A Universidade Estadual de Goiás (UEG) é uma instituição de ensino superior pública, gratuita e de qualidade. Tempos atrás, a UEG passava por uma crise muito profunda, que foi gradativamente superada ao longo dos últimos quatro anos. Quando me perguntam como está a nossa UEG, eu costumo responder: “saímos do atoleiro, estamos pegando velocidade e fazendo um pouco de poeira”.
Com essas três frases do versinho, eu procuro resumir a trajetória recente de consolidação da UEG. Efetivamente, a UEG hoje não está mais em crise. Ganhamos muito em qualidade. Há ainda muitos desafios, mas os passos dados rumo à excelência são claramente visíveis. Quero indicar aqui alguns desses passos.
Toda universidade precisa de cursos de mestrado e doutorado, além de bons cursos de graduação. Quando assumi a reitoria, em 2012, a UEG tinha dois mestrados. Hoje temos 10 mestrados e neste ano lançamos o primeiro programa doutorado. Enquanto isso, aguardamos a resposta de mais duas propostas de doutorado e mais dois mestrados. Além disso, criamos em todo o Estado de Goiás um grande número de cursos de especialização – a chamada pós-graduação lato sensu. São 52 cursos em todas as áreas, todos gratuitos e com mais de 2 mil alunos. Em Iporá funcionam 2 cursos de especialização.
Como a UEG está presente em 39 municípios, há também uma grande quantidade de cursos de graduação. São 138 ao todo. Destes, cinco são oferecidos no Câmpus Iporá, que nasceu da antiga Feclip – Faculdade de Ciências e Letras de Iporá: uma faculdade estadual isolada que foi incorporada à UEG em 1999. A presença da UEG em todas as regiões do Estado é expressão de uma política pública do governo estadual, no sentido de democratizar o acesso ao ensino superior em tantos lugares do interior de Goiás. Em pouco tempo a UEG completará a entrega de 100 mil diplomas. São 100 mil vidas que tiveram o sonho de ter um curso superior transformado em realidade! E isso constitui uma efetiva transformação em favor do desenvolvimento das regiões do interior de Goiás. Com os cinco cursos da UEG Iporá (Biologia, História, Matemática, Letras e Geografia) foram formados centenas de professores e professoras para as diversas escolas em todo o Oeste Goiano.
A formação de professores no Brasil passa por situações de crise que vão além da universidade. Há problemas como a baixa remuneração dos professores, a falta de reconhecimento, as condições insalubres de trabalho. A UEG é no Brasil uma das universidades que mais oferecem cursos de licenciatura. Somam-se 78 cursos. Procuramos enfrentar as crises com soluções que focam especialmente os alunos. Primeiro, organizamos um vigoroso programa próprio de bolsas. Isso significa que, além dos estudos gratuitos, os alunos podem concorrer a bolsas de estudo, entre as quais a mais numerosa é a bolsa permanência, destinada a alunos de baixa renda. São quase 1.500 bolsas oferecidas a partir do orçamento próprio da UEG, além de mais 700 bolsas do governo federal, como as do Pibid – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. Com isso procuramos oferecer condições para que os estudantes que ingressam na UEG possam ter melhores condições para concluir o seu curso. Essa preocupação é séria, considerando que no Brasil de 100 alunos que ingressam no ensino superior, um pouco menos de 50% consegue chegar até a formatura, com a colação de grau, que hoje também é gratuita na UEG. Na UEG de Iporá em 2016 há 44 alunos bolsistas.
Nos últimos anos realizamos outra ação que pessoalmente julgo ser a mais importante para a UEG: reestruturamos o currículo dos cursos de graduação. Passamos todos os cursos para o sistema semestral e por crédito. Com isso a matriz curricular ficou mais flexível para os alunos, que agora têm a possibilidade de estruturar melhor as disciplinas que querem cursar no semestre. Introduzimos também o chamado Núcleo Livre, composto por créditos que o aluno pode cumprir do jeito que quiser, escolhendo conteúdos dentro ou fora da UEG. Inserimos também disciplinas na modalidade a distância, permitindo, assim, que os alunos possam cursá-las em horários de sua conveniência.
