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Enfim, o Ceconj: resgate de uma cultura

“Das muitas coisas do meu tempo de criança, guardo hoje na lembrança o aconchego do meu lar…” introduzi a esse texto com esta frase do Padre Zezinho porque ela traduz, creio eu, não somente as minhas recordações de minha vida de criança na cidade de Amorinópolis, bem como, a de várias crianças no Brasil. No almoço de domingo, enquanto fazia os quitutes, minha mãe cantarolava: “AQUELA COLCHA DE RETALHOS QUE TU FIZESTES” afinada, posso crer, que vem daí a minha vontade de cantar. Sou de uma família de seis irmãos, e é comum dizer que naquela época, dividia-se muito o pouco que se tinha. Um pão bengala, dividido em oito fatias, entre os pais e nós irmãos; um frango caipira no almoço de domingo, sobrando apenas as asas e os pés para requentar na janta, misturando aquele caldinho pra dar um sabor de mãe. Esse foi o primeiro conceito de cultura que eu tive, a distribuição mesmo do que é pouco.

 

Mas não é só disso que eu quero falar. Por muitas vezes sentei-me de frente a este computador para, a pedido do Valdeci Marques, falar sobre cultura, e sempre disse a ele e depois escrevi que o tema CULTURA, é muito abrangente e eu que apenas militei e milito na música, e fiz alguns trabalhos em artesanato de madeira, sei que iria ficar devendo quando colocadas as idéias no papel. Sei que por muitas vezes fui agressivo e rebelde em minhas palavras, mas sou do tempo em que Iporá, haviam várias casas de shows, festivais e festas culturais sem conta, embora hoje na corrente evangélica, sei que estas exposições fazem muita falta para a cidade, porque nem só de obras políticas e votos vive o homem. Denunciei o assassinato dos festivais, porque via ali a oportunidade que vários artistas em início de carreira, tinham nos palcos a oportunidade de se revelar e mostrar, mesmo que apenas para suas famílias, o que cantava e dançava, não somente em frente ao espelho de seus quartos.

 

A morte da Festa da Vila Itajubá, onde os artistas se envolviam de tal forma a se misturarem com os moradores do bairro em uma verdadeira festa de integração cultural, sem essa de tun-tis-tun e música nojenta aos ouvidos, ditas as “SERTANEJAS UNIVERSITÁRIAS”, um movimento contraproducente, já que de sertanejas as letras nadas tem, e estão mais para MOTEIS UNIVERSITÁRIOS, uma vez que sertanejo, rapaz de respeito ainda pede a moça em namoro e oferece doce no casamento. Mas voltando a partilha, quero aqui dizer que em meio ao lixo tem o luxo, e em meio a desesperança, brotou o CECONJ, no Colégio Elias, onde se aprende música, teatro, cultura local, e vários outros cursos são ali administrados. Com mestres e professores altamente capacitados, entregues de corpo e alma a uma causa justa, o resgate da cultura regional e iporaense, um oásis no deserto, onde os futuros menestréis de nossa terra bebem da água da vida cultural, e de onde, com certeza, irão fluir os detentores de uma nova onda cultura, e tomara não seja UNIVERSITÁRIA.

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