas que podem alterar o regime de chuvas para pior.
Texto de Viviane de Leão Duarte Specian – professora e vereadora