Em todo esse processo ficamos muito atentos à realidade dos alunos. Mais de 70% deles são trabalhadores. Foi olhando para essa realidade que propusemos que o novo currículo não contemplasse mais aulas presenciais aos sábados com objetivo de que os alunos que trabalham aos sábados não fossem prejudicados e/ou desistissem do curso. Com essa medida, tivemos um resultado fantástico: diminuiu muito a evasão escolar. Na verdade, com essa e outras medidas, conseguimos aumentar em mais de 2 mil o número de alunos na graduação da UEG. É com foco na realidade dos alunos – para quem a UEG existe – que procuramos encaminhar nossas ações.
Nesse sentido, recentemente tomamos uma decisão no Conselho Universitário, que é o órgão máximo da UEG, composto por 73 pessoas. Incluímos uma cláusula de barreira no Vestibular. Aprovamos que deveria haver pelo menos 1,2 candidato por cada vaga na UEG. Pode até parecer contraditório: como uma universidade inclusiva coloca uma cláusula de barreira? Houve críticas e algumas resistências. Mas o resultado foi muito bom! Houve um engajamento das pessoas ligadas aos cursos como eu nunca tinha visto desde que ingressei na UEG.
No Vestibular deste ano, tivemos mais de 5 mil inscrições a mais do que em 2015. No caso da UEG de Iporá, que vinha sofrendo com baixa demanda em todos os cursos, houve uma recuperação muito legal. O número de candidatos praticamente duplicou! Os coordenadores dos cursos da UEG Iporá, os professores e os alunos se envolveram na divulgação dos cursos. Visitaram escolas, concederam entrevistas, fizeram divulgação no Facebook etc. Estão de parabéns! A UEG quer avançar cada vez para oferecer ensino superior de qualidade. E para isso todos precisam se envolver, pois a Universidade é pública; é do povo goiano.
A UEG é uma universidade de inclusão social, em que mais de 80% dos alunos da UEG vêm da escola pública, sendo a ampla maioria de família de baixa renda. Ao oferecer possibilidades de acesso ao ensino superior público, gratuito e de qualidade em todo o interior de Goiás, realiza-se uma transformação muito grande, que nem sempre é percebida: pessoas são empoderadas para fazer uma travessia social em direção a uma situação de vida que talvez os pais e avós não tiveram!
Há ainda muito a se fazer na UEG. Sou o primeiro a reconhecer isso. Mas devemos sempre nos lembrar que uma universidade se constrói no tempo! Recentemente foi possível obter junto ao governador a chamada de mais 118 professores efetivos para a UEG. Infelizmente, vários que estavam previstos para Iporá não tomaram posse do cargo, deixando lacunas. Tenho orgulho de ter lutado com envolvimento pessoal por mais essa conquista, que nem sempre é reconhecida. No caso do Câmpus Iporá da UEG há ainda ações a serem realizadas. Com apoio de emendas parlamentares federais, em especial do deputado João Campos, em breve começaremos a construção de um auditório e estamos em busca de verbas para a construção de uma biblioteca nova. A licitação para a compra dos aparelhos de ar condicionada está sendo concluída e em breve faremos a instalação. Assim vamos qualificando os cursos que hoje existem no Câmpus Iporá da UEG. Mas ficamos também atentos a outras demandas.
Por ora, quero deixar mais uma vez os parabéns aos coordenadores de curso, aos professores e aos alunos que assumiram a causa da universidade pública e gratuita e que se engajaram para a divulgação dos cursos hoje existentes, promovendo uma significativa reviravolta na situação do câmpus. Com ações propositivas vamos avançando na qualidade do serviço público!