Em mais uma temporada de campanha eleitoral o vale tudo do argumento em busca do voto está se evidenciando. Já se percebe que os candidatos abusam da pouca informação do eleitorado e dizem ser possível aquilo que, na verdade, não é. É uma pena! Lá vem mais frustrações. Parece que lições do passado não foram aprendidas.
Não temos visto os candidatos se debruçar sobre os números do orçamento financeiro do seu município. Nem se fala disso. Eles falam do que vão fazer. E farão tudo! Não há limites para frear as promessas. Os candidatos ficam afoitos a imaginar a realização de tudo e com isso seduzir o eleitor e ganhar o voto.
Ora, o que se devia era falar de prioridades, já que o tudo é impossível. Estamos em um Brasil onde o atual pacto federativo não privilegia os municípios. A maioria dos recursos públicos são da União e parte menor com os estados. Aos municípios ficam diminutas receitas, uma parte ainda menor do que a dos estados.
Isto precisa ser encarado de frente. No entanto, os candidatos preferem imaginar que haverá recurso público para tudo e daí, prometem o que achar que emplaca na oponião pública. Ouve-se falar em asfaltar todos os bairros onde a poeira impera. Isso será possível? Claro que não.
Se pelo menos o compromisso do candidato não fosse tão taxativo, optando por dizer que empreenderia esforços em asfaltar o maior número possível de ruas. Mas, ao invés disso, dizem: vou asfaltar todos os bairros que não tenham asfalto. No fundo, sabem os candidatos que isto é impossível.
Nem mesmo com recursos advindos de fora, do Estado ou da União, isto seria possível, até porque ao município cabe também participação (contrapartidas) de que não disporá tanto. E além disso, Estado e União também estão em precárias situações financeiras. Impossível contar com tanto apoio externo.
E não se trata só de asfalto ou urbanismo de forma geral. Uma cidade carece de boa saúde, de melhor educação, mais vagas em creches, enfim, tem muito que ser feito, em todos segmentos em qualquer cidade. E será que cabe prometer tanto em todos os segmentos da lida pública? Será possível? Só quem for insensato vai achar que sim e que uma varinha mágica vai operar…
Teremos campanhas inteligentes quando se discutir orçamento. Quando se disser da receita mensal da Prefeitura e o que poderá ser feito e da forma como se poderia deixar de desperdiçar recursos. Poderia se disser também de uma estrategia de aumentar receita. Se assim fosse, teríamos uma campanha inteligente e que até educaria o eleitorado, fazendo gestor e eleitor pensarem juntos.
Mas parece que os marqueteiros de plantão disseram aos candidatos que precisam prometer e que prometam tudo mesmo, ao ponto de deixar o eleitor a fantasiar sobre uma nova realidade messiânica, um tempo novo, com um salvador de plantão. Em uma sociedade que ainda peca por falta de informação, muitos vão acreditar no prometido, votar e se frustrar novamente. A vida segue…
