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Isaac de Matos Ponciano [Professor Doutor na Universidade Estadual de Goiás – Unidade Palmeiras de Goiás]
Osmar de Paula Oliveira Júnior [Professor na Faculdade de Jussara; Doutor em Agronegócio pela UFG]
Camila Regina da Silva Santos [Professora na Faculdade de Jussara; Doutoranda em Ciências Agrárias – IF Rio Verde]
O mundo enfrenta um desafio monumental: alimentar 8 bilhões de pessoas. Ao longo dos séculos, a sobrevivência e a qualidade de vida estiveram diretamente ligadas à capacidade dos países de produzir alimentos. Nesse cenário, a agricultura tem passado por constantes melhorias em sua cadeia produtiva para atender à crescente demanda por alimentos. Tais melhorias visam aumentar a produção mantendo ou reduzindo a área plantada, ao mesmo tempo em que garantem a preservação do meio ambiente. Esse crescimento produtivo aliado à proteção ambiental é comumente conhecido como desenvolvimento agrícola sustentável.
Nos últimos 10 anos, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de soja em Goiás saltou de 8,9 milhões de toneladas (safra 2013/14) para impressionantes 17,7 milhões de toneladas (safra 2022/23), representando um crescimento de 97%. A produtividade no mesmo período aumentou de 2,9 mil kg/ha para 3,9 mil kg/ha, um aumento de 34%. Parte desse aumento na produção de alimentos é atribuída ao uso de máquinas agrícolas que permitem o preparo do solo, a aplicação de defensivos agrícolas, a semeadura e a colheita de forma rápida e eficiente.
A mecanização agrícola desempenha um papel crucial na busca por eficiência e produtividade nas fazendas. Assim como em todas as áreas do conhecimento, a mecanização agrícola passa por constantes modernizações que a tornam mais eficiente para atender às necessidades específicas do solo e das plantas. Portanto, é essencial manter-se atualizado sobre novas técnicas e tecnologias disponíveis no mercado.
Tecnologia embarcada nos tratores e implementos
As máquinas utilizadas para o plantio e a fertilização de culturas anuais já se beneficiam de tecnologias como Aplicação de Taxa Variável (VRA), controle automático de seção e monitoramento de desempenho. Sensores eletrônicos realizam leituras instantâneas e ajustam a taxa de aplicação de defensivos agrícolas ou a densidade de plantio conforme as condições específicas do solo.
Mapas pré-produzidos e georreferenciados do solo e da área plantada podem ser incorporados a dispositivos eletrônicos. As informações obtidas dos sensores auxiliam na taxa de aplicação de defensivos agrícolas. No entanto, mesmo com essas tecnologias avançadas, a presença do operador e a manutenção adequada das máquinas continuam sendo essenciais.
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O que nos espera?
Comumente associamos tecnologia de ponta coma grandes máquinas. Isso nem sempre é verdade. Iniciativas inovadoras com inteligência artificial já permitem a redução do tamanho das máquinas e até mesmo a operação autônoma de equipamentos, aumentando a eficiência, reduzindo os custos por hectare e minimizando o tráfego de máquinas pesadas nas áreas agrícolas. Um exemplo recente é o conceito de Enxame Móvel de Robôs Agrícolas (EMRA), que visa realizar operações específicas como aplicação de defensivos, fertilizantes e até colheita de frutas. Estudos destacam que, em comparação com um trator de 270 kW, os custos de 10 tratores de 24 kW são significativamente menores nesse conceito de EMRA.
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Empresas como a gigante canadense Agtech já estão desenvolvendo experimentalmente “enxames de robôs agrícolas” acoplados à inteligência artificial, visando retirar as máquinas pesadas da agricultura para minorar os impactos na compactação do solo e aumentar a eficiência no campo.
No entanto, é importante ressaltar que as novas tecnologias precisam passar por testes e adaptações antes de serem fabricadas em larga escala. Nesse contexto, é crucial que os agricultores de médio e grande porte acompanhem não apenas a consolidação tecnológica das máquinas, mas também a evolução do investimento inicial para adquiri-las.
Por fim, nota-se que se avisa no horizonte tecnológico das máquinas agrícolas um novo horizonte em que as grandes máquinas serão gradativamente substituídas por pequenas e que os operadores serão parcialmente substituídos pela inteligência artificial. O nível tecnológico embarcado nas máquinas permitirá a econômica de defensivos pela aplicação cirúrgica deste nos locais onde são necessários. Os custos diminuirão no longo prazo e a produtividade por unidade de área aumentará. Boa parte devido ao desenvolvimento tecnológico das máquinas e implementos agrícolas.