JUSTIFICATIVA
Nos últimos anos o Ribeirão Lages, na divisa do Município de Iporá com o de Israelândia, vem, cada vez mais, tendo o seu volume de água reduzido no período da estiagem – tradicionalmente conhecido como “tempo da seca”. Realidade que venho acompanhado atenciosamente nos últimos dez anos (como sócio de uma pequena chácara na sua margem direita), e até alertado, em comentários no jornal OESTE GOIANO, em abordagens sobre as consequências das agressões ao meio ambiente e a necessidade proteger Áreas de Preservação Permanente, Reservas Legais e de ações preventivas, como a construção de terraços (curvas de nível); providências essas que evitariam o assoreamento dos mananciais e o esgotamento dos Lençóis freáticos, responsáveis pela alimentação dos cursos d’água no período da estiagem. A situação mais crítica do Ribeirão Lajes, geralmente, ocorria no final de outubro e início de novembro, mas a água ainda era suficiente para atender à demanda da população ribeirinha. Mas neste ano de 2016, chegou ao extremo de secar completamente no mês de setembro. Sim, literalmente, secar, causando muita angústia e transtornos aos moradores que, no dia-a-dia, dependem dele em suas propriedades, sobretudo para matar a sede de seus animais.
Mesmo que 2015 tenha sido um ano atípico, com precipitação pluviométrica (chuva) anormal, o que contribuiu para este quadro dramático, que vem assolando todo o Estado, no entanto, a situação do Ribeirão Lajes serve de alerta para que ações urgentes sejam realizadas a fim de salvá-lo da condição de se tornar um manancial temporário ou intermitente, deixando de ser perene, como sempre foi. Portanto, é chegada a hora de todos os proprietários ribeirinhos de suas margens e da sua bacia hidrográfica se conscientizarem e se unirem a fim de que sejam planejadas e efetivadas ações orientadas técnica e legalmente, para que seja revertida a triste realidade presente, fazendo com que o ribeirão volte a ser o que foi até por volta da década de 1980, quando em plena “estação da seca”, podia-se ouvir de longe o som convidativo de suas abundantes águas cantarolando nas cachoeiras.
A partir dessa premente necessidade, é que propomos a criação da SOCIEDADE DOS AMIGOS DO RIBEIRÃO LAJES (SARIL), como uma organização de natureza não governamental, de caráter ambientalista, constituída, prioritariamente, por todos os proprietários de terras das margens e da sua bacia hidrográfica, e por simpatizantes desta causa. Pois o seu fluxo hídrico permanente depende da perenidade dos seus tributários, por menores que sejam. Logo, é indispensável que todos os proprietários – pequenos, médios e grandes – se engajem empenhadamente, dentro das possibilidades de cada um, para que as ações conjuntas abranjam toda a bacia do ribeirão, e não apenas os ribeirinhos. Se todos unirem seus esforços e agirem efetivamente, em um prazo médio de dez anos, com certeza, a situação terá sido revertida de forma considerável e, nas décadas seguintes, se normalizará, voltando a ser o que era antes. Do contrário, teremos que conviver com a dura e sofrida realidade nordestina: este é o sentimento que tem angustiado a minha alma ultimamente. E creio ser o mesmo de todos os que dependem do Ribeirão Lajes e são seus amigos e defensores. Essa, portanto, é a justificativa apresentada, neste anteprojeto, em prol da criação da SOCIEDADE DOS AMIGOS DO RIBEIRÃO LAJES, da qual quero fazer parte, como um de seus idealizadores e cooperadores, abstendo-me, sinceramente, de qualquer pretensão de fazer parte do seu quadro de gestores.
OBJETIVO GERAL:
Promover a união de esforços de todos os proprietários de terras das margens do Ribeirão Lajes, da área que compõe a sua bacia hidrográfica e de simpatizantes, no sentido de promover e implementar medidas e ações efetivas que venham salvá-lo da dramática situação de se tornar um manancial temporário ou intermitente, deixando de ser perene, como sempre foi: um curso d’água abundante e perene.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
As propostas da SARIL estão focadas num conjunto de medidas que abrangem três áreas específicas de ações:
Prevenir no sentido de cessar as agressões ao meio ambiente, responsáveis pela atual situação hídrica crítica do Ribeirão Lajes e dos seus tributários.
Promover ações remediadoras para que o Ribeirão Lajes e os tributários que formam sua bacia recuperem a perenidade normal, por meio da construção de terraços ou fazer terraceamento (curvas de nível) nas pastagens e lavouras; reflorestamento das áreas ciliares desmatadas; cercamento dos entornos das nascentes, para evitar sua compactação pelo pisoteamento do gado, e seu plantio com espécies favoráveis ao renascimento dos “olhos d’água” (com plantas que não são hidrófilas).
Implementar uma vigilância permanente e rigorosa, no sentido de identificar qualquer atividade que represente agressão ao meio ambiente, ao ribeirão e seus afluentes, advertindo e orientando o agressor e, se necessário, denunciando aos órgãos oficiais, responsáveis pela fiscalização ambiental e as sanções legais cabíveis.
Ações essas que, uma vez efetivadas corretamente, recuperarão o volume dos lençóis freáticos, possibilitando a realização do objetivo e razão de ser da SARIL. Um exemplo plausível de que essas providências produzem os resultados previstos é o Córrego do Macaco. Há dez dias, quando vinha do Distrito de São Sebastião do Rio Claro e comtemplava, desolado, todos os córregos secos ou quase secos, que antes, nesta época, sempre corriam perenemente, inclusive o Rio Claro e o Ribeirão Santa Marta, com pouquíssima água, ao passar pelo Córrego do Macaco, quase na sua barra com o Ribeirão Lajes (seco acima dele), fiquei surpreso: corria normalmente com bastante água límpida! A razão dessa diferença está no cuidado que os proprietários de suas margens e nascentes têm tido em praticar o que acabamos de propor: as curvas nível feitas nas pastagens e lavouras. Quem passa pela GO 060, na altura do aeroporto, em direção a Goiânia, pode constatar o que afirmamos: lá estão elas bem salientes, cumprindo o papel de abastecer o lençol freático local e impedindo que a água da chuva vire enchente que vai parar no mar.
CONCLUSÃO
O que acabamos de apresentar não é sonho ou ilusão de ecologistas: é solução para reverter o que foi perdido com os malefícios do progresso desordenado e prevenção para se evitar os erros do passado. Neste momento em que até a ONU está conjugando esforços entre as nações para amenizar os efeitos do Aquecimento Global, resultante de séculos de agressões ambientais, cabe a nós, onde vivemos, reunir esforços para salvarmos e restaurarmos o que resta do nosso habitat, para que não venhamos a desaparecer juntamente com a flora e fauna, desta Terra que o Criador nos entregou para cuidar e desfrutar dela, vítimas da extinção que nós mesmos promovemos. Quem estaria disposto a encampar essa ideia, contactando e conversando com os interessados, elaborando um Estatuto Regimental e implantando o projeto, efetivamente?